& Moira Bianchi

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Todos os caminhos SEMPRE me levam a Jane Austen - parte 1

 olá!

Faz tempo que eu não posto pensamentos e análises aqui, meus dias parecem que estão ficando mais curtos e me falta tempo. Mas esse ano comemoramos 250 anos de nascimento de Jane Austen e eu gostaria de lançar um romance Janeite (As anáguas de Lizzy Darcy), me aprofundar em outras obras como fiz Persuasão e Lady Susan, assim como fazer uns diários de leitura de livros inspirados/estudos sobre a vida e obra de Jane.

Na Bienal do livro do Rio eu ganhei o livro 'All Roads Lead to Austen - a yearlong journey with Jane' de Amy Elizabeth Smith. Uma tradução livre seria 'Todos os caminhos levam a Austen - uma viagem anual com Jane', um diário de viagem pareceu bem sugestivo para o meu intuito de um diário de leitura. É uma edição bem levinha, brochura com folhas de papel jornal, bem grosso - 365 páginas. Um ano! 

Esse é um ótimo começo para os diários de leitura, certo?

Então, para organizar meus pensamentos e o vídeo no meu perfil Jane Austen para Iniciantes no instagram não ficar muito longo, resolvi postar aqui antes. Me fale o que acha desta viagem com Austen.

Informações básicas primeiro

A autora Amy Elizabeth Smith é membro da JASNA, professora de literatura, solteira aos 42 anos (quando tirou o ano sabático em 2012), descrevendo sua aventura de viajar pela América Latina aprendendo espanhol e discutinho Austen com pessoas locais de 6 países: Guatemala, México, Equador, Chile, Paraguai e Argentina.

Pelo que entendi no início da leitura, ela conseguiu montar pequenos grupos de leitores em cada um desses países para discutir Orgulho e Preconceito, Razão e Sensibilidade e Emma duas vezes cada romance. Cadê Persuasão, né?

O livro é divido em partes:

- Getting started (introdução), 

1 para cada país dividida em capítulos

- Guatemala: papo de mulher

- México: razão na terra de sentimentos

- Equador: orgulho, preconceito e iguanas mansas

- Chile: Austen nos Andes

- Paraguai: suposições e Asunción

- Argentina: último tango em Highbury

- The end and the beginning (conclusão)

Cada parte tem um desenho fofo de Lucia Mancilla Prieto com detalhes do que será discutido ao redor de uma bonequinha que obviamente é a Jane da aquarela que Cassandra fez na juventude. Adorei a ideia! A capa também tem desenhos por dentro, mesmo sendo paperback (verso da capa). Também adorei.


Me parece também que seguiremos o love story a autora como seguimos Elizabeth Bennet - encantada por Wickham e acabando com Mr. Darcy. Ela começa falando de um motorista de taxi bonito e simpático do México e depois, na mesma introdução, diz 'meu noivo - talvez o taxista'... Não sei, vamos ver. A própria autora gosta da expressão "vamos a ver" em espanhol que é o mesmo em português.

Vibes de Comer, rezar, chatear

Logo de início, eu senti vibes de Comer, rezar, amar - um franquia que eu odeio! Acho chata, uma pessoa listando uma série de desculpas para as consequências de suas escolhas na vida o invés de enfrentar e construir algo melhor. Eu parei de ler quando ela chegou no 'rezar' porque não aguentava mais o mimimi infinito. Nunca vi o filme. 

E agora caí neste livro que tem bem essas vibes. Aff. Se tivesse percebido isso antes, nem tinha mostrado interesse neste livro o que levaria meu lindo filho a me presentear com uma das maravilhosas edições de Austen disponíveis na Bienal ao invés deste volume. Mas, aqui estamos...

Vamos que vamos.

Jane Austen ultrapassa páginas

A autora começa a INTRODUÇÃO contando da experiência de ensinar Austen para jovens de faculdade e como eles sempre montam uma lista de personagens que merecem uns tapas. Emma, John Thorpe, Sra. Bennet. É, concordo... mas isso já vale um papo de mil horas.

E aí ela faz uma observação boa: com Austen, a gente mergulha naquela vidinha que ela está contando diferente das Brönté que a gente observa de fora. Parei e pensei... concordo também! Que análise interessante. Tenho pouca intimidade com as B, muito menos do que tenho com Austen que é minha companheira quase que diária, e talvez por isso sempre pensei em Jane Eyre ou Morro dos ventos uivantes como obras para reverenciar. Mas e se for uma qualidade, um estilo?

Guardei isso para elocubrar mais tarde.

Contando sua história com Austen, a autora fala como introduziu um amigo em Austen Nation por O&P - eu sempre indico Lady Susan. Acho que as fofocas e mudanças de ponto de vista são encantadoras, até empolgantes. Quem não conhece Austen, certamente fica fã. Mas aqui é um homem adulto passando por um divórcio (de novo eu pensei, cadê Persuasão?). 

A indicação de Austen como cura para um coração partido é como ela fala da MAGIA DE JANE AUSTEN que eu já reconheci e até fiz uma agenda com 365 quotes diferentes - um para cada dia do ano. A pergunta da autora eu posso responder desde já: a conexão especial que as pessoas sentem ao ler Austen consegue ser traduzida?

Quando ela descreve os lugares que escolheu visitar e morar por uns meses para tocar esse projeto (de vida ou acadêmico?), ela diz que o Paraguai é misterioso e perigoso e que Buenos Aires é a 'capital literária da América do Sul'. Vixi, doeu!

Ela também se prepara para entrar na experiência de coração aberto dizendo que Austen 'não era fã de prejulgamentos e evitava preconceitos e sempre fazia questão de ler o ambiente ou a pessoa com quem conversava', mas Austen também nunca saiu da Inglaterra, nem foi muito longe de casa. 

Aí eu discordo.

Não das viagens, Austen nunca foi muito longe mesmo. Mas ela adorava um estereótipo. Todas as suas obras tinham uns grupinhos de bad boys com  um cafajeste, uma piriguete, um negligente e o mesmo com grupinhos de certinhos com mocinhas ingênuas e rapazes bons de doer. Ela sempre dava lição em quem fazia prejulgamentos, mas sempre usava desse artifício.

Ao final da introdução, eu estava curiosa com o livro, apesar de ver algumas red flags. Uma professora universitária americana com certeza ia querer encaixar pessoas da América Latina em seus moldes de ideologia marxista e isso eu não perdoo em Austen Nation. 

Mas bora lá.

Guatemala com Mr. Darcy

A primeira parte é Antigua na Guatemala onde a autora já havia passado umas semanas antes aprendendo espanhol em uma escola de idiomas com imersão. Ao invés de escolher as professoras que ela já havia conhecido antes, ela pede especificamente um professor homem que fala pouco, é sério e carrancudo. Ela o chama de misantropo, eu logo vi Mr. Darcy.

Desconfio que ela vai descobrir que o tal taxista mexicano é um embuste e vai voltar à Guatemala para os braços desse Darcy que não dá mole para ela - nem flertando, nem facilitando nas discussões em espanhol. Oh, como isso me deu vibes do livro chato...

Tem uma coisa bem interessante na detalhada descrição que ela faz deste homem udando uma descrição que vizinhos faziam de Austen: Jane era como um atiçador de lareira! Um objeto sempre presente e útil, mas silencioso, rígido e tenso, afiado e perigoso.

Ela descreve o sentimento de familiaridade melancólica de andar por Antigua como reler um Austen, voltar à Meryton de O&P ou HIghbury de Emma. Esse sentimento eu conheço bem, sempre me sinto visitando amigos quando releio Austen...

O grupo de leitura de Antigua é formado pelas professoras que ela já tinha conhecido antes mais algumas da mesma escola. São 5 mulheres adultas, casadas/divorciadas/solteiras com filhos/netos ou sem, para quem ela deu uma cópia de O&P em espanhol e mostrou o filme de 2005. A autora justifica a escolha de O&P como a obra mais popular de Austen, mas que ela não considera a melhor. Ai, doeu de novo!...

A coisa que mais gosto em livros inspirados/estudos são as análises. Sempre gosto de elocubrar sobre Austen. Olhe este trecho quando a autora tenta explicar Emma ao professor Darcy:

"Emma tem uma amiga mais nova, bem, que não é exatamente uma amiga porque é pobre, para quem Emma quer encontrar um marido de qualquer maneira, e quando ela encontra um homem que pode ser um marido para a amiga, esse homem se apaixona por Emma. Nossa! Resumindo, a trama parece bem piegas!... 

Não se trata apenas do que Austen diz no romance, é a maneira como ela diz isso, é a maneira como ela vê as coisas, a maneira como ela as diz, é ela, sua... voz. 

Não se trata das tramas, trata-se do comentário sutil da perspectiva narrativa, das inflexões cortantes, dos sorrisos linguísticos! É sobre aqueles golpes da faca satírica que você ignora se não for atencioso. É sobre a inocência do diálogo que direciona como a interpretação através de um enquadramento perfeitamente inteligente."

Perfeito! 

Sempre imagino Jane como uma pessoa que esconde o que pensa, e sempre pensa mal dos outros, julgando e imaginando segundas intenções em todo mundo. Por isso gostei tanto da Jane de Patsy Ferran em 'Miss Austen' - feinha, esperta, mousy.

Durante a estadia, ela se interessa por escritores do país, compra livros, fala de alguns enrredor e narrativas, mas não os inclui na sua jornada que em certo momento, se volta muito para a condição feminina na Guatemala naquele momento. E lá vem feminismo aguado.

Sra. Bennet é muito criticada, Charlotte também por fazer um casamento por interesse. Há uma discussão sobre a situação de Jane (solteira ou solteirona) e se ela se ressentia pelos irmãos terem tido mais educação do que ela. Acabam por decidir que O&P é sobre amor, sobre como o amor realmente é.

Eu sempre achei que fosse sobre amadurecimento.

Quando perguntadas se uma história como O&P poderia acontecer em Antigua, todas as mulheres do grupo disseram que sim. Bem, podeira e pode e acontece em qualquer lugar! Todos nós, seres humanos bichos sociais, falamos sem pensar e acreditamos na mentira mais bem contada até que a verdade e as consequências de nossos atos venham explodir na nossa cara. 

o PREÇO de Austen

Quando a autora vai mais fundo na dureza da vida da mulher adulta de Antigua, ela culpa a sociedade, como as meninas são criadas, as tradições, as raças, os preconceitos e isso e aquilo para dizer que essas 5 mulheres pagaram caro para ler O&P porque são muito ocupadas trabalhando e cuidando de casa/família. Eu pergunto: faz diferença o lugar ou o gênero da pessoa que tem responsabilidades?

Por fim, ela termina a Guatemala falando algo bonito sobre Jane:

uma mulher que escreveu um futuro incrível para si mesma, página a página 

No todo, estou gostando e continuo curiosa.

Próximo destino é o México onde ela vai cair nos braços do taxista (acho que será um Wickham).

Leia minhas impressões aqui.



Está gostando da análise? Me conta!

Leia All roads lead to Austen também.

Leia meu livro novo As anáguas de Lizzy Darcy.









sábado, 21 de junho de 2025

CARTAS DE JANE AUSTEN - um pack com as melhores dos romances da querida autora

Como Jane Austen Tecia Suas Tramas


compre o seu PACK DE CARTAS agora mesmo!

Wentworth e Edmund se declararam,

Darcy e Churchill se explicaram,

Susan contou seus planos...

Jane Austen sempre usava cartas em seus romances


No universo literário de Jane Austen, onde bailes cintilantes, conversas espirituosas e olhares furtivos ditavam o ritmo da vida social, um elemento discreto, mas de poder inquestionável, tecia as complexas tramas de seus romances: a carta. 

Jane era exímia correspondente, dizem que chegou a escrever milhares! Imagine se ela não ia incluí-las também em seus romances?!

As cartas trocadas entre personagens eram verdadeiros motores narrativos, ferramentas afiadas que Jane usava para moldar destinos, revelar segredos e aprofundar a psicologia de seus inesquecíveis protagonistas - seja no meio ou ao final das tramas.

Por isso criei o PACK DE CARTAS DOS ROMANCES FAMOSOS, um conjunto de 7 cartas escritas em fontes de caligrafia diferentes, dobradas e seladas com cera, atadas por uma fita rústica. Um mimo!


Eu estudo cartas de Jane e na época de Jane há um tempão! Veja meus estudos aqui

Na era Regencial, a comunicação por cartas era uma arte e uma necessidade. Sem telefones ou e-mails, correspondência era o principal elo entre pessoas distantes, um repositório de notícias, sentimentos e intenções. Jane Austen, com sua genialidade observacional, compreendia profundamente o potencial dramático e social desse recurso. Ela elevou a carta de um simples meio de comunicação a um dispositivo literário multifacetado, capaz de avançar a trama, desenvolver personagens de maneira sutil e, por vezes, criar um suspense de tirar o fôlego. 


Papel Multifacetado das Cartas



As cartas nos romances de Jane Austen são muito mais do que simples correspondências; elas são espelhos da alma, catalisadores de eventos e, por vezes, armas poderosas. Sua função se desdobra em diversas camadas, cada uma contribuindo para a riqueza e a complexidade das narrativas.

As cartas do PACK são:

- Orgulho e Preconceito: a carta de Mr. Darcy para Lizzy

- Persuasão: a carta do Capitão Wentworth para Anne

- Mansfield Park: a última carta de Edmund para Fanny

- Emma: a carta de Mr. Churchill que é contrabandeada para Emma

- Razão e Sensibilidade: a carta de Willoughby para Marianne

- Northanger Abbey: a carta de Isabella para Catherine

- Lady Susan: uma das cartas de Susan para Alicia


Todas cheias de Revelações de Sentimentos e Intenções



Uma das funções mais impactantes das cartas é a capacidade de expor os sentimentos e as intenções mais íntimas dos personagens, muitas vezes de uma forma que o diálogo falado não permitiria

Em uma sociedade onde a etiqueta e as convenções sociais ditavam o que podia ou não ser dito em voz alta, a carta oferecia um refúgio para a expressão sincera e, por vezes, dolorosa. 

O exemplo mais emblemático disso é a famosa carta de Mr. Darcy a Elizabeth Bennet em Orgulho e Preconceito. Após a humilhante recusa de Elizabeth à sua proposta de casamento, Darcy entrega-lhe uma carta detalhada. Esta missiva não é apenas uma defesa de seu caráter e uma explicação de suas ações em relação a Jane Bennet e Mr. Wickham; é uma janela para sua alma orgulhosa, revelando a profundidade de seus sentimentos por Elizabeth e a verdade por trás de sua fachada reservada. Sem essa carta, Elizabeth (e o leitor) jamais teria acesso à complexidade de Darcy, e a reviravolta em sua percepção seria impossível. A carta permite que a verdade, por mais inconveniente que seja, venha à tona, forçando Elizabeth a confrontar seus próprios preconceitos.



Moldando Percepções e Desfazendo Mal-entendidos

As cartas têm o poder de alterar drasticamente a percepção que os personagens têm uns dos outros, e consequentemente, a do leitor. 

 A já mencionada carta de Darcy é um exemplo primoroso de como uma correspondência pode remodelar uma visão. Elizabeth, inicialmente cega por seu orgulho e preconceito, é forçada a reavaliar tudo o que acreditava sobre Darcy e Wickham. A carta não apenas corrige, mas também questiona sua própria capacidade de julgamento. A correspondência, assim, torna-se um campo de batalha onde as verdades se confrontam com as percepções, e onde a ignorância dá lugar ao conhecimento.


Já imaginou ter a emoção de abrir uma carta dessas? Quebrar o lacre de cera e ler as palavras impactantes?

peça o seu PACK agora!


Avanço da Trama e Criação de Suspense

Jane Austen era uma mestra em usar as cartas como catalisadores para o avanço da trama e para a construção de suspense. Eventos cruciais, reviravoltas inesperadas e revelações chocantes são frequentemente comunicados ou desencadeados por meio de cartas, muitas vezes ocorrendo "fora de cena", mas com impacto direto na narrativa principal. 

O escândalo do rapto de Lydia Bennet por Mr. Wickham em Orgulho e Preconceito é um exemplo clássico. A notícia do elopement chega à família Bennet por meio de cartas, mergulhando-os no desespero e na vergonha. A subsequente carta de Mr. Gardiner, informando sobre o casamento de Lydia e Wickham (e a intervenção secreta de Darcy), é o que permite que a trama se desenrole para um desfecho, ainda que agridoce. 

Sem essas cartas, o leitor não teria conhecimento dos eventos que ocorrem longe dos olhos dos personagens principais, e a tensão e o drama seriam significativamente diminuídos. As cartas, portanto, funcionam como um elo vital entre os eventos, impulsionando a narrativa para frente.


Reflexo da Sociedade e Etiqueta

Além de suas funções narrativas e psicológicas, as cartas nos romances de Austen também servem como um reflexo fiel das normas sociais e da etiqueta da época. A forma como as cartas eram escritas, enviadas e recebidas, e as expectativas em torno de sua privacidade, revelam muito sobre as convenções sociais do século XIX. A quebra dessas regras, intencional ou não, frequentemente gerava drama e consequências. 

Em Razão e Sensibilidade, a falta de discrição de Marianne Dashwood ao trocar cartas apaixonadas com Willoughby, e a subsequente publicidade de sua correspondência, a expõe à fofoca e ao sofrimento. Em contraste, a prudência de Elinor em suas próprias correspondências reflete sua natureza mais reservada e racional. As cartas, assim, não apenas contam a história, mas também ilustram as complexas regras de conduta que governavam a sociedade da época, e como a transgressão dessas regras podia ter um impacto devastador na reputação e no destino de um indivíduo.


Persuasão: A Declaração Mais Romântica da Literatura



Em Persuasão, a carta de Capitão Wentworth a Anne Elliot é considerada por muitos como uma das mais belas e emocionantes declarações de amor da literatura inglesa. Escrita apressadamente após Wentworth ouvir Anne falar sobre a constância do amor feminino, a carta é um grito apaixonado de um coração que esperou por anos. "Eu sou metade agonia, metade esperança..." ele escreve, expressando a profundidade de seu sofrimento e a persistência de seu afeto. 



A carta é entregue a Anne em um momento de grande incerteza, e sua leitura sela o destino do casal. Ela permite que os dois amantes, que foram separados por anos devido a conselhos externos e mal-entendidos, finalmente se reconectem em um nível profundo e íntimo. A carta é um testemunho do poder do amor verdadeiro e da capacidade de Austen de criar momentos de intensa emoção através da palavra escrita.

É de cair de amores, não é?

Jane, por meio de seus personagens, nos escreve cartas em seus romances que são verdadeiros veículos para revelação de caráter,  construção de suspense, resolução de conflitos e a exploração das complexas normas sociais de sua época.

Elas nos permitem espiar a alma dos personagens, testemunhar suas vulnerabilidades e triunfos, e acompanhar de perto as reviravoltas que moldam seus destinos.

Através das cartas, Jane nos convida a refletir sobre a natureza da comunicação e seu impacto nas relações humanas. Em um mundo onde a troca de mensagens é instantânea e muitas vezes efêmera, a profundidade, a deliberação e o peso emocional de uma carta da era Regencial nos lembram do poder duradouro da palavra escrita. A genialidade de Austen reside em sua capacidade de usar um elemento tão comum para criar drama, humor e emoção que ressoam até hoje.


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Disponível na lojinha da Shoppee ou por INBOX no instagram


quarta-feira, 17 de julho de 2024

Dimensões mais claras - um conto extra do romance 45 dias na Europa com Sr. Darcy


Alô!...

45 dias na Europa com Sr. Darcy foi meu primeiro romance em Português, na verdade a tradução do romance escrito em Inglês.  '45 days in Europe with Mr. Darcy'


Mesmo anos depois, ele continua trazendo sorrisos ao meu rosto, foi uma delícia compor essa versão certinha de Orgulho & Preconceito com todas as características e standards, cada subplot, cada curva no caminho de Lizzy e Darcy.


Esse meu 'Dizzy' foi apresentado aos Super Fãs de Jane Austen em um conto para o Festival de Inverno do site/grupo/sisterhood Jane Austen Fanfics - Dimensões mais claras - que acontece logo depois que eles se conhecem. O bacana deste conto é que une Austen com Simply Red (adoro) - é uma songfic de 'Stars'.


Além desse, existem outros contos que enriquecem 45 dias na Europa com Sr. Darcy como Royal Baby... Todos estão listados na ordem no ebook revisado e na versão de livro físico disponível para compra aqui.


Então... S'imbora?


DIMENSÕES MAIS CLARAS


Realmente não é possível controlar as rédeas do destino.

Uma pessoa presunçosa e marcada pela crueldade deeventos inesperados pode até tentar, mas com certeza vai se frustrar com os resultados. Tem sido assim desde Eva, a maçã e o mau humor de Adão quandoele teve que procurar outro lugar para viverem após a ordem de despejo. O tiranossauro Rex tentou mostrar ao destino que ele era o rei do mundo jurássico gritando de peito aberto do alto de uma montanha durante a tempestade de poeira quando o meteoro caiu, e não deu certo.

As pessoas mais experientes vão atestar que é uma verdade universalmente conhecida, tanto quanto temida, que o destino sabe brincar com as nossas vidas. E não o contrário.

O Fitzwilliam Darcy de alguns meses atrás diria que o destino não tinha nenhuma influência em sua vida. Desde que alcançou a maioridade ele tomou as rédeas da sua vida, livrando-se da jurisdição de seus tios e assumindo controle de sua herança, uma das cinquenta maiores da Inglaterra. Uma vez independente financeira e judicialmente, William Darcy, como ele preferia ser conhecido, declarou independência das dores de um órfão milionário.

Ele sempre lutou contrao rótulo de “pobre menino rico”. Seus pais haviam falecido consecutivamente, porém não conjuntamente, deixando filhosórfãos ainda na terceira infância. Primeiro seu pai descobriu que sua dificuldade em respirar era algo muito pior doque o hábito de fumar charutos, e a doença o levou à morte em menos de um ano. Sem saber como lidar com a dor, o coração de sua mãe enfraqueceu tanto que acabou por parar de bater logo depois. Duas crianças inesperadamente deixadas nas mãos dos irmãos de sua mãe, que os criaram com todo carinho sem fazer distinção entre seus próprios filhos, mas que infelizmente não eram seus pais.

 Quando Darcy completou amaioridade ele estava terminando a faculdade. Os poucos anos restantes e os seguintes de MBA calcificaram nele a certeza de que sua vida lhe pertencia e a ninguém mais.

Rico, bonito, educado. Já que seus pais saíram de cena sem cerimônia no meio do primeiro ato, ele poderia decidir como conduziria o restante da obra prima. Assim, Darcy decidiu que a segunda metade dos seus vinte anos seria vividasem limitações, e para tanto, todas as responsabilidades ligadas à gerência de sua fortuna continuariam a ser de seu tio Earl Fitzwilliam e de sua tia Catherine F. de Bourgh.

Gentil nas ações, porém nem sempre nas palavras, caladão, arrogante. Darcy sabia que seu jeito incomodava algumas pessoas. Considerando que ele se sentia bem consigo mesmo e Gegê estava de bem com avida, pouca coisa mais tinha importância suficiente para fazê-lo rever suas crenças.

Poliglota, prático, sagaz. Desde que decidiu curtir seus vinte e poucos anos, Darcy tinha visitado todas as capitais da Europa e boa parte de suas belezas escondidas, o que a Ásia e a Oceania tinham para lhe oferecer de bom e a América do Norte. Viajar era seu hobby, que era interrompido somente quando ele era requisitado para compromissos familiares inadiáveis: Gegê, sempre que os irmãos combinavam de passar tempo juntos, festas de aniversários e eventos que necessitavam de sua presença VIP para fins marqueteiros.

Uma das empresas da família era uma rede mundial de hotéis de luxo que algumas vezes por ano sediava eventos de gala para angariar fundos para obras de caridade. Nessas ocasiões, para levantar a atenção da mídia, os herdeiros solteiros eram convocados para abrilhantar a festa, imitando a nova geração das famílias reais Europeias. William e Gegê Darcy, Anne de Bourgh eGray Fitzwilliam eram os príncipes do reino De BourghHotels e planavam majestosamente em roupas de grife e joias exuberantes durante tais eventos.

Foi por causa doBaile de Gala do De Bourgh Amsterdam que Darcy deixou Gegê curtindo sua depressão em Pemberley, sua fazenda no norte da Inglaterra, e foi com seus amigos mais chegados para a Holanda. Foi assim que Darcy conheceu Lizzy Bennett.

Morena, graciosa, atrevida. Filha de pai Inglês, ela era um furacão que tomava conta de qualquer ambiente apesar da sua estatura mediana. A pele bronzeada pelo sol de Ipanema, o inglês fluente apesar do sotaque carioca carregado e as maneiras espontâneas compunham um cartão de visitas excelente que fazia Lizzy cativante.

Petulante, intrigante, instigante. Quando Darcy foi apresentado à nova paixão de seu amigo de escola,Charles Bingley, que o acompanhava na Holanda, achou incomum uma família tão grande. Jane Bennett tinha quatro irmãs. Dentre elas, a única que Darcy “viu” foi Elizabeth.

Audaciosa, impulsiva,questionadora.Qualquer um que já a tenha abraçadopoderia dizer como ele estava se sentindonas poucas ocasiões que Amsterdam lhe proporcionou de tê-la em seus braços. Após alguns poucos dias juntos, Darcy não poderia negar que ela tinha mexido com ele. A moça tinha cabelinho nas ventas!

Amsterdam foi até generosa com Darcy lhe apresentando Lizzy no momento em que achar uma ficante não estava em seus planos. Para ser sincero,Amsterdam tinha sido bastante generosa com ele. Também cruelmente gaiata. Primeiro o destino criou a demanda e depois lhe informou o custo altíssimo.

Quando Lizzy o atropelou no labirinto vivo no parque das flores, o abraço foi inesperado e momentâneo. Depois, quando ele finalmente a achou no fim da noite resolvendo o mistério do seu desaparecimento, Darcy não a abraçou porque ele tinha um autocontrole invejável. Tal qualidade foi especialmente posta à prova na noite em que Lizzy o beijou e fugiu logo depois. Pelo menos foi esta a maneira que ele leu a situação.

Ela tinha uma maneira deliciosa de flertar com ele, fazendo insinuações por muitas vezes inocentes, por vezes maliciosas,o instigando com espetadas que vinham acompanhadas de um irresistível desafio no seu olhar. E como Lizzy sabia se comunicar com os olhos...

Ela era mais nova que ele, na verdade ela tinha a idade de Gegê.Mas o problema não era esse.

Qualquer um que já a tenha desejado tentaria lhe dizer o que ele sentia por dentro. Era uma bagunça em seu ordenado universo, uma presença explosiva e inesperada. Como ele poderia resistiràvontade de convidá-la para dançar no baile de gala? Ela estava linda de salto e vestido de noite, bem diferente do jeito moleca estilosa que ele tinha visto até então. E ele, que já a tinha achado muito interessante antes, ficou hipnotizado quando viu suas belas pernas bronzeadas dentro de meias de seda.

A única coisa que Darcy sempre quis era a impressão de que ela não estivesse fingindo, mas depois que a ouviu conversar tão animadamente com ninguém menos que George Wickham, a memória das lágrimas e do silêncio de Gegê tomaram conta dele.

Darcy nunca gostou das aventuras cariocas de Gegê, tinha detestado a ideia desde que soube. Mas ele tinha liberdade para viver sua vida como queria,e isso significava que não tinha controle sobre as vidas das pessoas queridas e próximas a ele. Responsabilidade era algo que Darcy definitivamente não queria assumir.

Gegê e Lizzy... A mesma idade, morando na mesma cidade, no mesmo bairro, se relacionando com as mesmas pessoas... Certamente Lizzy também estava envolvida pelo mesmo canalha, o tom da conversa deles dizia isso a um bom entendedor.

O único que Darcy nunca poderia pensar... Wickham!

Espere um minuto, como ele não pôde ver? Era o destino lhe mostrando que ele não controlava nada que não lhe fosse dada a chance de controlar.

Darcy poderia decidir o destino de sua próxima viagem, se embarcaria em voo particular ou público, se seria noverão ounoinverno.Mas não decidiria quando conheceria uma mulher que mexeria tanto com ele, quando ia querer cair das estrelas diretamenteem seus braços. Da maneira que Darcy via, era como se eles tivessem uma conexão direta esperando para ser estabelecida, mas que sofria a interferência maléfica daquele desgraçado interesseiro de bosta.

Darcy podiasenti-la... Mas mesmo assim fugiu.

Foi embora de Amsterdam sem trocar contatos ou promessas.

Ele esperava que Lizzy o compreendesse. Apesar do fato de que nenhuma explicação tenha sido oferecida ou requisitada.

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Meses passaram e Darcy teve a distinta noção de que sua vida voltara aos trilhos. Seu universo estava novamente em ordem e ele retomou seus planos de viajar pelo mundo. Gegê finalmente parecia estar dando a volta por cima, Bingley havia desistido da tolice de também passar algum tempo no Rio de Janeiro e agora estava no Canadá com a irmã, seus tios não o amolavam com os negócios e, como bônus,Gray tinha arranjado tempo para acompanhar Darcy pelo mundo.

Depois de muita discussão, os primos concordaram em seguir os planos de Anne e fazer o caminho de Santiago de Compostela. Não que algum dos três fosse particularmente religioso, mas o passeio era afamado. Não que algum dos três - especialmente Darcy–tivesse consideradoprecisar refletir sobre os rumos que sua vida tomava, mas a rota tinha uma mística inegável. Não que algum dos três tenha dadoimportância ao misticismo, mas o livro que romanciava a jornada era um best-seller.Um best-seller escrito por um brasileiro.

E de novo Elizabeth Bennett invadia a vida de William Darcy.Num intrincado vai e vem do destino que caprichosamente jogou o taciturno milionário para cá e para lá entre as fronteiras da França, Espanha e Itália, num zig-zag de luxo, Darcy acabou descobrindo que novamente estava na mesma cidade que Lizzy.

Não havia nele maneira de expressar a surpresa ao ouvir de sua enfadonha tia que “a menina Brasileira”tinha excelentes ideias e queera uma pena ela ainda não trabalhar para eles como a amiga Charlotte Lucas.

Charlotte,amiga, brasileira, menina. Se as bolhas nos seus pés não oincomodassem tanto, Darcy perceberia que o ritmo do seu coração era o responsável pelo seu desconforto.

Depois dos últimos meses empurrando-a para fora de sua mente, vê-la em pessoa e ouvir seu riso espontâneo era fantástico. E o seu olhar desafiador estava ainda mais afiado. Ele escolhia o que falar para que sua observação disparasse nela o desejo de apertar os olhos negros, respirar fundo e provoca-lonuma réplica que mereceria uma tréplica, e o flerte era absolutamente irresistível.

Gray era o primo mais próximo que Darcy tinha, e talvez seu amigo mais leal. Bingley tinha mais tempo disponível, já que sua fortuna lhe propiciava imitar o amigo na exploração do planeta pulando de um hotel de luxo para o próximo. Gray trabalhava duro fazendo a vida fora do império da família e só tinha tempo para acompanhar o primo mais novo nas férias.

No momento que Gray testemunhou a troca de farpas entre seu primo e a gostosinha Sul Americana, ele soube que Darcy estava perdido. Quando Darcy comentou sobre a menina que tinha conhecido em Amsterdam, Gray pensou que era meramente uma atração passageira. Como Darcy nem tinha o telefone da mulher, o que mais poderia acontecer entre eles?

Mas vendo os dois juntos, dava para sentir a vibe entre eles, era como se fosse palpável, dava para ver no ar. E Darcy estava de quatro. Ela tinha uma maneira diferente de flertar com seu primo.Parecianão gostar dele,na verdade, mas como Gray nunca tinha namorado ninguém dos trópicos, ele não tinha como saber se era algum costume peculiar. Assim ele deu força ao primo quando este decidiu investir.Mas o destino tinha mais uma surpresa guardada para Darcy.

Para o homem que tinha tentado feri-lo, contando mentiras para Lizzy sobre Gegê, Darcy poderia facilmente explicar o modo como se sentia. Arrasado.

Depois de tê-la em seus braços por uma noite inteira, ele a havia perdido irrevogavelmente. Desiludido.

Darcy suspeitava de que ouviria as palavras de Lizzy reverberando em seus ouvidos para sempre num modo repetição infinito. Destruído.

Por todo o ciúme que ela lhe causou falando do idiota Wickham com carinho enquanto deixava claro para Darcy o quanto ela o desprezava.Humilhado.

‘Eu só te dei uma chance porqueGegê insistiu que você era uma boa pessoa!’ Lizzy havia rugido no auge da ira.

Nem sozinho no quarto escuro, onde ela o havia deixado, ele poderia declarar a razão pela qual tentou esconder a verdade sobre o detestável Wickham. Por um segundo,Darcy cogitou expor toda a nojeira que seu amiguinho tão querido era capaz de causar na vida dos outros, mas não conseguiu. Apesar da maneira e do que Lizzy lhe disse Darcy não queria brigar com ela. Não com ela. Não sobre isso.

E todas as coisas que ela o havia ensinado no instante em que Darcy entendeu a real intenção dela nas insinuações, que ele acreditava serem flertes, haviam enviadoseu futuro para dimensões mais claras. De repente as cores ficaram mais nítidas, tudo entrou em foco. Lizzy não era intrigante, ela era direta.

Agora ele se via(ou sabia ou simplesmente via – depende do que você quis dizer) como ela o via: um playboy abominável e aborrecível.Ela repudiava a maneira descuidada que ele levava a vida e Darcy não havia sido capaz de perceber seu desprezo.

Tudo ficou tão claro que incomodava os olhos.Uma dimensão tão bem determinada com vetores palpáveis, onde ela era oposta a ele. Considerava-sequase uma adversária.

Ela nunca saberia o quanto o havia ferido simplesmente porque ele nunca contaria. Nem a ela nem a ninguém. Ela e Gegê se falavam com alguma frequência e mesmo assim ele não soube de nada, não percebeu nada, não entendeu nada.

‘Fique um minuto, não pode ver?’ Ele tomou fôlego para falar antes que se despedissem para sempre. ‘Que eu... Eu quero cair das estrelas diretamente em teus braços?Eu... Eu sinto você e esperava que você tivesse me compreendido. ’Mas faltou coragem.

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Muitos corações estavam partidos no momento.Um em Londres, sentado em frente ao computador olhando o formulário de e-mail em branco enquanto a cabeça não conseguia achar palavras para explicar o que o seu dono sentia, como deveria se desculpar, como deveria explicar o que realmente aconteceu e como pediria uma segunda chance.

Outro no Rio de Janeiro, levando a vida da mesma forma que fazia antes daquele encontro na Europa. Sua dona seguia sua rotina de faculdade e trabalho, mas agora parecia faltar alguma coisa quenunca havia estado presente. O pior era a distinta e indesejada sensação de lacuna em branco.

A dor no arrependimento era muito cruel, tanto do lado direito quanto do esquerdo do Atlântico. As infindáveis possibilidades do que poderia ter acontecido e como deveria ter acontecido davam piruetas nas cabeças de Lizzy e Darcy incessantemente, por mais que eles quisessem passar por cima de tudo.

Uma promessa de amor nunca vem com um talvez.Tantas palavras foram deixadas por dizer e tantas outras ditas para ferir.

Se ela não tivesse sido tão explosiva... Mas ele foi absolutamente cretino! Se ele tivesse sacado que ela era a amiga que Gegê falava tanto... Mas ela sabia e não falou nada. Se os dois não estivessem tão bêbados... Mas estavam e se deixaram agir por instinto.

As vozes silenciosas estavam deixando-olouco. Darcy não iria conseguir dar a volta por cima se não tentasse o perdão. Ele tinha que se explicar e fazê-la ver o que ele via.

“Depois de toda a dor que me causou, fazer as pazes pode nunca ser sua intenção.

Você nunca saberá o quanto me feriu.”

Ele digitou. Parou por um instante,olhando para a tela do seu computador sem ver nada e depois leu, iluminou tudo e apertou delete.

Por que ela não conseguia ver que ele cairia das estrelas diretamente emseus braços?Ele a sentia tão perto e ao mesmo tempo tão longe...Esperava, não,queria que ela compreendesse.

Do outro lado do mundo ela estava pronta para cair das estrelas diretamente nos braços dele. Ela o sentia muito mais perto do que gostaria.Mas não compreendia.

 

.FIM.


Que tal?

Leia o livro!

Ame Jane Austen! 💕

Seja SUPER FÃ

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Inacreditável: Jane Austen entrou no filme da Barbie

 Olá,

como o PODCAST SINCERICÍDIO LITERÁRIO fala de livros, filmes, royals e fofocas, claro que a sensação do cinema deste ano estaria lá. E qual não foi minha surpresa quando eu vi Orgulho e Preconceito inserido na narrativa não contada?

Quer saber qual é a verdade sobre esse easter egg?


É puro GASLIGHTING

Ao contrário do marketing do filme cujos personagens são brinquedos para meninas de 3 a 12 anos, eu não te escondo o raciocínio deste artigo. Nem que pedi ajuda a várias ferramentas de Inteligência Artificial e nenhuma conseguiu explicar o que eu queria te mostrar. Toda vez que elas ajudaram, vou te avisar.

 Tudo bem se você curtiu o filme, talvez até tenha achado graça do momento em que a boneca derrotada desiste de qualquer luta gera um novo produto: Barbie depressão.



Mas você não pode negar que o marketing extremamente agressivo desse filme nunca, em momento nenhum, assumiu seu viés militante. Ao contrário, o CEO da Mattel correu para desmentir quando os atores e a diretora deixaram escapar que o filme era feminista, o que seria o esperado já que a boneca é uma moça sozinha que tem casa, carro, profissão, etc, etc.

Olha o que a apresentadora de um programa de TV muito militante no USA fala do filme. Quero te mostrar porque é possível que você esteja pensando isso também, e vou te falar o que está por trás disso mais abaixo.

"É um filme sobre uma boneca! Eu pensei que vocês ficariam felizes por ela não ter genitália, então não há sexo envolvido. Ken não tem genitália. (...) As crianças sabem que é colorido e é a Barbie, que eles não viveram o que os adultos viveram e não pensam em sexo quando estão vendo este filme, não é assim que eles são vendo para em Ken. As crianças estão vendo um filme da Barbie! "

PROPAGANDA ENGANOSA

E até achei curioso ver essa entrevista da diretora e da atriz em que ambas são extremamente mal articuladas, falam com linguagem adolescente usando 'tipo' (like em inglês) 96 vezes em 20 minutos de entrevista (Sim, eu contei.). Sei que são mulheres muito inteligentes e de sucesso em suas carreiras, como a Barbie. Então por que falam tão mal nessa entrevista??

Porque estão escolhendo palavras

entrevista 'GG e MR discutem o surpreendente feminisno de Barbie' de 12.07.2023

Esse filme da livremente baseado na boneca Barbie faz uma abordagem aparentemente alegre e é nesta capa de leveza e sátira enquanto recheia o maravilhosamente lindo mundo cor de rosa da boneca que eu amo desde que a vi pela primeira vez.

O que é esse recheio: mensagens subliminares

IA diz: O uso de mensagens subliminares em imagens ou conteúdos tem o objetivo de influenciar o público de maneira sutil, sem que essas mensagens sejam percebidas conscientemente. Essas mensagens são incorporadas de forma dissimulada, muitas vezes abaixo do limiar de percepção consciente, mas teoricamente captadas pelo subconsciente. 

Acha que eu pirei, né?


Neste cena da batalha de dança dos Kens, sua atenção ficou presa na beleza masculina dos atores e na memória afetiva de Michael Jackson e Grease (até a meia aparecendo!) ou você reparou o simbolismo e erotismo para a anatomia feminina que piscou na tela?

Eu só reparei porque isso é logo depois do clipe de Orgulho e Preconceito e eu já estava louca da vida com a ligação de 

JANE AUSTEN COM DEPRESSÃO FEMININA

Segundo IA, o intuito por trás do uso de mensagens subliminares pode variar, e existem diferentes teorias e práticas relacionadas a esse assunto. 

  • Influenciar Comportamentos; 
  • Reforçar Mensagens;
  • Estimular Consumo;
  • Criar Impacto Emocional.

A eficácia e a ética do uso de mensagens subliminares são assuntos controversos, é até considerados ilegais em certos contextos, especialmente em publicidade. O ideal em um mundo ideal seria que seu uso em estratégias de comunicação fosse transparente respeitando a privacidade e a liberdade do público-alvo.



Você pode não saber, mas essa piada é bem velha. Jane Austen é ligada a mulher velha ou infeliz ou mal casada ou solteirona ou cheia de gatos ou feia ou sem amigos, etc, etc.


Eu odeio essa piada

Entrei em Austen Nation em um momento da minha vida que precisava de muito apoio emocional, e achei amigos em Darcy & Lizzy. Tenho ciúme e quero protegê-los de gente que não os entende, por isso comecei um Instagram dedicado a apresentá-los a quem está começando em Austen Nation. 

Neste Easter Egg da Barbie Depressão, a obra de Jane Austen apareceu como ironia e sátira supostamente representando essa fonte de endorfina

Talvez se você, como eu, já conhece O&P, você até se identificou!... Pensou em todos os momentos que visitou Meryton para achar segurança e felicidade. 

Mas e quem não conhece a obra?

Esta é a associação que essa pessoa fará:


Percebe a covardia com quem ainda não ama Jane Austen?

Assim como ela picotou e remontou Little Women (Mulherzinhas, filme de 2019), essa diretora/roteirista fez um quebra-cabeças esquisito para passar mensagens que para ela, são super importantes para mulheres jovens - já que ele é direcionado ao público feminino até 39 anos.

"... saí deste filme sentindo nada, isso atrapalhou o desenvolvimento dos personagens. Não me comoveu em nada. A estrutura do filme tira totalmente o peso emocional da história e isso é um verdadeiro crime em uma obra como Little Women."

Veja essa crítica aqui. Recomendo.

Não precisa me dizer que o filme não é para crianças porque eu vi o marketing usando a boneca, a logo da boneca, o rosa, os vestidinhos, a caixa da boneca para você entrar, etc, etc. E ele foi lançado nas férias escolares. E tem bonecas especiais do filme. E já falei que esconderam o viés de feminismo.

"...não é que homens e mulheres tenham que se ignorar, é que (no filme Barbie) as mulheres tiveram que manipular os homens para que agissem como mulheres para conseguir vencer."

Veja essa análise aqui.

A ironia maior de todas está em Austen sempre defender e questionar a situação feminina em suas obras. Aqui no blog você acha análises detalhadas de várias obras dela, mas vou te dar uma lista aqui como IA me deu.

O termo "depressão" como entendemos hoje nunca apareceu em suas obras. Porém, existem conexões entre os desafios e as expectativas sociais enfrentadas pelas mulheres e o impacto que essas circunstâncias podem ter sobre seu bem-estar mental

"Razão e Sensibilidade": Marianne Dashwood experimenta uma profunda turbulência emocional depois que seu coração é partido pelo Sr. Willoughby. Sua dor e sensibilidade exemplificam as lutas emocionais que as mulheres podem enfrentar devido ao amor não correspondido.

"Orgulho e Preconceito": Elizabeth Bennet lida com as pressões e expectativas da sociedade, principalmente em relação ao casamento. O peso da situação financeira de sua família e a intromissão incessante de sua mãe podem ser uma fonte de angústia.

"Emma": Harriet Smith enfrenta sentimentos de inadequação e desgosto devido à sua afeição não correspondida pelo Sr. Knightley. Suas lutas destacam os desafios emocionais das mulheres jovens em uma sociedade hierárquica.

"Mansfield Park": Fanny Price experimenta sentimentos de alienação e baixa auto-estima ao viver com seus parentes mais ricos em Mansfield Park. Sua constante dúvida e falta de arbítrio podem ser vistas como reflexos de possíveis temas depressivos.

"Northanger Abbey": a imaginação hiperativa de Catherine Morland e a suscetibilidade a fantasias góticas levam à ansiedade e à dúvida, mostrando o impacto dos pensamentos íntimos de alguém no bem-estar mental.

"Persuasão": Anne Elliot enfrenta arrependimento e melancolia depois de rejeitar a proposta do capitão Wentworth anos antes. Sua jornada emocional demonstra os efeitos duradouros de decisões passadas na psique de uma mulher.

"Lady Susan": A personagem titular, Lady Susan Vernon, manipula e explora os outros para atingir seus objetivos, destacando o impacto emocional que tal comportamento pode ter tanto no manipulador quanto no manipulado.

"Sanditon": Miss Lambe, uma jovem mestiça, lida com questões de identidade e pertencimento em uma sociedade predominantemente branca, abordando as lutas emocionais enfrentadas por mulheres marginalizadas.

"Amor e Amizade" (conto da Juvenília): A protagonista, Laura, navega pelas complexidades do amor e dos relacionamentos, que podem ser uma fonte de turbulência emocional para as mulheres daquela época.

"The Watsons" (romance inacabado): A personagem Emma Watson enfrenta o desafio de encontrar um par adequado em uma sociedade onde o casamento costuma ser o objetivo principal das mulheres, refletindo as pressões emocionais que elas vivenciaram.



Enquanto os romances de Jane Austen exploram principalmente temas de amor, casamento e expectativas sociais, eles indiretamente lançam luz sobre as lutas emocionais e os desafios enfrentados pelas mulheres durante o período da Regência. 

É essencial lembrar que a compreensão e a interpretação da saúde mental e do bem-estar emocional evoluíram significativamente desde a época de Austen.

Percebe que enfiando esse Easter Egg na Barbie Depressiva, GG foi extremamente injusta com Austen? Por que ela não foi inserida em outro cenário? Ken vai à biblioteca, pega livros, estuda. Barbie poderia ter achado Austen em sua jornada no mundo real. Os filmes que ele assiste são vistos como obras de referência - mesmo que para fazer graça do personagem, o vilão-vítima que só quer amar.

Ao examinar os comentários do filme, podemos que as pessoas estão se deixando levar pela capa cor de rosa, achando que tudo é inocente e muito divertido no desafio das narrativas tradicionais, mas deixa passar a mensagem subliminar da 

narrativa não contada

Este termo, segundo IA, refere-se a informações ou histórias que não são expressamente comunicadas/compartilhadas, seja em um contexto específico, uma mensagem, ou em um determinado conteúdo. Elas podem ser subentendidas, sugeridas ou implícitas, mas não são abordadas de forma explícita. 

É importante ter em mente que a narrativa não contada pode ser uma estratégia poderosa para envolver o público e permitir que as pessoas construam suas próprias interpretações. Por outro lado, também pode levar a mal-entendidos, interpretações equivocadas ou até mesmo manipulação se não for usada de forma ética e transparente.

Portanto, tanto em comunicação quanto em interações sociais, é fundamental ser consciente e transparente sobre o que está sendo dito explicitamente e o que está sendo subentendido ou não contado. Isso ajuda a garantir uma comunicação clara e uma compreensão mais precisa da mensagem transmitida.

Mas por que, meu Deus, por que inserir Orgulho e Preconceito neste momento específico do filme e da trama do romance?

Se você não percebeu, é Hunsford, meu momento favorito de todos os favoritos de O&P porque é quando... 

Darcy cai do cavalo.

Chega, vou parar por aqui para não contar que também é quando Lizzy faz papel de idiota repetindo mentiras do boy lixo e mostrando quão inocente, ingênua e facilmente manipulada ela é - mesmo que se acha super sagaz.

Chega, né, você já entendeu.

até mais, M.

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leia mais pesquisas sobre Jane Austen

leia romances & contos gratuitos inspirados em O&P

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obs.: pesquisei muito aqui, aqui, aqui, aqui e no Youtube e usando ferramentas de IA ChatGPT, Junia, Writesonic, Midjourney. Mas foram tantas perguntas em tantos momentos que já não sei quem me respondeu o quê. Midjourney é só imagem mesmo.

Segredos dos Contos de Fadas que você precisa saber

 olá,

este é o terceiro e último post sobre os Contos de Fadas. Pelo menos por enquanto! Neste vamos um pouco mais fundo nos segredos que você deveria saber sobre a VERDADE contra as versões COMERCIAIS que te empurram.



Vamos mergulhar nisso!

Contos de fadas são histórias ricas que vêm sendo passadas de geração para geração há seculos, e por isso, sofrem modificações e e adaptações ao longo to tempo.

Veja alguns pontos onde as versões originais diferem das versões conhecidas incluindo pontos sombrios e como eles foram amenizados para alcançar público mais amplo:


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Cinderella

A versão mais famosa de Cinderella é a de Charles Perrault, entitulada "Cendrillon," publicada 1697. Nesta versão Francesa, Cinderella recebe ajuda de uma fada-madrinha e vai ao baile onde perde o sapato de cristal. Os irmãos Grimm Brothers também incluiram a versão Alemã entitulada "Aschenputtel".

É curioso dizer que o nome Cinderella vem da maldade de unir seu nome 'Ella' com 'cinder' ou cinza já que a garota era criada doméstica que, dentre outras funções, limpava lareiras cheias de cinza.

Ponto Sombrio: na versão original, as meias-irmãs cortam os dedos dos pés para que caibam no sapatinho, o resultado é sanguinário.

Versão Amenizada: nas versões modernas, as meias-irmãs simplesmente experimentam o sapato sem causar autoflagelamento, fazendo o final bem menos lúgrube.


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Chapeuzinho Vermelho

A versão mais antiga de Chapeuzinho Vermelho é a do século 10 que tem muitas variações ao redor da Europa. A história foi editada e popularizada por Charles Perrault como "Le Petit Chaperon Rouge" em 1697. Os irmãos Grimm também incluíram sua própria versão em "Grimm's Fairy Tales."

Ponto Sombrio: nas versões originais, Chapeuzinho Vermelho e sua avó são devoradas pelo lobo, sem final feliz.

Versão Amenizada: nas versões modernas, uma figura heróica sempre salva Chapeuzinho e a avó da barriga do lobo incluindo um tom surreal à história, liberando a menina de arcar com as consequências de seus atos.

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Branca de Neve

A versão mais conhecida de Branca de Neve foi popularizada pelos Irmãos Grimm na sua coleção "Grimm's Fairy Tales," cuja primeira publicação ocorreu em 1812. Porém, histórias similares forma encontradas em várias culturas ao redor do mundo através dos séculos.

Ponto Sombriona versão original dos Grimm, a rainha má é forçada a dançar até a morte no casamento de Branca de Neve usando sapatos de ferro incandescente.

Versão Amenizada: muitas adaptações omitem as punições sombrias para a rainha, optando por soluções menos violentas mesmo que incluam morte.

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Bela Adormecida

A hisória da Bela Adormecida tem várias versões originais com diferentes ângulos nas diversas culturas. Charles Perrault's entitulou sua versão de "La Belle au bois dormant" ao publicar em 1697, já os Irmãos Grimm incluíram variantes e chamaram de "Briar Rose" na sua coleção.

Ponto SombrioIn earlier nas primeiras versões, o rei engravida a moça ainda dormindo e ela só acorda no parto enquanto dá a luz.

Versão Amenizada: adaptações modernas geralmente pulam essa parte controversa focando mais no romance e no beijo que quebra a maldição.

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Bela e a Fera

A mais famosa versão de "Beauty and the Beast" foi escrita pelo novelista Francês Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve, publicada em 1740. A história já foi recontada e adaptada inúmeras vezes desde então.

Ponto Sombriona versão original, as irmãs da Bela são ciumentas e fazem de tudo para mantê-la longe da Fera, mas seu destino é cruel.

Versão Amenizada: Algumas adaptações tiram a negatividade das ações das irmãs e lhes dão qualidades que redimem suas personalidades.

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João e Maria

"João e Maria" é um Conto Alemão incluído na coleção dos Irmãos Grimm de 1812. Ele fala de dois irmãos que se perdem na floresta e encontram uma bruxá má em uma casa de biscoito de gengibre.

Ponto Sombrio: o conto original inclui abandono parental, cárcere privado, canibalismo, bruxaria e manipulações para cozinhar e comer Maria.

Versão Amenizada: versões modernas geralmente amenizar o papel dos pais e a maldade da bruxa, fazendo o conto menos lúgrube e sombrio.

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A pequena Sereia

A versão original de "Pequena Sereia" foi escrita por Hans Christian Andersen e primeiro publicada em 1837. Diferente da adaptação da Disney, a versão de Andersen's é acredoce, pois a sereia se sacrifica em favor de seu amado.

Ponto Sombrio: na versão original de Andersen version, a sereia sofre dores excruciantes a cada passo que dá com seus pés humanos.

Versão Amenizada: algumas adaptações omitem ou adoçam esse aspecto negativo de ser humana para focalizando mais no romance do que no sacrificio - que é bem menor.


Cada cultura cria sua própria versão para os Contos de Fadas. Com o tempo, essas histórias são adaptadas e modificadas para atender a diferentes públicos e preferências culturais.


Muitas histórias clássicas sofreram simplificações e infatilização para se tornarem mais palatáveis para crianças e/ou serem adaptadas à normas e valores culturais. Já falei disso nos outros posts dessa série, veja links abaixo. 

E, claro, essas mudanças foram feitas por várias razões, desde sensibilidades até o desejo de criar narrativas mais focadas no públic infantil - mesmo que ainda explorem ângulos cavernosos e assustadores. 

vecteezy


Resumindo...
entender o que está por trás dos Contos de Fadas nos ajuda avalorizar as narrativas & mensagens. Mais importante ainda, faz com que compreendamos o quanto elas nos influenciam.



E aí, o que você acha?
Veja os outros posts sobre esse assunto:

Segredos de Contos de Fadas que você precisa saber.

E me deixe sua opinião aqui em baixo!

M.



Este post foi montado com ajuda de Chat GPT, revisado and enriquecido por Moira B.