Bom dia!
Depois de um monte de feriados no Rio, semanas inteiras trabalho são dureza. Vixe! O fim de semana é bem vindo.
Eita, que dureza de vida! |
Se você leu minhas outras fics deve estar pensando que esta que acaba hoje tem os mesmos personagens. Tem mesmo. Com o fim de Coisas do Coração eu começo a fechar o ciclo do casal Darcy & Lizzy de Friendship of a special kind . Além da vignette que já está pronta, ainda tenho mais uma tomando forma e aí eles estão completos. Esses dois fazem parte da minha vida, são meus companheiros há mais de um ano. Imperfeitos, apaixonados, apaixonantes.
Eles já foram universitários que se conheceram no Brasil, já passaram por emoções de dia das Mães, já enfrentaram encontros de família, ele é mais novo que ela no presente cenário, vão enfrentar uma decepção com amigos. E são felizes juntos através dos tempos e apesar dos obstáculos.
Quando eu era adolescente e via amigas mais velhas com seus namorados, eu sempre achava que eles iam ficar juntos até o fim imaginando que as nossas vidas eram como os filmes da sessão da tarde. Olhando de fora, um relacionamento pode parecer tão perfeito, as pessoas realmente se completando como feijão com arroz. Com os meus namoradinhos, na época, eu achava que ainda não era esse o personagem coadjuvante da minha história.
Me lembro de um dia reclamar das agruras de um namoro frustrante e minha amiga me dizer: 'Sabe, quando a gente está assim e num restaurante vê na mesa ao lado um casal namorando e acha que aquela relação é perfeita e a nossa é que está uma M? Então, não é não. É a mesma coisa para eles. É sempre difícil para todo mundo.'
moral da estória: ó só! |
É sábia amiga. Todos os relacionamentos têm seus percalços, especialmente depois de alguns anos juntos.
Darcy e Lizzy estão enfrentando o 'também brigaram juntos' e 'seguraram legal a barra mais pesada que tiveram' nessa última parte da estória.
Quer ver? É pra já!
leia a parte anterior aqui.
Parte 3 - final
classificação MA (+18)
Me responde se tá tudo bem, se eu gostar de você!
Se tá tudo bem se eu gostar de você?
Se tá tudo bem se eu gostar de você?
‘Eliza querida está entrando
numa fase ótima na vida de uma mulher!...’ Helen Fitzwilliam disse na sala
íntima durante a festa de Natal em Pemberley.
Uma das tias mais velhas estava completando oitenta anos e pediu de
presente à família Darcy uma festa de Natal não só com parentes mas também com
alguns amigos mais próximos, Pemberley cheia como na sua infância. Diferente de
todos os anos desde a morte de Anne, os homens Darcy estavam tendo a casa cheia
para o Natal. A mansão com certeza era grande suficiente para hospedar tanta
gente.
Após o jantar, os homens se fecharam na sala de jogos para uma partida
de bilhar e as mulheres foram para a sala íntima tomar um cálice de Porto para
ajudar a digestão.
‘Ela está ainda mais lindinha.’ Tia Joana falou sorrindo para Lizzy.
Lizzy que havia tomado um susto quando Helen falou seu nome, levantou o
rosto do livro que estava lendo sentada numa chaise no canto da sala.
‘Obrigada, Jô!’
Helen torceu os lábios. Ela ainda não aprovava a relação de seu afilhado
William com uma mulher tão mais velha. De início, Darcy Sr tinha convencido-a
que era somente capricho de menino descobrindo sua vida sexual. Apesar de
chocada com isso, Helen concordou em não se opor abertamente ao namoro. Mas o
relacionamento deles não terminou nem ficou mais fraco, pelo contrário, estava
cada vez mais firme. Lizzy era íntima da família, até das tias mais velhas... ‘Jô’! Ela chamava tia Joana de ‘Jô’. Helen teria que agir logo antes
que essa loba fincasse as garras no
bobinho do Will.
‘Está sim! Ela vai entrar nos trinta logo, logo e muito bem. Lembra, Tia
Joana, como Anne e eu também entramos nos trinta magrinhas? Mas claro, nós já
tinhamos tido filhos...’
‘Eu também já tinha tido Car
quando fiz trinta, Elly.’ Loiusa Hurst, amiga íntima de Helen disse num sorriso
malicioso. Ela sempre planejou juntar a fortuna que herdou com a dos Darcy
casando Darcy com Caroline. Seria bom que conseguisse porque ela e Caroline não
faziam economia, especialmente agora que sua filha única estava de malas
prontas para passar uma temporada na Ásia estudando moda. ‘Ah... que época boa!
Lembra, Elly? Car e Will tão
novinhos, juntos o tempo todo...’
‘Lembro! Todo mundo brincava que eles iam acabar casando!’ Helen riu e
tomou um gole do seu vinho.
Lizzy apertou os lábios numa linha fina e suspirou. Para ela, aturar
Helen era sempre um exercício de paciência. A qualquer momento poderia vir um
ataque gratuito que ela fazia força para não dar ibope.
‘Mas isso foi antes dele conhecer Elizabeth. Dá para ver que eles se
completam em tudo!’ Tia Joana disse.
‘É sim! E eles vivem pelos cantos aqui em Pemberley.’ Tia Marianne disse
sem esconder um leve indício de artereoesclerose. Como a festa era em homenagem
a ela, Tia Mari estava se sentindo livre para tirar as travas da lingua. ‘Ontem
mesmo eu ouvi risadinhas libidinosas vindo de trás da porta da biblioteca.’
Lizzy corou mas antes que precisasse que responder, Caroline entrou
rindo na sala e se sentou em frente a ela em uma poltrona.
‘William é tão engraçado! Ele acabou de me contar uma estória de viagem
hilária.’
‘Car, você poderia convidá-lo
para passar uma temporada na Ásia com você...’ Sua mãe disse trocando olhares
de soslaio com Helen.
‘Claro, querida! Seria ótimo para ele aproveitar uns meses descansando,
fazendo programas de jovens. Ele é
tão novinho e já trabalha tanto nessa empresa que ele inventou na faculdade.’
Ela estalou a lingua e sacudiu a cabeça desaprovando os esforços de Darcy.
‘Imagina se um garoto que vai herdar tanto precisa trabalhar!’
Helen sabia que Darcy fazia questão de parecer mais velho e mais responsável
para agradar Lizzy, para que ela não o achasse infantil. Para Helen, qualquer
coisa que Darcy fizesse para Lizzy era ruim então ela não perdia oportunidade
de expressar sua opinião.
‘Eu ia adorar! Imagina um homem forte daqueles para me proteger!...’
Caroline disse e roubou um olhar na direção de Lizzy que voltou a ler seu livro
parecendo não ouvir a conversa que obviamente era direcionada a ela.
Desde que chegaram, essa Caroline
estava se insinuando para Darcy - na frente de Lizzy ou não. Se não fosse o
desespero de mãe e filha em conseguir um casamento para uma das duas ou ambas,
Lizzy estaria mais incomodada. Mas elas não poupavam seu charme para nenhum
homem, nem Richard, nem Darcy Sr, nem para Matlock o namorado da própria Helen.
‘Você deixa William me proteger dos selvagens asiáticos?’ Caroline
perguntou a Lizzy muito cinicamente e se inclinou para frente estendendo a mão
para tocar o seu braço.
Lizzy fez esforço para não se encolher e fugir do toque mas não conseguiu.
Ela forçou um sorriso vazio e respondeu. ‘Ele é maior de idade, Car. Se você conseguir convencê-lo, ele
vai. Não precisa da minha autorização.’
Caroline riu afetadamente e bateu palminhas. ‘Que bom! Vou correndo dizer
isso a ele!’ Ela se levantou e saiu da sala vitoriosa.
‘Engraçado os namoros de hoje em dia... até parece que a menina quer que o garoto de Anne tenha mais opções!... No meu tempo a gente tomava
conta de...’ Tia Marianne engrenou um monólogo falando de sua época e como ela
era a octogenária da família, ninguém a interrompeu.
Lizzy conseguiu ignorar os sorrisos maliciosos de Helen e Louisa por
mais alguns minutos e se desculpando saiu da sala. O risinho de desdén das duas
quando Tia Marianne se referia a ela como ‘menina’
não foi necessário para aumentar sua insegurança.
Claro que ela estava muito incomodada com a situação.
Ciúme não era novidade para ela. Em sua casa haviam espelhos pendurados,
ela via seus pezinhos de galinha e os milímetros que seus seios desciam a cada
dia. Ela nem precisava dos espelhos para ver como Darcy estava gato, ficando
mais no ponto com o passar dos anos.
Quando ela o conheceu ele era fofo mas agora ele era um homem formado, sexy,
elegante, perfeito. Ombros largos, cintura fina e pernas fortes. Ela precisava
dar várias passadas para acompanhar uma das dele, ele conseguia carregá-la
facimente e sem falar no seu poder físico sobre ela.
Ela sabia de todas as mulheres que conviviam com ele na faculdade, nas
ruas, na academia. Ela sabia que existiam milhares de mulheres mais novas que
ela e que ela corria risco de que ele chegasse à conclusão que todos os homens
parecem chegar num determinado momento em suas vidas: vale mais ter duas
mulheres de vinte do que uma de quarenta. Ela tinha quase trinta, mas ele
poderia querer uma de vinte e guardar o troco.
Com a cabeça enrolada em insegurança e uma tristeza profunda, Lizzy
procurou um canto isolado na mansão para ter alguma paz. Havia uma saleta na
ala de quartos destinados a visitantes que ela gostava muito poque era mais
aconchegante que as demais nessa
propriedade enorme. Ela entrou e acendeu a luz mas achou que assim ela
ainda estaria vulnerável aos comentários maldosos que ainda ecoavam na sua
cabeça. Ela apagou a luz novamente e com o aquecimento ligado achou um sofá
confortável para se encolher segurando o livro contra o peito.
A escuridão a ajudou a relaxar e Lizzy acabou pegando no sono.
Pelo menos em público, Darcy tinha certeza que estava em segurança. Mas,
cansado de desviar da insistência de Caroline, Darcy resolveu procurar sua
mulher para salvar sua noite com alguma conversa inteligente. Infelizmente ela
não estava na sala com as outras mulheres quando os homens acabaram o jogo e
ele não conseguiu fugir no ataque da tia, sua amiga e filha oferecidas.
Constrangido e fugindo do assédio escancarado que sofria, Darcy foi aos lugares
onde Lizzy costumava passar tempo mas não conseguiu localizá-la.
Na manhã seguinte, Darcy acordou dolorido e desnorteado. Ele precisou de
vários segundos para perceber que estava totalmente vestido, dormindo sobre a
cama arrumada e sozinho. Quando ele achou que era socilamente educado se
retirar da sala e visitas, ele subiu ao quarto deles pensando que Lizzy estava
deitada lendo mais um livro da saga de reis, rainhas cruéis e cavaleiros que a
vinha consumindo nesses últimos meses. Mas ela não estava em lugar algum, nem
no quarto deles nem na saleta que ela gostava de usar em Pemberley. Toda a ala
de quarto de hóspedes estava apagada e não querendo arriscar ser pego por
Caroline vagando sozinho por corredores escuros, Darcy voltou para o quarto
deles e deitou para esperar por Lizzy.
Onde ela poderia ter dormido? Ela nunca havia feito isso antes, nem mesmo
quando eles estavam muito cansados para namorar antes de dormir... a não ser
quando brigaram feio uns meses atrás por causa do babaca que trabalhava no
escritório dela e insistia em chamá-la para sair.
Só então ele raciocinou: Lizzy estava chateada com ele.
Por quê? Porque essa mulher chata não o deixava em paz? Caroline era até
bonita mas Lizzy era gostosa. Lizzy
era dele, ele conhecia todas as suas curvas e como fazê-la sair do sério nas
suas mãos. Darcy nem via outras mulheres como ele via Lizzy, ele só tinha olhos
e sangue quente para ela.
Darcy levantou e lavou o rosto mas não trocou de roupa. Mesmo amassado
ele tinha que procurar Lizzy antes de começar o dia. Quando abriu a porta do
corredor viu Ricky saindo do quarto que havia sido destinado a Caroline com um
sorriso maroto nos lábios.
‘Noite movimentada, Richard?’ Darcy perguntou sorrindo de lado.
‘Que nada... meio cha-‘ Antes que Ricky falasse demais, eles ouviram uma
porta se abrindo e entraram de volta no quarto de Darcy.
Rindo, os irmãos comentaram muito indiscretamente da falta de animação
de Caroline entre quatro paredes. ‘Acho que ela preferia você, mano.’ Ricky
disse sorrindo.
‘Nem ferrando.’ Darcy sacudiu a cabeça. ‘Eu sou o cara mais sortudo do
mundo, tenho uma deusa na minha cama.’
‘Putz, Lizzy vai ficar fula me vendo aqui antes de tirar a camisola!’
Richard disse e esticou o pecoço para dentro do quarto na esperança de ver
Lizzy pelo menos com as pernas de fora.
Darcy deu-lhe um tapa na cabeça. ‘Ela não está aqui.’
Richard levantou as sobrancelhas.
Darcy deu de ombros. ‘Ela deve ter pego no sono em algum lugar da casa.
Ela não é de fugir assim.’
‘Será que ela se perdeu em algum cômodo?’ Ricky perguntou mais para si
mesmo que para o irmão. ‘Lembra quando nos perdemos no corredor secreto da
cozinha? Cara, que frio nós passamos naquela noite...’ Ricky assobiou.
Darcy ficou preocupado. Lizzy tinha tido uma gripe forte no mês anterior
e ela poderia ter uma recaída. ‘Vou procurá-la agora.’
‘Péra, vamos juntos. Deixa só eu me calçar e me livrar dessas coisas...’
Richard torceu os lábios para o bolinho de papel higiênico recheado de
preservativos usados na sua mão. ‘A moçoila
não me deixou usar a lixeira do banheiro dela para não ficar mal falada pela criadagem. Acredita?’
Darcy riu e depois de Richard se recompor, eles saíram à procura de
Lizzy.
Por ironia do destino, Lizzy que acordou na saleta onde pegou no sono
encolhida num sofá e foi para o seu quarto alguns minutos depois que Darcy saiu
com Richard à sua procura. Numa cabeça já fertilizada pela insegurança, a visão
da cama ainda feita e algumas camisinhas na lixeira do banheiro foram
suficientes para jogar Lizzy na certeza de que seu namoro estava chegando ao
fim.
Ela não poderia fazer nenhum escândalo em Pemberley e francamente ela
não tinha nenhuma vontade de fazer nada além de chorar. Lizzy tomou um longo
banho quente e deixou as lágrimas correrem enquanto a água queimava suas
costas. Depois se vestiu com uma roupa bem quente decidida a passear nos campos
brancos para esfriar a cabeça e achar força para conseguir ficar até o dia
seguinte. Com certeza ela não conseguiria ficar em Pemberley com essas pessoas
até o Ano Novo.
No caminho para o jardim ela passou pela cozinha para tomar um café
quente e quando estava de saída Darcy e Ricky a encontraram.
‘Ah, olha a gatinha fujona aqui!’ Ricky falou entrando na cozinha vindo
de uma porta estreita no fundo do átrio.
Lizzy levantou as sobrancelhas e tomou mais um gole do seu café.
‘Lizzy! Onde você estava?’ Darcy - vestido com a mesma roupa do dia
anterior - perguntou franzindo a testa e chegando perta dela, deu-lhe um beijo
na testa. ‘Pelo menos você está aquecida. Mas não vai lá fora com esse cabelo
molhado, né?’
‘Não precisa se preocupar, Will. Vou dar uma volta.’ Lizzy disse e deu e
ombros.
Antes que Darcy conseguisse argumentar, ela agradeceu à cozinheira pelo
café, pousou a xícara na pia e vestindo suas luvas saiu pela porta dos fundos.
Richard assobiou baixo e batendo no ombro do irmão deixou Darcy sozinho.
Lizzy andou a sós pelo jardim branco por alguns minutos até que Darcy a encontrou perto da estufa de
flores. Mas como ele trazia com ele uma das tias velhas, Helen, Louisa e a
incansável Caroline, Lizzy apenas trocou algumas palavras educadas - as que ela
conseguiu deixar sair de sua garganta sem chorar - e deixou-os admirando as
plantas.
‘Lizzy! Espera!’ Darcy gritou atrás dela quando ela virou a esquina da
casa.
Lizzy sentiu o coração gelar. Ela não poderia fugir dele para sempre,
teria que encarar a situação. Suspirando, ela se virou e abraçou o peito.
‘Onde você vai? Onde você passou a noite? O que está havendo com você?’
Darcy perguntou resfolegante quando consigou a alcançar, sua respiração
soltando fumaça no ar gelado.
‘Onde você passou a noite?’
Lizzy perguntou acusatoriamente.
‘No nosso quarto, te esperando!’ Darcy franziu a testa.
‘Ah Will, qual é?’ Lizzy sacudiu a cabeça.
‘Não estou entendendo. E seu cabelo está quase congelado, você vai ficar
doente denovo.’ Ele disse esticando a mão para tocar nela.
Lizzy não desviou do toque dele mas teve vontade e com isso sentiu o
coração apertar.
Darcy sentiu que seu problema era muito maior do que ele havia previsto,
ela estava da defensiva. ‘Vem, meu amor. Vamos entrar pelo solário.’ Ele
guiou-a pelo cotovelo para a porta mais próxima e uma vez dentro do solário, aumentou
a calefação.
Lizzy andou pela sala sem rumo e tirou o casaco e as luvas. Darcy ficou
olhando-a tão desconfortável na sua casa onde ele tinha tanto orgulho de hospedá-la
e sentiu seu peito doer.
‘Elizabeth, me fala por que você está tão estranha.’ Darcy pediu
cruzando os braços sobre o peito.
Ela suspirou e seus olhos marejaram.
‘Minha deusa! O quê foi?’ Darcy correu e a abraçou mas ela não retribuiu
o abraço.
‘Will.’ Lizzy disse e deu um passo para trás se livrando do abraço dele.
‘Não precisa disfarçar. A gente teria que terminar mesmo um dia. Que seja agora
logo.’
‘Terminar?’ Darcy perguntou assustado. ‘Que porra é essa? Só porque essa
chata fica no meu pé? Não tenho culpa, não fui eu quem a convidou para vir
passar o feriado aqui com a mãe interesseira, e eu não incentivo a maluquice
dela.’ Ele passou a mão no cabelo apavorado com o frio olhar resoluto de Lizzy.
‘Caroline é louca, Lizzy. Ela quer pegar qualquer homem que der mole perto
dela, todo mundo sabe disso. Ela foi para cama com Ricky!’
‘Richard?’ Lizzy perguntou incrédula. ‘E você foi resgatá-lo da cama da
maluca, por isso a nossa cama ainda estava feita?’
‘Não! Eu estava procurando por você!’ Darcy latiu. ‘Quando eu fui para
cama, você não estava lá. Você se escondeu em algum lugar e eu te procurei por
todo lado, daí eu deitei para te esperar mas você não apareceu.’ Ele disse e se
lembrou de ter passado a noite sozinho e acordar preocupado sem saber onde ela
estava. ‘Onde você passou a noite?’ E
irritado apontou o dedo indicador para ela.
‘Na saleta de hóspedes.’ Lizzy disse defensiva, fechando as mãos em
punho ao lado do corpo.
‘Mentira! Eu te procurei lá.’ Darcy acusou.
‘Mentira?’ Lizzy repetiu sarcasticamente. ‘Se você tivesse me procurado
lá como diz que procurou teria me visto no sofá onde peguei no sono.’
‘Eu fui lá, Lizzy.’ Ele disse nivelando a voz.
‘Acendeu a luz e não me viu? Você precisa de óculos!’ Lizzy forçou um
riso sarcástico e sentiu seu coração dar mais uma pirueta quando viu na expressão
do rosto dele mudar.
Darcy não tinha desculpa. Ele não acendeu a luz porque achou que com a
claridade do corredor era suficiente.
Lizzy achou que ele tinha ficado surpreso por ter sido desmascarado, que
na realidade ele não tinha ido procurá-la porque tinha estado ocupado.
‘Olha Will... Eu te amo, mas isso não quer dizer que vou aceitar você me
trair.’ Lizzy começou mas precisou parar para respirar pois seus olhos
marejaram denovo. Ela apertou os olhos com os dedos da mão direita e com a
esquerda segurou a cintura.
‘Trair? De onde veio isso?’ Darcy perguntou surpreso com as mãos na
cabeça. Essa conversa toda estava saindo do seu controle.
Quando Lizzy tomou ar para responder, finalmente olhando nos olhos dele
desde que entraram no solário, a porta se abriu atrás dele e a voz afetada de
Caroline chegou aos seus ouvidos.
‘Will! Você está aqui. Estava te procurando, você me abandonou!’ Ela
choramingou.
Darcy não conseguia tirar os olhos de Lizzy que se virou imediatamente
após Caroline entrar e pegou seu casaco e luvas que tinha colocado sobre a mesa
lateral.
‘Não, Lizzy!’ Darcy falou com a força da sua voz grave e deu um passo em
direção a ela.
‘Will! Vem cá!’ Caroline disse e segurou no braço dele, fazendo com ele
parasse.
‘Willy, você precisa mostrar a
Caroline as rosas da sua mãe!’ Helen disse entrando no solário. Helen sabia que
mencionar as plantas que Anne cuidava com tanta dedicação era um golpe certeiro
na relutância do sobrinho.
‘Bem, como eu já conheço as famosas
rosas, vou indo.’ Lizzy disse vestindo o casaco com raiva e indo em direção
à porta.
Quando ela passou por Darcy ele se livrou da mão de Caroline com uma
sacudida de braço e segurou Lizzy pela cintura. Ela olhou para ele com seus
bonitos olhos escuros tão tristes que ele teve medo que sua vida estivesse para
terminar. Darcy sacudiu a cabeça para ela mas ela deu de ombros com os lábios
apertados numa linha fina e tentou dar mais um passo em direção à porta.
‘Não.’ Ele disse firme.
‘Will! As rosas!’ Helen disse, tentando esconder sua alegria. Eles
estavam brigando!
‘Tia Helen, sai. Leva Caroline e quem diabos mais estiver com você.’ Ele
disse mantendo sua voz nivelada e os olhos presos nos da Lizzy.
‘William! Que coisa! As rosas.’ Helen disse sorrindo e sacudindo a
cabeça.
‘Sai!’ Darcy ordenou.
Helen bufou mas antes que ela ou qualquer outra pessoa falasse mais
alguma coisa ele levantou a voz. ‘Agora!’
‘Eliza, deixa Will mostrar as
rosas queridas-‘ Caroline tentou.
‘Agora!’ Ele gritou e até Lizzy estremeceu.
Em silêncio as mulheres saíram mas deixaram a porta aberta na esperança
de ouvir o restante da briga.
Darcy deu dois passos largos para trás e fechou a porta de vidro sem
perder contato com Lizzy, apenas trocando sua cintura pela sua mão.
‘Elizabeth, você acha que eu te traí noite passada?’ Ele perguntou em
voz baixa.
‘Eu sei que você me traiu.
Caroline estava atrás de você o dia todo. Ainda está.’ Ela disse e apontando
para a porta fechada conseguiu se livrar a mão da dele. ‘Enquanto você estava jogando sinuca com ela eu estava
aturando mais uma vez sua tia me dizer que sou muito velha para você.’ Lizzy
andou pela sala para conseguir respirar longe dele.
‘O quê? Velha?’ Darcy perguntou incrédulo.
‘Ela sempre fala isso.’ Lizzy deu de ombros. ‘Eliza, você está tão bem para trinta anos. E Will também está lindo aos
vinte, não?’ Lizzy imitou a entonação de Helen e apesar de ter vontade de
rir, Darcy se segurou.
‘Eu odeio quando ela te chama de Eliza.’
Ele resmungou e passou a mão na cabeça.
‘Eu também.’ Lizzy murmurou.
‘Meu amor, eu sou louco por você. Você é linda, inteligente, gostosa.’
Ele disse atirando para qualquer lado, sem saber como argumentar. ‘Eu tenho
muita sorte de ter você comigo, basta ver uma foto nossa! Eu estou sempre
carrancudo e você com seu sorriso lindo... Eu só sou William com minha Lizzy ao
meu lado.’
Lizzy piscou mas não chegou perto dele.
‘Essa mulher chata foi expulsa da sala de jogos logo que entramos. Meu
pai convidou-a a se retirar porque queríamos descansar os ouvidos. Eu só a vi denovo quando
fui te procurar na saleta, e você já não estava. Eu detesto este tipo que ela
faz de se insinuar para qualquer homem. Diabos! Eu gosto do seu jeito!’ Ele disse e estendeu as mãos
para ela alcançar, mas ela continuou abraçando o peito.
‘Liz... eu fiquei louco quando acordei de ressaca do uísque do meu pai e
estava sozinho na cama. Richard estava saindo do quarto dela e se ofereceu para
me ajudar a te procurar.’ Darcy explicou e andou até ela, mas como ela deu as costas
ele teve que abraçá-la à força por trás. ‘Meu amor, eu nunca vou te trair com
outra mulher. Morro de medo que você
ache um homem mais velho e mais interessante que eu.’
‘Will...’ Lizzy fungou denovo. ‘Tem camisinha usada no lixo do nosso
banheiro.’
‘Richard. Babaca de merda!’ Darcy xingou. ‘Ele estava com a camisinha na
mão porque Caroline não quis que os empregados achassem no lixo do banheiro
dela para não ficar mal falada. Otária!’
Lizzy mesmo relutante teve que admitir que esse comportamento era a cara
de Caroline. Mas mesmo assim, tudo se encaixava muito direitinho, tudo tinha
explicação. Várias opções passaram pela cabeça dela mas nenhuma fazia sentido.
Por quê Darcy iria mentir para ficar com ela? Ele poderia ter qualquer mulher
que quizesse.
‘E você acha que eu ia jogar a camisinha usada onde você pudesse ver?
Lizzy, isso é absurdo!’
Lizzy continuava imóvel olhando para frente, fazendo força para não
desabar.
‘Minha deusa, acredite em mim.’ Ele abaixou a cabeça e lhe deu um beijo
no pescoço. ‘Vamos para o nosso quarto? Preciso de um banho e de você comigo,
bem pertinho. Chega dessa conversa de terminar, ciúmes, traição. Isso não
combina com a gente.’
Ela se virou a cabeça para fitar os olhos dele por um tempão e não achou
nada lá que pudesse sustentar sua desconfiança. Finalmente ela fez que sim com
a cabeça e o acompanhou ao quarto deles. Lá Darcy tomou banho sozinho e quando
chegou na cama ela estava deitada com o livro aberto. Ele deitou com ela
embaixo do edredom mas não conseguiu nenhum carinho.
Nem mesmo depois que ele mandou que a tia se livrasse de Caroline, da
mãe dela e todos os demais amigos. Darcy queria sua Lizzy à vontade em
Pemberley e para isso os intrusos deveriam ir embora, só a família deveria
ficar. Houveram protestos mas ele se manteve irredutível e finalmente foi
atendido.
Ainda assim, Lizzy - machucada, magoada e desconfiada - se manteve
afastada de Darcy durante os feriados.
Darcy precisou trabalhar duro para conseguir ter sua namorada agindo
normalmente com ele em Fevereiro quando o dia dos Namorados chegou.
---
No almoço de aniversário dos homens Darcy do ano seguinte, Will fechou
com o pai os planos para terminar seus estudos na Europa. Will sempre contava
com os conselhos do pai e da Lizzy nas suas decisões mais importantes, e mudar
para outro continente era uma delas; assim como a formação do futuro herdeiro e
presidente da Darcy Inc.
´Pai, eu tomei uma decisão.’ Will tomou um gole do uísque que dividia
com o pai enquanto conversavam.
‘Sim?’ Darcy Sr recostou em sua cadeira atrás da mesa no escritório de
sua casa em Seattle, e olhou para seu primogênito atentamente. Ele sempre foi
um garoto sério, mas com a influência da namorada ele parecia mais maduro do
que normalmente seria um jovem de vinte e quatro anos se formando na faculdade.
Will tinha razão, Lizzy era a mulher certa para ele, e o fato de ele ter
percebido isso aos dezoito fazia o pai ter ainda mais orgulho do filho.
‘Vou pedir a Lizzy em casamento. ’ Will afirmou. Não estava pedindo
opinião, estava comunicando.
‘Sério?’ Darcy Sr sorriu.
‘Sério. ’ Will levantou do sofá e andou pelo escritório. ‘Ela só
considera passar uns meses comigo na Europa, e na condição do H&S lhe
conceder uma licença. Ela insiste que não tem como abrir mão da carreira ou se
manter em Londres por três anos. ’
‘Financeiramente, você quer dizer. ’ O pai perguntou e tomou um gole do
seu copo.
‘Financeiramente. Eu já disse que isso não é problema para mim, mas ela
não quer nem ouvir. A carreira dela só vai ganhar com os MBAs que a gente já
escolheu para ela em Cambridge. ’
‘Sem dúvida.’ Darcy Sr concordou com a cabeça. ‘Os que sugeri para ela
são excelentes, ela pareceu interessada. ’
‘Claro que está. Mas é cabeça dura, teimosa para cacete. ’ Will falou
exasperado, coçando a nuca.
Darcy Sr riu, achando engraçado como a namorada sempre manteve Will na
coleira, desde o início do namoro. Na época, ele era um garoto encantado com
uma mulher, hoje ele é um homem enfeitiçado por sua mulher.
‘A única maneira é casar com ela. Ela não vai poder reclamar de
dinheiro, e vai ter que ir comigo para onde eu for. ’ Ele afirmou, mas com uma
pequena dúvida na voz.
‘Parece simples, mas do que eu conheço da sua namorada – noiva, não vai
ter nem dez por cento dessa facilidade. ’ Darcy Sr riu de novo.
Darcy riu também. ‘Não vai mesmo. Ela vai me fazer comer capim.’ Ele não
conseguia apagar o sorriso do rosto bonito. ‘Mas no final, eu consigo dobrar a
minha teimosa.’
Darcy Sr não tinha dúvida que ele ia conseguir.
Darcy vinha pensando nisso há algum tempo. Eles se completavam como
feijão com arroz, hambúrguer e batata frita. Ela era perfeita para ele, eles já
tinham dividido tanto juntos. Qualquer passo importante um sempre esperava a
opinião do outro para tomar a decisão final.
Juntos eles enfrentaram a morte do querido avô dela e sua avó começar a
demonstrar sinais de Alzheimer. Lizzy ficou desolada em ambas ocasiões e ele se
desdobrou para consolar e pretegê-la.
Eles comemoraram a compra do apartamento dela, seu primeiro grande
projeto fechado, o sucesso da empresa de Darcy na incubadora da faculdade.
Lizzy estava ao lado de Darcy na sua barra mais pesada desde a morte da
sua mãe. No ano que completou vinte e um anos, o tradicional almoço de
aniversário dos homens Darcy foi marcado no final do mês para cair no dia exato
do aniversário do Will e não no do pai no início do mês como era de
costume.
Lizzy achou estranho, mas Darcy deu de ombros. ‘Meu pai sabe que eu e
Ricky estamos enrolados aqui na faculdade. Você também não ia conseguir ir se
não fosse no final do mês por causa do seu trabalho.’ Ele falou sem dar
importância.
No dia do aniversário de Darcy, Lizzy acordou cedo para correr. Ela já
estava chegando nos trinta e Darcy era um homem lindo de vinte e um aninhos.
Lindo, alto, forte, charmoso, elegante, lindo. Ela tinha que fazer toda força
possível para manter-se em forma.
Hospedados na mansão dos Darcy em Seattle, Lizzy saiu do quarto deles
antes da sete da manhã. Ocupada em ocupar Darcy no seu presente de aniversário,
Lizzy não tinha dormido muito na noite anterior.
Com o passar dos anos, eles estavam cada vez mais ardentes no amor. Como
presente de aniversário, Lizzy tinha lhe dado algumas regalias como massagens
eróticas e nova lingerie (para ela). Darcy estava dormindo pesado depois do
duro que ela tinha dado nele, mas Lizzy ainda estava muito agitada para ficar
na cama.
Quando ela passou pela porta do escritório de Darcy Sr ajustando os fones
no ouvido, ele a chamou.
‘Bom dia, senhor. Já de pé?’ Lizzy perguntou quando foi entrando no
escritório, mas parou no meio do antigo tapete persa.
O escritório estava escuro e abafado, cheirava a uísque, as cortinas
fechadas. Darcy Sr estava com os olhos vermelhos e inchados, pela primeira vez
Lizzy o estava vendo com barba por fazer, descabelado e desarrumado. Ele era um
homem muito cuidadoso com sua aparência, muito conservado para sua idade e
Lizzy via nele uma boa prévia de como Will seria quando mais velho.
‘O que houve, Sr Darcy?’ Lizzy perguntou apavorada. ‘Alguma desgraça?’ Na
sua cabeça passaram várias catástrofes no espaço de um minuto que Darcy Sr
levou para respondê-la. Will, mas ela tinha acabado de deixá-lo dormindo em
segurança; seus pais ou sua irmãzinha, mas ela tinha checado o celular antes de
sair e não tinha recado nenhum; seus amigos de Meryton, mas eles não teriam
avisado os Darcys; só restavam os Darcys mesmo. ‘É Ricky? Helen? Georgiana? O
que houve?’
‘Todos estão bem, Boneca. Senta aqui comigo, quero te contar uma coisa.’
O coração de Lizzy apertou, só podia ser Darcy Sr mesmo. Ela sentou na
beirada da poltrona ao lado da mesa dele e apoiou os cotovelos nos joelhos,
somente as pontas dos pés no chão. Seu corpo todo rígido, ela só pensava em
alguma doença incurável.
‘Boneca, um dia quando minha adorada esposa estava doente, durante sua
penúltima sessão de quimioterapia ela me entregou esse envelope. ’ Ele levantou
um grande envelope de papel pardo envelhecido e amassado nos cantos como se
tivesse sido estufado. ‘Quando eu perguntei o que era ela me disse que eu só
deveria me preocupar com o conteúdo quando Will fizesse vinte e um anos. ’ Ele
engoliu em seco e parou por um momento como que para tomar coragem para
continuar.
Lizzy sentiu um choque. “Ai meu Deus...” Ela pensou.
‘Eu queria abrir esse maldito envelope na hora, mas não iria contrariar
Anne. Nunca consegui contrariá-la, era tão louco por ela quanto Will é por
você. ’ Ele sorriu para Lizzy com os lábios fechados. Ele apontou para a
garrafa vazia de uísque. ‘Na noite passada, depois do jantar eu vim para cá e
me preparei para abrir esse mistério que mantive me corroendo por nove anos. ’
‘Dentro tinha um envelope pequeno para mim, um grande para William e um para
Richard. Quer ler a carta que minha adorada Anne me deixou?’
‘Não, senhor. Não precisa ...’ Lizzy respondeu com a garganta seca. Ela
ficou ainda mais tensa e prendeu as mãos entre os joelhos, ombros levantados.
‘Pode ler, Boneca. Você tem o direito de conhecer sua sogra. ’ Ele
esticou o braço com a carta, mas Lizzy sacudiu a cabeça.
‘Muito pessoal, garanto. Me conta, quero ouvir. ’ Ela disse.
‘Ela me escreveu uma carta de amor durante sua provação...’ Darcy Sr
olhou carinhosamente para a carta. ‘Ela me diz que me ama e que me perdoa por
ter casado de novo. O que eu não tive coragem de fazer. Ela também me
congratula por ter criado nossos meninos tão bem. ’ Ele sorriu olhando para
baixo. ‘Você concorda, não é?’
‘Sim senhor. Seu filho mais velho é perfeito. Meu preferido.’ Ela
brincou, mas não conseguiu fazer graça.
Ele riu baixinho. ‘Minha querida Anne também me deu instruções para
entregar esses envelopes aos meninos no dia que eles completassem vinte e um
anos. ’ Ele ficou mudo por alguns minutos.
Lizzy esperou o pior.
‘É hoje, Boneca. ’ Ele disse.
Ela fez que sim com a cabeça e engoliu em seco. ‘O senhor passou a noite
aqui? Sozinho?’
‘Sim.’ Ele piscou para afastar as lágrimas.
‘A noite toda?’ Lizzy não podia conter a tristeza no seu peito. Embora
ela não tivesse certeza por que. A carta de Lady Anne poderia ser uma
coisa boa, poderia trazer alegria a todos, mas a maneira como Darcy Sr estava
dilacerado não indicava essa direção.
‘Sim. Bebi. Chorei um pouco...’ Darcy Sr disse, mas achou melhor ser
sincero. ‘Chorei muito, Boneca. Bebi mais um pouco. ’
‘Ah, senhor... ’ Lizzy podia sentir o desespero dele.
‘Você me ajuda?’ Darcy Sr pediu com os olhos marejados.
Ela teve que piscar várias vezes, mas acabou escondendo o rosto nas
mãos. Caramba, e agora? O que ela ia fazer? Depois de respirar fundo por vários
segundos ela levantou a cabeça e concordou. ‘Vamos lá. ’
Lizzy levantou. ‘Vamos começar do princípio, senhor. Força!’ Ela abriu
as cortinas e janelas para arejar o escritório apesar dos protestos fracos do
sogro, passou pela mesa dele e levou a garrafa vazia e o copo para a cozinha.
Lá ela encontrou Nanny Rey começando o café da manhã.
‘Bom dia Mrs Rey.’ Lizzy disse, tentando parecer normal.
‘Bom dia, querida. Já voltou da sua corrida?’ Henrieta Reynolds
respondeu com um sorriso.
‘Mmmm... desisti.’ Lizzy fez uma careta. ‘Já tem café?’
‘Tem, na cafeteira.’ Mrs Reynolds estranhou a garrafa vazia e o copo que
ela colocou na pia.
‘Mrs Rey, será que você pode fazer o seu bolo de chocolate com geleia de
morango para o café da manhã?’ Lizzy pediu enquanto abria o armário para pegar
uma xícara com pires para servir Darcy Sr de café e uma caneca para ela.
Mrs Reynolds apertou os olhos para o pedido e para as duas porções de
café. ‘Algo especial, querida? Teremos bolo de aniversário no brunch.’
‘Eu sei. Mas acho que Will ia gostar desse carinho. Dá?’ Lizzy pediu e
arriscou olhar Mrs Reynolds nos olhos.
‘Está tudo bem, Lizzy?’ Mrs Reynolds perguntou apertando os lábios.
‘Vai ficar. Mas o bolo preferido do Will ajudaria...’ Lizzy pediu sem trair
nenhuma informação que não era sua para dividir.
‘Posso confiar que você vai cuidar bem do meu garotinho?’ Mrs
Reynolds perguntou olhando Lizzy de lado. Desde que a conheceu ela tinha se
apaixonado por Lizzy e visto logo como Darcy era doido por ela. Mas agora
alguma coisa séria estava acontecendo.
‘Tudo que eu puder.’ Lizzy foi sincera, mas ela mesma não tinha certeza
do quê e como faria isso.
Mrs Reynolds concordou com a cabeça. ‘Vou começar agora. Preciso de uma
hora, mais ou menos.’
‘Obrigada.’ Lizzy agradeceu e saiu da cozinha com os dois cafés.
Lizzy voltou para o escritório e encontrou Darcy Sr com as mãos na
cabeça abaixada sobre a mesa. Ela colocou o café perto dele e tocou seu ombro.
‘Beba senhor. Temos que sacudir a poeira para ir acordar Will. ’
Ele sorriu e alcançou a xícara. ‘Obrigada, Elizabeth. Vou tentar me
recompor.’
Quando eles chegaram à porta do quarto de Lizzy e Darcy vinte minutos
depois, Darcy Sr estava recomposto, mas ainda não barbeado. Lizzy estava
aliviada que ele tinha decidido falar com Will antes de tomar banho. Ela já
estava nervosa suficiente para ter que esperar mais trinta ou quarenta minutos
para dar notícias tão inquietantes ao seu namorado querido.
‘Ele está composto, Boneca? Posso entrar?’ Darcy Sr perguntou à Lizzy
com a mão na maçaneta.
‘Nu. Ele dorme nu.’ Lizzy corou.
Darcy Sr sorriu e entrou. Lizzy ficou no corredor, encostada na parede
em frente à porta.
‘Não vem comigo?’ Darcy Sr perguntou, por um segundo se acovardando.
Ela abanou a cabeça. ‘Esquadrão de resgate.’ Ela sorriu com os lábios
fechados. ‘Esse momento é de vocês dois.’
Ele concordou com a cabeça e fechou a porta atrás de si.
Ela esperou sozinha por infinitos minutos até que um sonâmbulo Ricky
saiu do quarto ao lado.
‘Bom dia, irmãzinha. Essa sua mania
de correr me dá calafrios.’ Ele brincou e se inclinou para lhe dar um beijo no
rosto.
Lizzy sorriu, de novo com os lábios fechados e tocou o rosto dele quando
ele beijou sua bochecha de leve. Ricky era parceiro de Lizzy nas mais variadas
traquinagens, de fugidas para nadar no rio em Pemberley, shows de bandas indie
que Darcy se recusava a assistir a festivais de reprise de Star Wars e Star
Trek. Ele inclusive pilotava uma Duke como ela, com a diferença da
dele ser último modelo. Porém nesse momento, parada no corredor e sabendo que
seu amor estava sendo triturado pela angústia dentro do quarto deles, ela mal
conseguia respirar, seu coração batia na garganta.
‘Você já não tinha que estar estressada em arrumar seu cabelo para o brunch?’
Richard debochou da preocupação que Lizzy tinha com o cabelo. ‘Ah, já sei. O
babaca te expulsou. Não tem problema, gostosa. O quarto ao lado é serventia da
casa. ’ Ele brincou apontando para a porta do seu quarto com uma reverência
exagerada.
Lizzy abanou a cabeça.
‘Conta.’ Richard ordenou, igualzinho a como Darcy fazia. Finalmente ele
percebeu que algo estava errado na expressão dela.
Lizzy suspirou e olhou para Ricky. Ela não estava certa se tinha o
direito de contar um segredo desses, se Darcy Sr ia querer manter a carta do
Richard em segredo por mais dois anos. Mas ela gostava muito do irmão do seu
namorado, então falou numa voz tão baixa que ela mesma mal podia ouvir.
‘Querido, sua mãe deixou uma carta para seu pai entregar ao Will hoje.’
Ela falou segurando o braço dele e sentiu quando ele congelou de susto.
‘Hoje?’ Ricky perguntou, a palavra ardendo na garganta dele.
‘Aniversário de vinte e um anos.’ Lizzy explicou.
Richard pigarreou e pigarreou de novo, com medo de perguntar. Mas Lizzy
respondeu antes que ele conseguisse falar.
‘Tem uma para você também. Infelizmente você vai ter que esperar dois
anos ainda. ’ Ela falou com pesar.
Antes que Richard respondesse, a porta abriu e Darcy Sr saiu. Ele mal
viu Lizzy entrando, só sentiu o ar movendo ao lado dele com a pressa que ela
passou. Ele fechou a porta e foi abraçar seu filho mais novo.
Darcy estava sentado na cama com as pernas cruzadas e a cintura coberta
pelo lençol, as mãos cheias de papéis e congelado. No quarto ainda escuro ele
parecia o mesmo garotinho penetra que Lizzy tinha conhecido bêbado numa festa
há três anos.
Ela chutou os tênis de corrida, sentou atrás dele na cama com uma perna
de cada lado dele, abraçou sua cintura e encostou a bochecha nas costas largas
dele depois de um beijo no omoplata. Era o que ele estava precisando para
desmoronar. Darcy encostou-se nela e chorou.
Lizzy esperou ele acalmar e virar para ela.
‘Eu sei meu amor. Ela só queria estar presente na sua vida.’ Lizzy
respondeu ao olhar desolado dele, arrumando o cabelo para longe dos seus olhos
e beijou-lhe a boca levemente.
‘Você sabia?’ Ele sussurrou.
‘Seu pai me contou quando estava indo correr.’ Ela respondeu no mesmo
sussurro.
‘Ele te mostrou?’ Darcy perguntou baixinho.
Ela sacudiu a cabeça. ‘A carta é sua. Sua relíquia. Não quero ver se
você não quiser mostrar.’ Ela disse, beijando seus olhos.
Darcy estendeu as mãos e mostrou uma carta curta escrita numa caligrafia
espetacular, a cópia de uma escritura e alguns outros documentos. ‘É a
escritura de Pemberley.’ Ele disse quase sem voz.
Lizzy não sabia o que dizer.
‘E cópia do testamento dela. Na carta, ela diz que espera que eu já
tenha encontrado você.’ Ele disse, sua voz grave e forte parecendo tão fraca.
Lizzy não conseguiu mais segurar as lágrimas e os dois choraram
abraçados até que conseguiram levantar, tomar banho juntos e descer para tomar
café da manhã com o bolo preferido de Darcy desde que ele era Lobinho.
Com esse momento tão doloroso e outros tantos na memória, Darcy tinha
certeza que Lizzy era a mulher da vida dele. Por isso ele brigou com ela por
semanas para que ela conseguisse uns dias de folga do escritório para
aproveitar o fim do verão em Pemberley.
Ele vinha planejando cuidadosamente esses dias, tinha até um plano B na manga. Mas bom mesmo era o plano A.
O dia seguinte da sua chegada amanheceu ensolarado e quente. Ele sugeriu
um passeio para tomar banho na piscina natural de água do rio que ele tinha
mandado construir para ela depois que ela e Ricky se tinham se acidentado no
ano anterior.
Os dois tinham fugido da casa enquanto Darcy e o pai discutiam as
plantações com o capataz e cavalgaram até o trecho do rio onde gostavam de
tomar banho, mas Ricky escorregou nas pedras e caiu dando um jeito na coluna.
Ela tentou ajudar, mas não aguentou o peso de Richard, desequilibrou e rolou
rio abaixo por uns duzentos metros. Richard ficou enlouquecido de preocupação,
imobilizado pela dor e pelo medo de Lizzy ter se machucado pior do que ele. E do
que Darcy ia fazer com ele quando descobrisse.
Eles foram salvos por filhos de colonos que tiveram a mesma idéia de
tomar banho naquele trecho. Os meninos ouviram os gemidos de Ricky e quando
viram a situação foram buscar ajuda.
Darcy veio resgatá-los lívido de susto, medo e raiva. Os meninos
mostraram onde Ricky estava, mas Darcy só conseguiu gritar por Lizzy. Ele
berrou com Ricky que explicou o que tinha acontecido e por onde ela tinha
sumido.
Darcy sentiu o coração explodir, o medo lhe roubou o movimento das
pernas. Ele desceu a margem do rio correndo e chamando por ela, e quando
precisava tomar ar ele gritava ameaças a Ricky por deixar sua mulher
desamparada.
Quando conseguiu ouvi-lo, Lizzy gritou de volta e levantou um braço. Mas
abaixou imediatamente quando a dor lhe apunhalou. Ela estava muito arranhada,
assustada e envergonhada; tinha rolado o rio como um saco de batatas e ficou presa num tronco de árvore velho fincado na
margem. Sem nenhum glamour, suja e com cabelo enlouquecido ela foi resgatada
por Darcy que imediatamente depois de tirá-la da água e constatar que além dos
arranhões ela provavelmente tinha uma costela quebrada, começou um sermão sobre
maturidade e quem era a criança entre eles.
Depois disso ele mandou alargar a margem e construir uma piscina natural
como um pequeno dique com apoios laterais e escada. Dessa forma, se a sua
menininha levada quisesse tomar banho de rio ele poderia ficar mais
tranquilo. Ela botou a língua pra ele quando ele lhe mostrou, mas amou tanto a
piscina em si quanto o cuidado dele em fazer modificações para ela na fazenda.
Neste dia de sol, Darcy tinha preparado um piquenique de sanduíches e
sucos só porque ao invés de cavalgar ele preferiu ir andando. Lizzy achou
estranho, seriam uns trinta minutos a pé, mas o dia estava lindo então era uma
boa opção de qualquer forma. Na verdade, Darcy não queria soltar a mão dela na
volta nem por um instante.
Quando ela entrou na água fria ele se esticou na toalha, cruzou os
braços atrás da cabeça e as pernas, colocou seus óculos escuros e esperou.
Lizzy adorava o admirar assim, então ele fazia pose para ela sempre que podia.
Ela admirou o quanto quis de dentro da água, mas finalmente teve que
sair porque seus dedos estavam congelando. Ela se debruçou sobre ele para
roubar um beijo e o encharcou de água fria.
‘Gah!’ Ele protestou e quase estragou tudo, mas se lembrou a tempo e
deitou de novo.
Ela riu. ‘A água está ótima. Você devia entrar!’
Ele sacudiu a cabeça e esperou. Ela riu de novo e alcançou sua toalha
dobrada ao lado dele na grama. Quando ela puxou a toalha, um envelope grande
branco caiu de dentro, ela franziu a testa.
‘Ué, como isso veio parar aqui?’ Curiosa, ela secou as mãos e os cabelos
rapidamente para não pingar e abriu o envelope, sentada de costas para Darcy.
De dentro saíram três fotos unidas por trás com durex. Uma foto dele fazendo a
expressão que ela amava – meio sorrindo meio sério, safado, preguiçoso. Uma de
um anel de noivado Bvlgari
estonteante. Uma dela que ela nunca tinha visto antes, nem percebeu que ele havia
tirado anos atrás no segundo curso de fotografia que fizeram juntos.
As três fotos unidas. Darcy com vinte e quatro anos + anel de noivado +
Lizzy com vinte e quatro anos. Lizzy engoliu em seco e cobriu a boca com a mão.
Ela teve que piscar várias vezes antes de se virar e olhar para ele.
Por trás de seus óculos escuros ele acompanhou o raciocínio dela se
desenvolver nos seus olhos negros até que ela se virou para ele bem devagar.
Ele abriu um enorme sorriso e tirou a mão direita de trás da cabeça mostrando
para ela o anel de platina e brilhantes no seu dedo mindinho. Pesado e
discreto, o anel era do jeito que ele sabia que ela ia adorar.
Ela ficou muda, o mundo todo girando na sua cabeça em um segundo. Lizzy
estava se preparando para ter um relacionamento à distância com ele já que ele
ia se mudar para Inglaterra em breve e ela só poderia ir passar alguns meses.
Casamento!
Casamento? Como assim? E o trabalho? E a carreira? Ela nunca tinha
ouvido falar de casamento à distância. Longo noivado de anos? Era isso?
Ela já tinha trinta... Não que ela quisesse outro homem que não Darcy, mas...
‘Estou começando a ficar preocupado aqui, meu amor... ’ Darcy brincou,
mas no fundo estava mesmo.
‘Você não vai se mudar daqui a dois meses?’ Ela perguntou assustada.
‘Vou. Com a minha esposa. ’ Ele respondeu sorrindo.
‘Hã?’ Lizzy piscou.
‘Como estou vendo que você não vai me responder, vou ter que arrumar
alguma outra em dois meses para levar comigo para Inglaterra.’ Ele levantou as
sobrancelhas ainda sorrindo.
‘O caramba que vai! Safado!’ Lizzy explodiu, a testa franzida. ‘Eu que
te aguento desde que você era pirralho com cheirinho de lei-’
Darcy sentou e calou a boca de sua noiva com um beijo ardente e
interminável.
‘Responde.’ Ele ordenou.
‘Claro que sim.’ Ela sorriu.
‘Responde direito.’ Ele ordenou de novo.
‘Você não perguntou direito.’ Lizzy respondeu manhosa.
‘Casa comigo, minha deusa?’ Darcy perguntou carinhosamente.
‘Claro que sim.’ Ela respondeu atrevida.
‘Você não tem jeito, Lizzy!’ Ele disse sorrindo de orelha a orelha e
colocando o anel no seu anelar direito.
‘Tenho sim!’ Ela respondeu se movendo para montar no colo dele. ‘É o
seu!’ E riu se inclinando para frente e capturando o lábio inferior dele entre
seus dentes.
Darcy gemeu e alcançou nas costas dela o laço do biquíni que se desfez
facilmente. Lizzy abraçou o pescoço dele e se remexeu de modo a encaixar suas
virilhas completamente.
‘Eu achei que ia acabar te perdendo. ’ Lizzy murmurou no ouvido dele
enquanto ele acariciava seu seio com uma mão espremida entre eles.
‘Nunca. Não sei viver sem você. ’ Darcy respondeu. Se não estivesse tão
fissurado por ela teria raciocinado o quão preocupada ela esteve nesses últimos
meses.
Querendo mais, Lizzy largou o pescoço dele e se inclinou para trás,
apoiando as mãos na toalha. Darcy precisou de uns segundos para admirar mais
uma vez seus seios, eles sempre lhe tiravam o fôlego, desde quando ele não
tinha permissão para tocá-los.
‘Seus peitos me deixam louco, sabia?’ Ele disse e mergulhou para
beijá-los. No movimento, rearrumou as pernas para deitar sobre ela. Apesar da
posição agradável, com isso ele perdeu a vista da maravilhosa calcinha de
biquíni encharcada. Sem problema, se ele não poderia admirar a calcinha não
merecia ficar entre eles, então ele puxou os laços nos quadris dela e tirou
mais esse empecilho entre eles.
‘Sabia. Você todo me tira do sério... ’ Lizzy sussurrou, prendendo a
respiração quando ele tirou sua calcinha. ‘Quando você faz isso comigo... ’ Ela
dobrou os braços cansados de suportar o peso dele. ‘Quando você se exibe
tomando banho na minha frente... ’ Darcy riu com a boca em volta do seu seio
direito. Finalmente ele teve certeza que seus esforços surtiam efeito. Lizzy
gemeu e continuou. ‘Quando você ri como um menino... ’
Darcy se apoiou nos joelhos para abrir seu short e sorriu para ela
igualzinho como no ano em que se conheceram. ‘Nada de menino aqui, gostosa. ’
Ele disse atrevido guiando os olhos dela com os seus até que ela olhou para o
que o seu short estava revelando.
Lizzy deitou completamente e suspirou com um sorriso no rosto. ‘Que
sorte a minha! Tantas mulheres sem nada e eu com tudo isso!’
Darcy riu e deitou sobre ela, acariciando suas pernas das coxas até os
joelhos e as entrelaçando atrás de sua lombar.
Lizzy gemeu de novo e se esticou, se arrumando para que suas virilhas se
encaixassem. Darcy atacou o pescoço dela, ela abraçou suas costas e puxou o
cabelo da nuca dele. Ele transferiu seu ataque do pescoço para sua boca e
quando deu chance dela respirar ela convidou. ‘Entra?’
Darcy sorriu. Ele adorava quando ela era safada, quando se deixava levar
e falava bobagens para ele na cama, quando os dois brincavam de joguinhos
sexuais. Eles tinham crescido juntos, descoberto suas preferências e testado
limites. Depois de seis anos, um já pertencia ao outro completamente.
Sob o sol de fim de verão, os recém noivos fizeram amor pela primeira
vez como oficialmente compromissados, a primeira vez do resto de suas vidas.
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Quando entraram na água gelada alguns minutos depois, Lizzy não
conseguia tirar os olhos do se anel. ‘Will, é lindo!’ Ela torcia a mão para lá
e para cá, admirando a jóia que forçava seus dedos a ficarem ligeiramente afastados.
Darcy sorriu. ‘Me deu trabalho achar um anel que eu achasse que você ia
gostar. ’ Ainda nus, ele puxou-a pela cintura e a abraçou por trás. ‘Vi um
monte deles, mas nenhum tinha a sua cara. Que bom que você gostou desse. ’
‘Eu amei!’ Lizzy exclamou. E tinha amado mesmo, era moderno e tinha
personalidade.
‘Que bom. Tem meu nome gravado por dentro, você reparou?’ Ele perguntou
olhando por cima do ombro dela.
‘Não!’ Ela exclamou sorrindo. Na mesma hora ela tirou o anel tomando
cuidado para não deixar cair na água e leu a inscrição gravada.
“William 6 Elizabeth”
‘Não tinha que ser um coração?’ Lizzy perguntou se torcendo para
olhá-lo.
‘Seis é nosso número de sorte!’
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De mãos dadas no caminho de volta para a mansão, eles imediatamente começaram
a planejar um casamento simples e adorável para amigos e familiares em
Pemberley a ser realizado em dois meses. A lua de mel seria na Europa, alguns
dias antes do início dos cursos de MBA.
Darcy precisou ainda implorar, explicar, argumentar até que Lizzy
aceitasse que a carreira dela poderia suportar três anos fora e que Darcy não
precisaria mudar seus planos de estudo. Eles poderiam casar e mudar, começando
a vida de casados estudando.
Além dos seus investimentos, do lucro da empresa dele na faculdade e os
dividendos de Pemberley, Darcy ainda herdaria bastante dinheiro. Ela poderia
tranquilamente passar alguns anos sem trabalhar. Somente o que Pemberley rendia
com as plantações, as criações e produção de laticínios seria suficiente para
mantê-los até sua aposentadoria. No final, ela cedeu. A ideia era muito
sedutora para ela também, assim como o homem lindo fazendo de tudo para
convencê-la.
Foi um descontraído casamento numa tarde quente de outono. Aproveitando
os últimos dias de sol, eles festejaram um passo tão importante para os dois
sob uma enorme tenda no jardim do casarão. A pista de dança ferveu sob as
luminárias de papel verdes e brancas que contrapunham com a decoração preta e
branca. Lizzy usou um vestido na altura do joelho com bainha bolha e decote em
v drapeado que ela escolheu especialmente para adoçar os olhos de Darcy. Ele
usou o tradicional terno preto que combinava com o detalhe da fita na cintura
do vestido dela.
Os anos na Inglaterra foram de muito estudo e alguma diversão. Eles
aproveitavam as folgas para viajar e conhecer os países próximos, mas se
mantiveram firmes nos planos de estudos. Lizzy decidiu esticar num mestrado
para construir uma carreira acadêmica.
Acabou colocando de lado porque no último ano de Europa, Radley foi concebido. A mudança de volta trouxe
para Nova York, além de pilhas de livros e papéis, um barrigão de quase sete
meses.
Darcy assumiu os precários escritórios da empresa em Nova York até que a
bagunça foi contornada e as coisas andaram da maneira que ele julgava certo. Para
cuidar do pequeno Radley e retomar sua carreira, Lizzy teve ajuda dos pais,
Nanny Rey que se mudou para Nova York quando eles vieram e de Darcy Sr sempre
que ele conseguia fugir de Seattle. E ela teve que escolher entre se dedicar ao
meio acadêmico ou ao mercado financeiro.
Acabou optando pelo mercado devido à facilidade porque assim ela poderia
dedicar todo o seu tempo em casa aos seus Darcys, enquanto que estudando
ela teria hordas de artigos a produzir e publicar.
Uns dois anos atrás eles voltaram para Seattle quando Darcy Sr resolveu
se aposentar de vez, mais ou menos quando a náusea infinita de Lizzy anunciou
que as gêmeas estavam chegando. Apesar de planejarem mais filhos, tanto Lizzy
quanto Darcy ficaram surpresos com gêmeas. Desde o momento que segurou os dois rolinhos inquietos e barulhentos
nos braços Darcy decidiu que nem iria tentar argumentar com elas, nunca. As duas meninas, uma loura e uma
morena, eram tão diferentes uma da outra quanto poderiam ser a não ser por um
detalhe. Olhando
as duas meninas lindas com olhos negros e curiosos ele teve certeza que elas haviam
puxado tudo da mãe.
Mas esse ano Darcy e Lizzy não vão levar as crianças para o sagrado mês
de férias em Pemberley no verão. O esquadrão de resgate formado por Nanny Rey,
Fran e Darcy Sr está sitiado na casa deles em regime de urgência. Darcy está
resignado e Lizzy furiosa.
Radley ficou de recuperação.
E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?
--Fim--
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música:
Marcella Fogaça - Te virar do avesso
Aviso: nem Thiago Lacerda nem Isis Valverde estão envolvidos nesse projeto. Apesar ilustrei os personagens de Lizzy e Darcy com sua beleza.
Todas as outras imagens foram achadas no google.
Aviso: nem Thiago Lacerda nem Isis Valverde estão envolvidos nesse projeto. Apesar ilustrei os personagens de Lizzy e Darcy com sua beleza.
Todas as outras imagens foram achadas no google.
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Obrigada por me acompanhar nessa experiência deliciosa. Nada melhor do que homenagear os 200 anos de 'Orgulho e Preconceito' numa fic bem Brazuca, né?
Espera!
Acabei de ter uma idéia genial!!!
e por favor: comenta!!!
meus livros estão aqui, ó!
bj
simplesmente demais... sem mais palavras para descrever...
ResponderExcluirMaria querida! Muito obrigada por ser minha beta do coração!
ExcluirSe prepara que vc vai ter muito trabalho já, já! ;)
bjs
Moira, adorei! Como sempre! Já estou ansiosa pela próxima, porque esse casal é mto fofo...200 anos e tão forte em nossas vidas,não é mesmo?
ResponderExcluirBjs; Anna
Sim, meus amigos intimos! Hihihi Visito sempre...
ExcluirAmei sua história. 👏👏👏
ResponderExcluirAh, obg! Que bom que te divertiu! Bj
ResponderExcluir