& Moira Bianchi: junho 2016

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Preconceito, orgulho e CAFÉ - Capítulo 3

olá,
Feliz segundona!
Eu sei, segunda é sempre um sofrimento... Mas olha só: é justo em uma segunda-feira que o que tem que dar certo, dá para Mau e Toni no terceiro capítulo de 



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Charme, café, flerte... ah, que delícia para essa segundona gelada!
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Preconceito, Orgulho & CAFÉ
favim

Livremente inspirado em O&P, fluff, comédia romântica, 18+
Capítulo 3 na íntegra


Havia sido mais uma tarde cansativa em uma audiência estressante com juiz iniciante que provavelmente estava na comarca da capital por ter pai desembargador, ou Ministro da Justiça, ou costas quentes de outra natureza qualquer, pensou desdenhando. Mais um pouco Maurício poderia ter ensinado ao rapazinho como interpretar a lei e sugerir o veredito. Havia feito algo similar, apesar das reclamações da advogada da outra parte que até era esforçada mas sem pulso, coitada da moça. Ainda assim foi estressante e com certeza teria recurso, o que não era de todo mal já que manteria a causa no escritório e o cliente era ótimo. Nesses tempos de escritório novo quando o custo da obra ainda pesava no orçamento dos três sócios, manter bons clientes era primordial.

A tarde de verão quente e estressante pedia uma cerveja, mas ainda eram três e meia de Quinta-feira. Um café então, um pingado para desespero do barista. Era o café que seu pai tomava, também ele homem de estômago fraco, mas agora o pingado trazia o gostinho picante de esfuziantes olhos castanhos claros e a frustração desconsolada do barista.

Na portaria de seu prédio comercial novo e imponente preferiu a grandiosa escada de ferro fundido e subiu mantendo a coluna ereta, carregando o corpo esguio talvez magro demais; vinha faltando aos treinos de remo por causa do trabalho, comendo mal por causa do estômago ruim. Nas férias da irmã iria para Minas por pelo menos quinze dias, pensou chegando ao Café do Pátio com a luz da tarde vindo do teto de vidro filtrada pelas árvores plantadas em enormes vasos, sua tia iria lhe entupir de comida caseira e ele ganharia de volta os quilinhos que faziam falta.

No balcão pediu o pingado, um pão de queijo e olhou em volta indicando a mesa do canto, mas viu feliz que a gata de olhos âmbar estava rindo com a dona do café e o barista esnobe.

Gostaria de sentar com ela, Toni, mas se encaminhou para a mesa do canto como de costume. Foi por sorte que seus acompanhantes levantaram e cumprimentaram Maurício, já um cliente contumaz, chamando a atenção da gata que sorriu. Parou para retribuir o cumprimento rapidamente e como seu pedido chegou, ela recolheu seus papéis fazendo-o prender os lábios em um sorriso. ‘Obrigado.’

‘Pingado, né?’

‘Isso.’ Ele sorriu. ‘Do seu jeito, adotei para sentir primeiro o impacto da cafeína. Acho que meu estômago fica ainda mais indignado porque espera o ataque que não vem, mas mesmo assim, passei a tomar do seu jeito.’

Ela balançou a cabeça prendendo os lábios brilhosos em um sorriso. ‘Café é uma arte e tal, já ouviu?’

Ele balançou a cabeça olhando para ela, a xícara perto do nariz.

‘Tudo balela.’ Franziu o nariz e sacudiu a cabeça. ‘Café é vicio, é sangue correndo nas veias, é... Rotina daquela que faz bem, reconfortante, sabe? Quem não tem coragem de assumir pede uma baboseira como macchiatto, mocha, besteirol. Ou descafeinado.’ Explicou com paixão. ‘Como um fumante finge que se contém com cigarro eletrônico. Mas quando se reconhece o vício, bebe-se shot. Espresso curto, quente, cremoso.’

Ele piscou mesmerizado. ‘Seu caso?’

‘Sim. Forte, preto, sem açúcar.’ Fechou os olhos bem maquiados como se sentisse o perfume do café que descrevia. ‘Se estiver de muito bom humor ou muito mau humor aceito um aromatizado. Amêndoa ou cacau.’ Ela piscou o observando e pela primeira vez considerou que ele tinha cara de fígado acebolado com batata frita. Muita cebola - talvez para disfarçar o gosto. ‘Almoçou hoje ou não deu tempo?’

‘Rapidamente antes de ir ao Fórum.’ Respondeu achando graça da pergunta e provou da mistura de café, espuma de leite e açúcar. Ainda precisava do segundo saquinho de açúcar.

‘Pão de queijo... Um só.’ Apertou os expressivos olhos e balançou a cabeça devagar o analisando. ‘Pingado.’ Prendeu os lábios por um momento. ‘Minas?’

Ele levantou as sobrancelhas.

‘Mineiros são tradicionalistas...’ Ponderou em voz alta. ‘Gosta do passado devagarinho no coador de pano, bem preto, mas longo... Caneca, xícara é pouco. Acertei?’ Apontou o dedo indicador bem manicurado.

‘Na mosca!’

Sorriu satisfeita, convencida.

Linda, gata de lábios brilhantes em rosa avermelhado da cor das unhas.

‘Gosto, mas fui estragada por cursos de barista e aí viciei na exuberância da pressão.’ Deu de ombros e ele acompanhou o movimento da pele que o vestido navy de corpo acinturado e saia listrada de branco deixava aparecer.

‘Luís Maurício Noronha.’

‘Maria Antonia Marisguia.’ Sorriu.

‘Prazer!’ Ele ofereceu a mão para ela apertar achando o apelido (que ela não mencionou e que portanto ele não usaria porque tinha ouvido dos empregados do café) divertido.

‘Encantada!’ Respondeu gaiata debochando dos modos antiquados.

O telefone tocou e ela suspirou.

‘Problemas?’ Ele perguntou entre bicadas no café quente.

‘Talvez, é minha chefe.’ Ela apontou para o aparelho, mas não atendeu. Ele levantou as sobrancelhas abocanhando metade do grande pão de queijo. ‘Vai reclamar que não estou na minha sala e dando muita atenção a cliente. Se não dou o suficiente, ela reclama também. Vai entender...’ Deu de ombros novamente.

‘Vai ter que voltar correndo?’ Perguntou quando engoliu. ‘É longe?’

‘Assembleia, 11.’

Ele balançou a cabeça. Torre de escritórios tradicional em frente ao Fórum, edifício renomado no padrão do Nether Field onde estavam.

‘Tenho que voltar, mas vou devagar. Saltos.’ Indicou os pés dentro de sapatos alinhados de salto fino altíssimo e apoiou o peso nos braços cruzados sobre a mesa.

‘Precisa de escolta?’

‘Acabou de vir do Fórum!’ Ela riu. ‘Parece que sempre tem um herói de plantão aqui nesse prédio.’

‘Está falando do cara que te salvou durante a obra?’

Arregalou os olhos cor de mel e inclinou o rosto para o lado.

‘Seu herói é meu sócio.’ Ele disse engolindo a segunda metade do pão de queijo.

 ‘Não precisava de ajuda, na verdade ele me ajudou a torcer o tornozelo.’ Ela corou e prendeu os lábios.

Maurício segurou o riso e o sorriso. ‘Ele adorou a baboseira de café que lhe serviu semana passada.’

‘Que alívio!’ Ela debochou e ele finalmente riu. ‘Não conta do que te falei ainda agora!’

‘Da baboseira de café ou do tornozelo?’ Ele sacudiu a cabeça negativamente tentando manter o rosto sóbrio. ‘Se fosse minha cliente, não poderia expor seus esquemas por confidencialidade.’

‘Advogado, certo?’

‘Fórum.’ Ele levantou as sobrancelhas.

‘Poderia ser perito de qualquer natureza.’ Ela argumentou levantando uma sobrancelha desenhada. ‘Tabelião. Réu.’

‘Verdade.’ Se deu por vencido. ‘Advogado.’ Tirou a carteira do bolso e lhe estendeu um cartão de visitas.

Ela se inclinou para trás recostando as costas na cadeira. ‘Também.’ Disse distraída em analisar o cartão dele.

‘Verdade?’

Reciprocou o cartão de visitas tirando da carteira de grife caríssima ao lado de seu telefone. ‘Nunca advoguei. Dei minha carteira da Ordem para meu pai de presente, com laço e tudo.’ Ele riu. ‘Mas não preciso de confidencialidade por que não é um esquema.’ Colocou o cartão antiquado entre os cartões de crédito e fechou o zíper vermelho da carteira. ‘Não quero confundir ou enganar seu sócio. Só acho que ele faz muito esforço de graça.’

‘Nenhum apelo para você?’ Ele perguntou a olhando de lado.

Sacudiu a cabeça com pena e novamente se apoiou nos braços sobre a mesa.

‘Melhor não falar mesmo. Rejeição de uma mulher bonita assim é emasculante.’

Ela riu com gosto e o telefone tocou de novo. ‘Lá vou eu...’ Suspirou e juntou seus papeis colocando a carteira por cima.

‘Não, espera.’ Ele levantou a mão e chamou a garçonete. Quando a moça chegou perto, reclamou do café e pediu um formulário para fazê-lo por escrito. A moça tirou do bolso do avental decorado, ele escreveu meia dúzia de palavras com a arrogante caneta tinteiro importada mal rabiscando três linhas da reclamação. A moça pegou e afastou-se. ‘Pronto! Agora tem que ficar para atender a outro cliente.’

Ela grunhiu e ele riu baixinho. ‘Agora terei uma burocracia danada para resolver. Aqui.’ Estendeu um formulário. ‘Vai começando para me poupar tempo.’

Correu os olhos pelo formulário, frente e verso. ‘Tudo isso?’

Deu de ombros. ‘Chefe chata mesmo! Adora burocracia, é cria dos anos de ferro. Sabe? Ainda vê a necessidade de auxiliar para o vice-carimbador.’ Suspirou com tristeza. ‘Somos praticamente uma repartição pública!’

Ele riu encantado.

O telefone dela tremeu e apareceu a foto de um livro. Quase pornográfica, a foto mostrava um dorso de homem nu com braços femininos entrelaçando por trás e mergulhando no cós rebaixado da calça jeans. ‘Minha companhia para o final de semana.’ Ela comentou quando viu que os olhos dele também tinham ido para o telefone dela.

‘O homem da foto?’

‘Seria bom...’ Antonia disse com pena de si mesma. ‘O livro!’ Corou vendo a expressão no rosto dele. ‘A previsão diz que teremos tempo fechado, então nada de praia. Shopping com minhas irmãs, sítio da família ou minha casa. Ganhei uma luminária de piso bacana e uma poltrona de couro, na verdade era do meu avô e minha irmã mandou forrar. Um livro pareceu ótima opção e pedi indicação a uma amiga do mercado editorial.’

‘É, parece.’

Sorriso apertado, incerto, inseguro.

Reciprocado.

‘Você?’

‘Bicicleta na Lagoa depois do remo.’ Manteve o sorriso apertado e fraco.

‘Mesmo com tempo ruim?’

Deu de ombros. ‘Gosto, moro perto.’

‘Ar livre é sempre bom.’ Ela balançou a cabeça, o cabelo dançando ao redor do rosto. ‘Talvez leve meu livro para a varanda se ele merecer, se for bom o suficiente.’

Maurício inclinou a cabeça e a observou por alguns segundos. ‘Fiquei curioso.’

Mommy porn. Nunca achei que homens lessem esse tipo de estórias, mas te falo se gostei na semana que vem.’ Disse e se chutou por dar em cima do cara sem querer. Foi reflexo. Estava indo tão bem, flertando com classe, ia dizer ‘não’ se ele a chamasse para sair... Mas ele não ia. E acebolado não era para se investir mesmo. Além do mais ela estava em condicional ainda.

‘Na verdade...’ Maurício segurou a xícara quase vazia por cima com os quatro dedos da mão direita.

‘Pouco se importa com pornografia para mulheres?’ Antonia sorriu.

‘Nunca me interessei, mas se me disser que é bom, tento ler.’

Sorriu achando o máximo.

‘Na verdade, ia perguntar se pretende comer enquanto se dedica ao playgirl aí.’ Mexeu as sobrancelhas com ironia. Ela inclinou a cabeça para o lado esperando-o se explicar. ‘Se pretender parar de ler por um tempo, te convido para jantar.’ Disse e levou a xícara à boca, cotovelos apoiados na mesa, olhos atentos aos dela.

Antonia piscou e prendeu os lábios.

Cebola. Duas para um único bife de fígado. Picadas bem finas.

Talvez molho Shoyu a julgar pela caneta tinteiro.

Café com leite.

Gravatinha.

Condicional.

Cinco boas razões para dizer não. Seis se contar as duas cebolas. Mas disse sim e ele sorriu muito charmoso. Teria pego o cartão que o tinha dado, riscado ‘Maria Antonia’ e escreveria ‘Toni’ se ele não tivesse guardado imediatamente após ela o entregar. Tinha posto no bolso interno do paletó, no peito. Depois deu aquelas batidinhas por cima para ter certeza que estava seguro.

Pensando bem, deveria ser fígado picadinho. Iscas sob uma montanha de cebola, pensou com desdém.


coffee animated gif
Quem não gosta de café?
Quem não sonha em se apaixonar assim, sem querer, em plena segunda-feira?

É a vida deles (re)começando...
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domingo, 12 de junho de 2016

Preconceito, orgulho e CAFÉ - Capítulo 2

olá,
Feliz dia dos namorados!
Para comemorar, mais um capítulo de 



DISPONÍVEL EM EBOOK E BROCHURA

Esse capítulo é aquele momento em que a flecha do cupido acerta no alvo, bem no lugarzinho certo. Aqui, o cupido é pretinho, cheiroso e quente: eles se apaixonam por causa do café!
Na verdade, ele se apaixona, ela... Leia!

Vá na página do livro para mais detalhes.


Preconceito, Orgulho & CAFÉ
até o google uniu café e namorados!

Livremente inspirado em O&P, fluff, comédia romântica, 18+
Capítulo 2 na íntegra


O ‘Café do Pátio’ era um sonho antigo de Gisele, amiga de escola das irmãs Marisguia. Cansada das cobranças de sua família para fazer alguma coisa da sua vida e recém-casada com um homem empreendedor resolveu começar sua própria cadeia de cafeterias e essa era a primeira unidade. Tinha treinado um primo para ser barista, pagou cursos e escolheu os melhores e mais caros cafés da importadora da amiga. Essa primeira unidade de café de qualidade e valor majorado tinha que dar certo, sabia que ia dar certo, tinha a supervisão próxima de Antonia.

Business Field era o retrofit do momento no Centro da cidade, um enorme edifício reformado no coração da rua Primeiro de Março que recebeu ambientes modernos, tecnologia verde, dez andares a mais, um heliponto e os melhores escritórios e empresas da cidade. Haveria restaurantes na cobertura, mas somente uma cafeteria localizada no jardim interno e não era para funcionários. A decoração e a tabela de preços direcionavam o café aos donos dos escritórios e empresas com seus clientes.

Era uma ótima vitrine para o café Colômbia da Importadora Merry Town, por isso a gerente de importações estava pessoalmente envolvida no estabelecimento do lugar. E havia muito a ser estabelecido, burocracia infernal que Bernadete fazia questão, manuais de procedimentos, blends de grãos, máquinas novas em teste.

Segunda semana aberto e Antonia batia ponto diariamente no café da amiga e esposa do seu primo mala. De tão íntima, já lhe davam afazeres por isso procurava passar a menor quantidade de tempo no local, ficava de pé no balcão resolvendo sua infinita burocracia ansiando estar de volta ao seu escritório.

‘Olá, boa tarde.’

Antonia ouviu um cliente chegar no balcão, mas não perdeu o foco do seu trabalho.

‘Boa tarde.’

‘Preciso de um café, mas meu estômago...’

‘Descafeinado?’ Lucas, o barista que se achava dono por ser primo da dona, sorriu. ‘Posso sugerir um blend-’

‘Não, pingado.’ O cliente interrompeu. ‘Pode ser?’

Pingado? Foi isso mesmo que ouviu a voz tão grave e sedosa dizer? Pingado? Antonia suspirou para si mesma e desviou os olhos para ver o perfil de um homem alto de terno, atlético, charmoso. Se um homem assim preferia um café de botequim o mundo estava perdido mesmo...

‘Sei exatamente o que precisa!’

Maurício perdeu alguns segundos olhando de soslaio para o corpo atraente dentro de um vestido de seda verde ao lado do balcão onde a mulher charmosa preenchia fichas trocando o peso de um pé em salto alto para o outro. Por um segundo lhe pareceu que o rosto bonito estava retorcido em uma expressão de nojo e por mais um segundo considerou se era de alguma forma relacionado a ele.

‘Aqui, senhor. Um cinnamon dolce macchiatto.’ O barista sorriu orgulhoso.

Antonia sentiu estremecer. ‘Não, Lucas. Não foi isso que ele pediu.’

‘Ele pediu um 'pingado', Toni.’ Lucas disse incapaz de disfarçar seu desprezo.

‘O que ele não pediu foi uma desculpa desprezível para uma vital dose de cafeína.’ Antonia levantou uma sobrancelha desenhada em uma expressão de superioridade e olhou do barista para Maurício.

Surpreso e encantado, Maurício balançou a cabeça e prendeu um sorriso de lado a bebendo com os olhos. Bonita, refinada, gostosa, mandona. Tentado, definitivamente ele estava tentado.

‘Deixa, vou te mostrar.’ Ela disse dando a volta no balcão iluminado recheado de delícias rebuscadas. Com delicada destreza manejou a grande besta de inox que soltava vapor pelas narinas e perfumou todo o jardim de inverno com o aroma reconfortante de cafeína pura e forte. Deu poucos segundos para Maurício admirar suas costas enquanto trabalhava e logo se virou para servir uma dose pequena em uma xícara dupla colocando em frente a ele.

Apertou um sorriso apologético. ‘Obrigado, mas meu estômago-’

Ela levantou o indicador com unha bem pintada de rosa avermelhado, virou-se e pegou um potinho com bastante espuma de leite para colocar ao lado da xícara de café. ‘Cheira.’ Ordenou com um sorriso nos lábios que chegava aos olhos cor de mel.

Cheirou.

‘Deixe a cafeína entrar na sua corrente sanguínea.’

‘Perfeita!’ Murmurou encantado, mal conseguia piscar.

‘Agora junte a espuma de leite o quanto seu estômago mandar.’ Complementou.

Maurício sorriu feliz, era isso que precisava. Exatamente aquilo.

Ela sorriu de volta e deu um decisivo aceno de cabeça.

‘Como isso não é um macchiatto, Toni?’ O barista Lucas perguntou aborrecido, rosto fechado em uma carranca.

Prendeu sua falta de paciência dentro de si. ‘Um macchiatto já vem pronto e uma pessoa de bom senso não pode controlar a quantidade de leite, muito menos apreciar a cafeína pura.’ Explicou calmamente enquanto o barista competente indignava-se ainda mais.

‘Você é implicante-’

‘Olá de novo!’ Henrique chegou com um sorriso grande e, por sobre o balcão, pediu a mão dela para um beijo. ‘Precisa de resgate novamente?’

Esticou a mão constrangida em negar, mas teve um calafrio secreto com a barba tocando sua pele. ‘Não, segura hoje!’ Antonia levantou o pé para trás para ele ver que seu salto era menor.

Ele se esticou para olhar as pernas dela por sobre o balcão. ‘Adoraria um café.’ Ele apertou os olhos mantendo o sorriso. ‘Daqueles bem trabalhados.’

Com o sorriso profissional ainda nos lábios, ela lhe passou o cinnamon dolce macchiatto. Henrique levantou as sobrancelhas feliz por ser prontamente atendido pela bela moça, provou e gostou. ‘Muito bom.’

Maurício, que se divertia às custas do sócio e amigo há mais de vinte anos, a princípio teve um relampejo de dor de cotovelo temendo confirmar que a sensual instrução na degustação de café seria repetida, mas ficou feliz com o que Henrique recebeu. E sentiu um raio lhe cruzar o corpo quando a mulher bonita desviou os belos olhos âmbar para ele em uma deliciosa expressão conspiratória. Para ele, o sorrisinho de lado nem seria necessário, ele já estava perdido com o olhar.

‘Vou indo, Lucas.’ Disse contornando o balcão novamente, passando atrás dos homens bebericando seus cafés e pegou a caneta e a bolsa. ‘Seus formulários já estão ok. Até mais.’ Acenou com a cabeça para os dois homens e apertou a mão do barista por cima do balcão antes de sair do pátio em direção à escada que ia à recepção.

‘Excelente barista.’ Henrique balançou a cabeça ainda olhando na direção que ela tinha tomado.

‘A melhor.’ Maurício respondeu.

‘Ela não é barista.’ Lucas disse ofendido.

‘Quem, Toni?’ Uma das garçonetes perguntou ao chegar perto, Maurício e Henrique trocaram olhares quando ouviram o apelido incomum. ‘Tem cursos de barista.’

‘Vários.’ Lucas se empertigou. ‘Mas é a Gerente da Importadora que nos fornece o Café Colômbia.’

‘Uau.’ Maurício resmungou.

‘Excelente café.’ Henrique elogiou e indicou uma das mesas com a cabeça. ‘É ela!’ Disse quando se sentaram à mesa do canto.

‘Notei pela piadinha.’

‘Linda, não disse?’

O rosto de Maurício não traiu seu interesse. ‘O salto não é tão alto. Tem certeza que ela precisava de salvamento?’ Prendeu os lábios em uma expressão incrédula. ‘Acho que você atacou a mulher...’


O sócio sacudiu a cabeça engolindo com pressa o café que bebia. ‘Era! E o vestido era mais longo e fechado. Não ia me esquecer daqueles joelhos nem daquele decote.’ Sorriu com malícia. ‘Garanto.’


bestanimarions/beverages/coffee
Ai, que flechada no peito!
Pingado: fisgado!

Sabe o que passa na cabeça de Mau ?...




domingo, 5 de junho de 2016

Preconceito, orgulho e CAFÉ - Capítulo 1

olá,
dia chuvoso e feliz hoje... Aniversário do meu filho e 
 Yay!


DISPONÍVEL EBOOK E BROCHURA

Essa estória é muito querida, escrevi com muita facilidade, muito prazer. É leve e divertida, intensa e corrida... Começa em Janeiro e quando chega Dezembro- Oops, quase soltei spoilers. Sorry! 
Mas é viciante e reconfortante como café quentinho...

Como já deve ter visto na página do livro, as personagens foram rebatizados como Maria Antonia e Luís Maurício. Todos os outros também... 

Quer ver como ficou?
Só um cafezinho?
Lá vai...


Preconceito, Orgulho & CAFÉ

Livremente inspirado em O&P, fluff, comédia romântica, 18+
Capítulo 1 
na íntegra

‘Nossa, acho que torci o tornozelo...’ Maria Antonia Marisguia fez cara de quem poderia chorar a qualquer minuto.

‘Na obra do café da Gisele?’ A irmã mais velha respondeu com solidariedade incondicional instantânea.

‘Saindo do prédio.’ Maria Antonia sentou na cadeira em frente à mesa de Maria Luiza, tirou o sapato, e girou o pé em um círculo grande. ‘Tinha uns idiotas levando caixas para cima e deixaram vários rolos no piso, na saída do elevador de carga. Estava distraída com o telefone e tropecei.’ Fez careta sentindo as juntas dos tornozelos estalarem.

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‘Cara, acabei de salvar uma gata. Mereço o título de Cidadão Carioca!’ Dr. Henrique Fialho abriu um sorriso preguiçoso nos lábios quase escondidos pela barba de lenhador que penteava com os dedos.

‘Merece o uniforme de bombeiro.’ Dr. Luís Maurício Noronha resmungou da sua mesa.

Testa franzida, rosto inclinado para o lado, Henrique olhou para o sócio sem entender. ‘Não!’ Riu. ‘Uma mulher bonita, não um felino fêmea.’

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‘Um gravatinha me segurou.’ Maria Antonia revirou os olhos. ‘Teria sido melhor cair sobre os tapetes.’

A irmã mais velha deu a volta na mesa e sentou na outra cadeira de interlocutor da sua sala para massagear o tornozelo da mais nova. ‘E mais vergonhoso.’

‘Totalmente!’ Sorriu com ironia. ‘Mas não teria torcido o tornozelo.’ Suspirou triste.

‘De novo.’

‘De novo.’

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a sua mesa o terceiro sócio, Dr. Danilo Bicudo, sacudiu a cabeça mantendo os olhos no computador. ‘Se você só foi visitar a obra do escritório novo, como pode ter tido a chance de salvar alguém?’

‘Denise sempre precisa de ajuda.’ Maurício levantou as sobrancelhas.

‘Mas é a sua que minha irmã quer.’ Danilo apontou para o amigo desde a faculdade.

‘Não necessariamente. Qualquer um que não considere desperdício bancar seus devaneios, serve.’ Maurício disse sem interesse. ‘Pode ir fundo, Henrique, não vai abalar nossa sociedade.’

‘E nossa amizade?’ Danilo prendeu os lábios para os amigos discutindo sua irmã como se ele não estivesse presente.

Maurício bufou impaciente. Dividir espaço com os amigos tinha sido prático e econômico quando começaram, mas já iam bem o suficiente para que tivessem privacidade. No escritório novo cada sócio teria sua própria sala e espaço para respirar; ele próprio perdia a esportiva com facilidade ultimamente. ‘Ainda não achei uma mulher para me colocar no cabresto, muito menos acabar com minhas amizades.’

‘Bicho, não viu a gata que salvei!’ Henrique cortou a potencial discussão sobre a irmã decoradora de um sócio que esticou um caso frio com o outro sócio por meses.

‘Não foi a Deny?’ Danilo insistiu.

‘Não!...’ Henrique sacudiu a cabeça com veemência. ‘Bicho, que gostosa!’

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‘O que houve?’ A irmã caçula, Maria Catarina - Kat, entrou na sala com vários documentos que despejou na mesa da irmã mais velha sem cerimônia e entregou duas pastas finas para outra.

‘Um caramelo macchiato quis bancar o herói e me ajudou a torcer o tornozelo...’ Maria Antonia, Toni, resmungou contrariada e se contorceu de dor com a massagem de Maria Luiza, Luli.

‘Fígado gourmet?’ Catarina debochou da rabugice da irmã em rotular as pessoas pelas preferências gastronômicas.

Bufou petulante. ‘Totalmente cara de quem tem nojinho de bife de fígado... Aposto.’

Riram como sempre achando graça da escala inventada, mas na verdade morriam de nojo de fígado bovino cru, ou órgãos de qualquer animal. Seu querido avô tinha insistido para que se acostumassem a comer bife de fígado dizendo que era ‘bom para o sangue’ e aprenderam a gostar por causa do seu amor pelo pai de sua mãe.

‘Aquele prédio vai ser campo minado. Pencas de gravatinhas e modeletes de Fórum...’ Antonia torceu os lábios em desgosto.

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‘A gostosa saiu do elevador apressada olhando para o celular e não viu os caras levando nossos móveis para cima.’ Henrique irradiou sua aventura. ‘A portaria está uma bagunça, várias mudanças na verdade, tinha um monte de caixas e ela saiu rápido do elevador de cargas, virou de lado para desviar e não viu os rolos de tapete no chão. Salto alto, vestido alinhado... Bicho, mulherão! Pinta de advogata, mas nunca a vi no Fórum... Ia me lembrar se tivesse visto...’ Ele sorriu para si. ‘Vou me lembrar agora! Ela tropeçou e ia cair se o super-homem aqui não tivesse a segurado pela cintura. Cabelo castanho com aqueles tons todos diferentes, corpo bonito, vestido coladinho azul de bolinhas brancas, salto. Ó-’ Sacudiu a cabeça forçando o lábio inferior para frente. ‘Gostosa.’

‘Babaca.’ Danilo sacudiu a cabeça mais uma vez. ‘Aproveitou para passar a mão na mulher...’

‘Temo pela reputação do nosso escritório... ’ Maurício resmungou.

‘Não está em risco. Fui extremamente cavalheiro e ela muito educadamente me agradeceu pela ajuda com um deslumbrante sorriso dos lábios brilhosos. ’ Henrique bateu continência e os dois sócios reviraram os olhos.

‘Trocaram telefone?’ Um sócio investigou.

‘Não...’ O sócio herói fez cara de tristeza.

‘Viu? Babaca.’ Outro sócio decretou.

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Antonia suspirou se deixando afundar na cadeira estofada. ‘Pago cinquenta reais para uma de vocês dar apoio a Gisele.’

‘É o seu trabalho.’ Luiza sacudiu a cabeça.

‘E cinquenta nem dá para a manicure da semana.’ Catarina fez bico.

‘Pago manicure do mês.’ Antonia tentou novamente.

‘Por atendimento ao cliente de café novo, de donos inexperientes?’ Foi a vez de Catarina bufar. ‘Vai levar meses!’

‘Lucas, o barista, é muito aplicado...’ Argumentou. ‘Luli...’ Tentou fazer charminho, mas a irmã mais velha sacudiu a cabeça novamente prendendo um sorriso.

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‘Ano novo, vida nova e nosso novo escritório vai bombar! O prédio está show de bola, alta classe, escolhemos bem quando decidimos juntar quase todas as nossas economias e comprar a sala lá.’ Completou orgulhoso, o sorriso esticando a barba pesada.

‘Nosso orçamento já bombou. ’ Danilo resmungou. ‘Denise perdeu a linha. ’

‘Precisamos subir de nível, é investimento.’ Maurício tinha em mente o projeto aprovado e os novos clientes que atrairiam estando em um ponto nobre do Centro do Rio de Janeiro, mais próximos do Palácio da Justiça onde os tradicionais e renomados escritórios de advocacia gravitavam. Quanto mais perto do Fórum, mais importantes eram os advogados. ‘Como vai a obra, no prazo? Precisamos entregar essas salas aqui, os estagiários já estão preparando a mudança dos arquivos.’

‘Tudo certo! A placa já foi instalada, ficou ótima.’ Henrique tirou o celular do bolso do paletó do terno para carregar as fotos que tinha tirado.

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 ‘Se eu estiver certa, vai ser uma tortura... Pelo menos revezem comigo.’ Implorou. ‘Devemos à Gisele, nós todas.’ Antonia lembrou às irmãs levantando uma sobrancelha.

‘Bobeira!’ A mãe entrou na sala falando alto. ‘Ninguém forçou Gisele a casar com o filho imbecil do meu primo idiota. Se ficaram tão mexidas, o irmão dele ainda está solteiro!’ Maria Bernadete Marisguia piscou exageradamente para as filhas que reviraram os olhos.

Vanilla duplo caramelo de bosta!’ Antonia grunhiu quando Luiza liberou seu tornozelo. ‘Vai ter um monte lá...’

‘Vou ter que te mandar para Itália de novo para aprender o valor de uma bebida de café?’ Bernadete ameaçou a filha do meio.

‘Prefiro o campo minado de gravatinhas.’ Antonia arregalou os olhos. ‘Por favor, outro curso de barista, não!’

‘Volta para os perfumes.’ Luiza convidou com saudades de trabalhar em parceria com a irmã.

A mãe gesticulou impaciente. ‘Ela é ótima no café!’

‘Ela é esnobe e odeia qualquer café que não seja shot de espresso.’ Catarina argumentou.

Suspirou profundamente. ‘Péssima ideia ter vocês como minhas gerentes...’

‘Mãe!’ As três filhas reclamaram.

‘Eu sou ótimo gerente! Manda elas embora e eu cuido de tudo!’ Frederico Levi gritou da sala dele.

Bernadete sacudiu a cabeça.

---

Os três advogados jovens por volta dos trinta e poucos anos, atléticos, solteiros, competentes e no momento com as finanças prejudicadas devido ao estabelecimento de um escritório novo em um prédio recém-reformado no coração do Centro Financeiro do Rio de Janeiro, se juntaram para admirar seus esforços refletidos na tinta prata impressa em vidro temperado verde:


Bicudo, Fialho & Noronha
Advogados associados

---

A alguns quarteirões de distância, exatamente em frente ao Palácio da Justiça, de seu grande escritório de importação de produtos de luxo, Bernadete apontou para o pé da filha do meio ainda fora dos scarpins de couro envernizado, bico e saltos finos.

‘Tropecei. Esse salto é muito alto.’

‘Seu pai vive te comprando essas roupinhas de advogatinha sem gosto e com vergonha do corpo. Não sei por que você aceita usar.’ Levantou o nariz petulantemente e bufou contrariada.

‘Esse salto é tipo fuck me, mãe.’ Catarina argumentou e calçou o sapato da irmã gesticulando os dedos impacientemente para que o outro pé também fosse liberado e passeou pelo escritório. ‘É lindo! Pena que Toni é trinta e sete e eu sou quase trinta e oito...’

‘Velho babão gosta de ver pernas femininas em saltos altos, mas tem medo de ver peitos e não segurar as calças.’ Bernadete sacudiu a cabeça resmungando.

‘Ai meu Deus.’ Luiza suspirou.

‘Já viu como as patetas se vestem para ir ao Fórum?’ A mãe insistiu.

‘Tem mulher bonita lá!’ Antonia esticou as duas pernas e flexionou os pés para frente e para trás. ‘Em pencas!’

‘E vestidas de velhas!’ A mãe, tão bem arrumada quanto as filhas, insistiu.

‘Verdade.’

‘Hoje você vai para casa, moça. E amanhã vai estar vestida com mais bom gosto.’ Decretou com autoridade materna. ‘Vão todas jantar em casa.’

‘Tenho aula de circo.’ Antonia disse e teve o desprazer de ver sua mãe e irmãs revirando os olhos.

‘Chego depois da aula de mandarim.’ Catarina informou. ‘Nove.’

‘Passo em casa e vou.’ Luiza sorriu.

‘Nove.’ Bernadete marcou hora feliz com a rara possibilidade de jantar em casa com as três filhas adultas. Maria Luiza nunca voltou para casa depois do divórcio e ainda morava em Ipanema sozinha no desértico apartamento de quatro quartos. Maria Antonia sempre se dividia entre a casa do pai e da mãe – muito para dor no coração de Bernadete que só acalmou quando Antonio Froes, seu ex-namorado, comprou a cobertura ao lado da sua no prédio onde morou desde menina. Maria Catarina era a única a morar com ela ainda, mas adulta e cheia de afazeres, mal passava tempo em casa.

‘Vou mandar fazer torta de caranguejo.’

‘Muito bom.’

‘Vinho branco?’

‘Delícia!’

A mãe balançou a cabeça confiante. ‘Dormimos todas em casa hoje.’

Antonia já sabia que acabaria a noite atravessada nos pés na cama grande enquanto a mãe e as irmãs dormiam lado a lado. No meio da noite acordaria quebrada e se arrastaria para sua própria cama. ‘Bom, vou trabalhar.’ Se levantou com cuidado, testando o tornozelo.

‘Trabalhar dá trabalho!’ Bernadete levantou o dedo pequeno com unha grande pintada de vermelho. ‘Meu pai dizia isso sempre.’

Antonia caminhou descalça para sua sala pensando em tudo que ainda tinha que fazer e lembrou que havia esquecido a roupa de ginástica no estúdio da casa da mãe. Poderia pedir para o motorista do pai trazer se estivesse no estúdio da casa dele, mas... Reynaldo, o mordomo do pai não entrava na casa da mãe nem se dava bem com Hilda, empregada de Bernadete desde que Luiza nasceu. Suspirou pensando que ainda se enrolava com a eterna divisão entre as casas da mãe e do pai, mesmo depois de passar a vida toda na roda viva que só aliviou quando os dois concordaram em deixa-la ocupar os escritórios dando à filha de quem dividiam o afeto a chance de morar sozinha na casa de um ou do outro.

As coberturas eram apartamentos grandes de quatro quartos, três salas e um escritório com acesso independente. Após muita discussão, Antonia conseguiu montar apartamentos de solteira tanto no escritório da casa do pai que dava para o hall social da casa da mãe quanto vice-versa. Apesar de ter duas camas, dois armários, dois banheiros, duas escovas de dente, dois shampoos, e dois de tudo mais; seus pais ficavam mais conformados quando ela optava por um dos estúdios já que o cômodo autônomo era praticamente separado do apartamento de quatrocentos metros quadrados. Com a economia de chantagem emocional dos pais, sua vida era mais tranquila.

Ia ter que parar na sua loja de artigos de ginástica favorita na rua da Quitanda antes de pegar seu carro e ir para as aulas de fitas suspensas e parkour. Talvez o shopping na rua Sete de Setembro. ‘Kat?’ Gritou da sua sala.

‘Quê?’

‘Vamos no shopping depois das cinco?’

‘Sim!’

‘Também vou com vocês!’

‘Isso aqui não é feira livre! Vão trabalhar!’ Bernadete gritou ainda mais alto que as filhas.

Ainda bem que a suíte de escritórios das Marisguia era separada do restante da empresa de importação de artigos de luxo ou os quase cem funcionários teriam participado da discussão em gritos entre as irmãs e a mãe proprietária.


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Que tal? 
Promissor?