olá!
Mais uma parte deste projeto que tem me ocupado por meses! E que lindeza!
JANE AUSTEN JUVENÍLIA
Os cadernos da Jovenzinha Jane
Faz tempo que tenho me dedicado a este projeto com muito carinho e muito cuidado. Porque traduzir Jane Austen não é moleza! Quando penso nos feras que já fizeram e no quanto amamos Austen sinto um frio na barriga! Conto todos os detalhes aqui.
Pesquisei muito, revisitei meus arquivos dos cursos que fiz e discussões sobre a obra que já participei, revi palestras e li análises críticas, tudo para te trazer textos caprichados!
O VOLUME 1 que é a ÍNTEGRA do Volume Primeiro que Jane Austen nos deixou. E é uma graça!
O VOLUME 2 que sai agora é fogo no parquinho! Você não imagina a boca suja da Jovenzinha Jane! Nem dá para acreditar!...
Todas as revisoras me perguntaram: foi Jane mesmo que escreveu isso??
Mas quero te mostrar meu conto favorito entre os 13 que compõem esse Volume 2:
*****
Carta de uma jovem dama em situação complicada para uma amiga
Alguns dias atrás eu estava em um baile privado dado pelo Sr. Ashburnham. Como minha mãe nunca sai, confiou-me aos cuidados de Lady Greville, que me deu a honra de me pegar no caminho e de me deixar sentar virada para frente , o que é um favor pelo qual sou muito indiferente, especialmente porque sei que é considerado um grande atenção comigo.
― Então, senhorita Maria ― disse sua Senhoria ao me ver chegando na porta da carruagem ― você parece muito bem vestida esta noite. Minhas pobres meninas estarão bastante em desvantagem em relação a você. Eu só espero que sua mãe não tenha feito muito esforço para prepará-la. Você está com um vestido novo?
― Sim, senhora. ― respondi com tanta indiferença quanto possível.
― Sim, e é bem bonito, eu acho ― acreditando ser esta a permissão dela, eu me sentei ao seu lado ― Eu ouso dizer que é muito bonito. Mas eu devo dizer, porque você sabe que eu sempre falo o que penso, que eu acho foi um gasto bastante desnecessário. Por que você não pode usar o seu velho listrado? Não é meu jeito de criticar as pessoas porque elas são pobres, porque eu sempre acho que elas são mais para desprezar & lamentar do que culpar por isso, especialmente se elas não podem remediar, mas ao mesmo tempo devo dizer que, na minha opinião, seu velho vestido listrado teria sido bastante bom para quem o usa, porque para dizer a verdade - sempre falo o que penso - tenho muito medo de que metade das pessoas na sala não saberá se você porta um vestido ou não. Mas suponho que você pretende fazer seu destino esta noite. Bem, quanto antes melhor; & desejo-lhe sucesso.
― Na verdade, senhora, eu não tenho essa intenção -
― Quem já ouviu uma jovem admitir que ela era uma caçadora de fortunas? ― Miss Greville riu, mas tenho certeza de que Ellen ficou constrangida por mim.
― Sua mãe foi para a cama antes de você sair? ― disse Sua Senhoria.
― Cara senhora ― Ellen disse ― são apenas nove horas.
― Verdade Ellen, mas velas custam dinheiro, e a Sra. Williams é sábia demais para ser extravagante.
― Ela estava sentando para cear, Madame -
― E o que ela ia comer?
― Eu não observei.
― Pão e queijo, suponho.
― Eu nunca desejaria uma ceia melhor. ― disse Ellen.
― Você nunca tem motivo algum ― respondeu sua mãe ― pois uma melhor é sempre fornecida para você.
Srta. Greville riu excessivamente, como ela sempre faz com a sagacidade de sua mãe.
Tal é a situação humilhante em que sou forçada a estar enquanto andava na carruagem de sua Senhoria - não ouso ser impertinente, pois minha mãe está sempre me aconselhando a ser humilde e paciente se eu quiser viver na sociedade. Ela insiste em que eu aceite todos os convites de Lady Greville, ou você pode ter certeza de que eu nunca entraria em sua casa ou em sua carruagem com a desagradável certeza que sempre tive de ser maltratada por minha pobreza enquanto estou nelas.
Quando chegamos a Ashburnham, eram quase dez horas, o que era uma hora e meia mais tarde do que desejávamos ter chegado; mas Lady Greville é elegante demais (ou ela imagina que é) para ser pontual. A dança, porém, não tinha começado pois esperavam pela Srta. Greville. Eu não tinha estado há muito na sala antes de ter combinado dançar com o Sr. Bernard, mas quando íamos tomar a posição, ele se lembrou de que seu criado havia pego suas luvas brancas & imediatamente correu para buscá-las. Neste meio tempo a dança começou & Lady Greville, a caminho de outra sala, passou exatamente na minha frente. Ela me viu & instantaneamente parando, disse-me apesar de que havia várias pessoas perto de nós:
― Ei, senhorita Maria! O que, você não consegue arranjar um parceiro? Pobre jovem! Receio que seu vestido novo foi usado para nada. Mas não se desespere; talvez você possa dar um passo antes que a noite acabe.
Dito isso, ela se foi sem ouvir minhas repetidas garantias de estar apenas esperando & e partiu muito irritada por ter sido tão exposta diante de todos. Porém, Sr. Bernard voltou logo & vindo para perto de mim no momento que entrou na sala e me conduzindo para junto dos dançarinos, espero que minha imagem tenha sido limpa da insinuação que Lady Greville lançara sobre ele, aos olhos de todas as velhas damas que ouviram sua fala. Eu logo esqueci todos os meus aborrecimentos no prazer de dançar e de ter o parceiro mais agradável na sala. Como ele é, acima de tudo, herdeiro de uma grande propriedade, eu pude ver que Lady Greville não pareceu muito satisfeita quando descobriu que foi a escolha dele. Ela estava determinada a me humilhar e, portanto, quando estávamos sentados entre as danças, ela veio até mim com mais do que sua habitual presenção insultante, acompanhada pela Srta. Mason e disse alto o suficiente para ser ouvida por metade das pessoas na sala,
― Diga, Mary, em que trabalhava seu avô? Pois a Srta Mason & eu não conseguimos concordar se era uma verdureiro ou encadernador.
Eu percebi que ela queria me humilhar e eu estava decidida que se possível, evitaria que ela visse seu plano dar certo.
― Nem um dos dois, madame; ele era um comerciante de vinho.
― Sim, eu sabia que ele estava de alguma forma xinfrim. Ele faliu, não foi?
― Eu acredito que não, Madame.
― Ele não fugiu?
― Eu nunca ouvi falar disso.
― Pelo menos ele morreu devedor?
― Nunca me disseram isso antes.
― Ora, seu pai não foi tão pobre quanto um rato?
― Acho que não.
― Não esteve na Corte de apelações uma vez?
― Eu nunca o vi lá.
Ela me fulminou com o olhar & se afastou com grande aborrecimento; enquanto eu estava meio encantada comigo mesma por minha impertinência, & meio com medo de ser considerada muito atrevida.
Como Lady Greville estava extremamente brava comigo, ela me ignorou o restante da noite e mesmo se eu a agradasse também teria sido igualmente negligenciada, já que ela estava em um grupo de gente importante & ela nunca fala comigo quando pode conversar com qualquer outra pessoa. Srta. Greville estava com o grupo de sua mãe na ceia, mas Ellen preferiu ficar com os Bernards & eu. Desfrutamos de uma dança muito agradável & como Lady G. dormiu todo o caminho para casa, eu tive um passeio muito confortável.
No dia seguinte, enquanto jantávamos, a carruagem de Lady Greville parou na porta, pois essa é geralmente a hora do dia que ela pensa ser correta. Mandou um recado do criado para dizer que "ela não sairia, mas que a Srta. Maria devia ir até a porta da carruagem porque queria falar com ela, e que devia se apressar e vir imediatamente..."
― Que messagem impertinente Mama! ― disse eu.
― Vá, Maria ― ela respondeu.
Assim eu fiz & fui obrigada a ficar parada lá à mercê de sua Senhoria, embora o vento estivesse extremamente forte e muito frio.
― Ora, senhorita Maria, você não está tão bem vestida quanto ontem à noite. Mas eu não vim examinar seu vestido, mas para lhe dizer que você pode jantar conosco depois de amanhã. Amanhã não, lembre-se, não vá amanhã, pois esperamos a família de Lord e Lady Clermont & a família de Sir Thomas Stanley. Não haverá ocasião para você estar muito elegante, pois enviarei a carruagem. Se chover, você pode levar um guarda-chuva.
Eu mal pude deixar de rir ao ouvi-la me dar licença para me manter seca.
― E por favor, lembre-se de ser pontual, pois não vou esperar, detesto minhas comidas passadas. Mas você não precisa chegar antes da hora. Como vai sua mãe? Ela está jantando, não está?
― Sim, senhora. Estávamos no meio do jantar quando Vossa Senhoria chegou.
― Temo que você esteja com muito frio, Maria. ― disse Ellen.
― Sim, é um vento leste horrível ― disse sua mãe ― asseguro-lhe que mal posso suportar a janela abaixada. Mas você está acostumada a ser golpeada pelo vento, senhorita Maria, e é isso que tornou sua pele tão corada e grossa. Vocês, jovens damas que muitas vezes não podem andar em uma carruagem, não se importam qual o tempo que você enfrentam, ou como o vento mostra suas pernas. Eu não deixaria minhas meninas paradas fora de casa como você faz em um dia como esse. Mas alguns tipos de gente não sentem nem frio, nem delicadeza. Bem, lembre-se de que esperamos você na quinta-feira às 5 horas. Você deve dizer à sua criada para vir buscá-la à noite. Não haverá lua, e você fará uma caminhada horrível para casa. Meus cumprimentos à sua mãe, temo que seu jantar estará frio. Siga em frente, cocheiro.
E ela foi embora, deixando-me muito irritada com ela como sempre faz.
Maria Williams
coitadinha da Maria... |
~ além desta, existem mais 4 cartas na 'Coleção de cartas' incluída neste Volume 2 ~
Gostou?
Uma graça, não é?
Eu devo dizer que continuo apaixonada pela Juvenília!
Eu incluí um sem número de notas te explicando as citações que Austen fez, quem era quem nas dedicatórias, significado escondido nos trocadilhos e datas que ela cita. E olha, Austen neste volume está sem limites! Nossa, cada piadinha suja...
Amei me dedicar a Austen Nation!
**O Volume 2 está disponível em ebook no Kindle Unlimited.**
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** O Volume 3 já está na Kindle Unlimited também. **
As versões em papel brochura e capa dura vêm logo em seguida. Assim como o caderno guia!...
Leia um trecho do Volume 1 aqui.
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Saiba mais do caderno guia aqui.
bjs, M.