Feliz dia dos namorados!
Para comemorar, mais um capítulo de
DISPONÍVEL EM EBOOK E BROCHURA |
Esse capítulo é aquele momento em que a flecha do cupido acerta no alvo, bem no lugarzinho certo. Aqui, o cupido é pretinho, cheiroso e quente: eles se apaixonam por causa do café!
Na verdade, ele se apaixona, ela... Leia!
Vá na página do livro para mais detalhes.
Preconceito, Orgulho & CAFÉ
Livremente inspirado em O&P, fluff, comédia romântica, 18+
Capítulo 2 na íntegra
O ‘Café do Pátio’ era um sonho antigo de Gisele, amiga de
escola das irmãs Marisguia. Cansada das cobranças de sua família para fazer
alguma coisa da sua vida e recém-casada com um homem empreendedor resolveu
começar sua própria cadeia de cafeterias e essa era a primeira unidade. Tinha
treinado um primo para ser barista, pagou cursos e escolheu os melhores e mais
caros cafés da importadora da amiga. Essa primeira unidade de café de qualidade
e valor majorado tinha que dar certo, sabia que ia dar certo, tinha a
supervisão próxima de Antonia.
Business Field era
o retrofit do momento no Centro da
cidade, um enorme edifício reformado no coração da rua Primeiro de Março que
recebeu ambientes modernos, tecnologia verde, dez andares a mais, um heliponto
e os melhores escritórios e empresas da cidade. Haveria restaurantes na
cobertura, mas somente uma cafeteria localizada no jardim interno e não era
para funcionários. A decoração e a tabela de preços direcionavam o café aos
donos dos escritórios e empresas com seus clientes.
Era uma ótima vitrine para o café Colômbia da Importadora Merry Town, por isso a
gerente de importações estava pessoalmente envolvida no estabelecimento do
lugar. E havia muito a ser estabelecido, burocracia infernal que Bernadete
fazia questão, manuais de procedimentos, blends de grãos, máquinas novas em
teste.
Segunda semana aberto e Antonia batia ponto diariamente no
café da amiga e esposa do seu primo mala. De tão íntima, já lhe davam afazeres por
isso procurava passar a menor quantidade de tempo no local, ficava de pé no
balcão resolvendo sua infinita burocracia ansiando estar de volta ao seu
escritório.
‘Olá, boa tarde.’
Antonia ouviu um cliente chegar no balcão, mas não perdeu o
foco do seu trabalho.
‘Boa tarde.’
‘Preciso de um café, mas meu estômago...’
‘Descafeinado?’ Lucas, o barista que se achava dono por ser
primo da dona, sorriu. ‘Posso sugerir um blend-’
‘Não, pingado.’ O
cliente interrompeu. ‘Pode ser?’
Pingado? Foi isso mesmo que ouviu a voz tão grave e sedosa
dizer? Pingado? Antonia suspirou para si mesma e desviou os olhos para ver o
perfil de um homem alto de terno, atlético, charmoso. Se um homem assim
preferia um café de botequim o mundo
estava perdido mesmo...
‘Sei exatamente o que precisa!’
Maurício perdeu alguns segundos olhando de soslaio para o
corpo atraente dentro de um vestido de seda verde ao lado do balcão onde a
mulher charmosa preenchia fichas trocando o peso de um pé em salto alto para o
outro. Por um segundo lhe pareceu que o rosto bonito estava retorcido em uma
expressão de nojo e por mais um segundo considerou se era de alguma forma
relacionado a ele.
‘Aqui, senhor. Um cinnamon
dolce macchiatto.’ O barista sorriu orgulhoso.
Antonia sentiu estremecer. ‘Não, Lucas. Não foi isso que ele
pediu.’
‘Ele pediu um 'pingado', Toni.’ Lucas disse incapaz de
disfarçar seu desprezo.
‘O que ele não pediu foi uma desculpa desprezível para uma vital
dose de cafeína.’ Antonia levantou uma sobrancelha desenhada em uma expressão
de superioridade e olhou do barista para Maurício.
Surpreso e encantado, Maurício balançou a cabeça e prendeu
um sorriso de lado a bebendo com os olhos. Bonita, refinada, gostosa, mandona.
Tentado, definitivamente ele estava tentado.
‘Deixa, vou te mostrar.’ Ela disse dando a volta no balcão
iluminado recheado de delícias rebuscadas. Com delicada destreza manejou a grande
besta de inox que soltava vapor pelas narinas e perfumou todo o jardim de
inverno com o aroma reconfortante de cafeína pura e forte. Deu poucos segundos
para Maurício admirar suas costas enquanto trabalhava e logo se virou para
servir uma dose pequena em uma xícara dupla colocando em frente a ele.
Apertou um sorriso apologético. ‘Obrigado, mas meu estômago-’
Ela levantou o indicador com unha bem pintada de rosa
avermelhado, virou-se e pegou um potinho com bastante espuma de leite para
colocar ao lado da xícara de café. ‘Cheira.’ Ordenou com um sorriso nos lábios
que chegava aos olhos cor de mel.
Cheirou.
‘Deixe a cafeína entrar na sua corrente sanguínea.’
‘Perfeita!’ Murmurou encantado, mal conseguia piscar.
‘Agora junte a espuma de leite o quanto seu estômago mandar.’
Complementou.
Maurício sorriu feliz, era isso que precisava. Exatamente
aquilo.
Ela sorriu de volta e deu um decisivo aceno de cabeça.
‘Como isso não é um macchiatto,
Toni?’ O barista Lucas perguntou aborrecido, rosto fechado em uma carranca.
Prendeu sua falta de paciência dentro de si. ‘Um macchiatto já vem pronto e uma pessoa de
bom senso não pode controlar a quantidade de leite, muito menos apreciar a cafeína
pura.’ Explicou calmamente enquanto o barista competente indignava-se ainda
mais.
‘Você é implicante-’
‘Olá de novo!’ Henrique chegou com um sorriso grande e, por
sobre o balcão, pediu a mão dela para um beijo. ‘Precisa de resgate novamente?’
Esticou a mão constrangida em negar, mas teve um calafrio
secreto com a barba tocando sua pele. ‘Não, segura hoje!’ Antonia levantou o pé
para trás para ele ver que seu salto era menor.
Ele se esticou para olhar as pernas dela por sobre o balcão.
‘Adoraria um café.’ Ele apertou os olhos mantendo o sorriso. ‘Daqueles bem
trabalhados.’
Com o sorriso profissional ainda nos lábios, ela lhe passou
o cinnamon dolce macchiatto. Henrique
levantou as sobrancelhas feliz por ser prontamente atendido pela bela moça,
provou e gostou. ‘Muito bom.’
Maurício, que se divertia às custas do sócio e amigo há mais
de vinte anos, a princípio teve um relampejo de dor de cotovelo temendo
confirmar que a sensual instrução na degustação de café seria repetida, mas ficou
feliz com o que Henrique recebeu. E sentiu um raio lhe cruzar o corpo quando a
mulher bonita desviou os belos olhos âmbar para ele em uma deliciosa expressão
conspiratória. Para ele, o sorrisinho de lado nem seria necessário, ele já
estava perdido com o olhar.
‘Vou indo, Lucas.’ Disse contornando o balcão novamente,
passando atrás dos homens bebericando seus cafés e pegou a caneta e a bolsa.
‘Seus formulários já estão ok. Até mais.’ Acenou com a cabeça para os dois
homens e apertou a mão do barista por cima do balcão antes de sair do pátio em
direção à escada que ia à recepção.
‘Excelente barista.’ Henrique balançou a cabeça ainda
olhando na direção que ela tinha tomado.
‘A melhor.’ Maurício respondeu.
‘Ela não é barista.’ Lucas disse ofendido.
‘Quem, Toni?’ Uma das garçonetes perguntou ao chegar perto,
Maurício e Henrique trocaram olhares quando ouviram o apelido incomum. ‘Tem
cursos de barista.’
‘Vários.’ Lucas se empertigou. ‘Mas é a Gerente da
Importadora que nos fornece o Café Colômbia.’
‘Uau.’ Maurício resmungou.
‘Excelente café.’ Henrique elogiou e indicou uma das mesas
com a cabeça. ‘É ela!’ Disse quando se sentaram à mesa do canto.
‘Notei pela piadinha.’
‘Linda, não disse?’
O rosto de Maurício não traiu seu interesse. ‘O salto não é
tão alto. Tem certeza que ela precisava de salvamento?’ Prendeu os lábios em
uma expressão incrédula. ‘Acho que você atacou a mulher...’
O sócio sacudiu a cabeça engolindo com pressa o café que
bebia. ‘Era! E o vestido era mais longo e fechado. Não ia me esquecer daqueles
joelhos nem daquele decote.’ Sorriu com malícia. ‘Garanto.’
bestanimarions/beverages/coffee |
Ai, que flechada no peito!
Pingado: fisgado!
Sabe o que passa na cabeça de Mau ?...
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