Não, não vou falar de samba! Mas esse bordão é ótimo. E a música do capítulo de hoje tem uma levada de samba pop... Dá vontade de dançar sambando...
E cabe direitinho na adolescência e juventude. Por juventude quero me referir aos 'inte' porque depois que passamos aos 'inta' nós aprendemos que vale a pena esperar e pensar antes de agir - apesar de continuarmos jovens.
'Nem por você nem por ninguém, eu me disfaço dos meus planos.
Quero saber bem mais que os meus vinte e poucos anos.'
Quero falar de imediatismo e ansiedade. Aos vinte não nos consideramos nem imediatistas nem ansiosos, mas somos. Temos pressa de chegar a algum lugar, qualquer lugar; pressa de começar logo o 'depois'. E somos cartesianos: preto é preto e branco, ah... branco é branco!
Não vamos fazer desse post uma analogia ao Mr Grey, ele já teve seu espaço. Mas realmente somos cartesianos aos vinte. Quem não se lembra de discussões sobre o bem e o mal com amigos que acreditam que o bem é a versão deles e não a nossa? Eu me lembro de várias... vixi! Mais do que gostaria.
O refrão de Fábio Jr. lá no começo é muito bom e um excelente exemplo de amadurecimento para mim. Eu não gosto da música - apesar de adorar 'Caça e Caçador', 'Quero só você' e admitir que Fábio Jr. tem muita presença de palco não sou fã dele - então, não gosto de 'Vinte e poucos anos', mas agora nos 'inta' consigo ver alguma poesia na letra. Minha visão já mistura brancos e pretos e agora eu penso antes de abrir minha boca.
Sr Darcy e Lizzy estão no auge do imediatismo e ansiedade. Ele acabou de fazer dezoito anos e está conquistando uma gata linda de vinte e quatro. Lizzy está terminando a faculdade e apaixonada por um carinha novinho. É... parece que eles têm mesmo muitos ponteiros a acertar...
E Fábio Jr nisso? *sorriso maléfico*
Olha a música do capítulo de hoje!...
NOTA: Com esta fic eu não pretendo de maneira nenhuma agredir ninguém nem fazer apologia à corrupção de menores. Eu apenas segui livremente a música que adoro - Eduardo e Mônica do Legião Urbana - fazendo cálculos a partir do verso: "Ela (Mônica) se formou no mesmo mês que ele (Eduardo) passou no vestibular". Numa licença poética, Darcy já começa com 18 e não com 16 como na música.
leia a primeira parte aqui.
Parte 2
classificação MA (+18)
Eu tô vidrado, apaixonado totalmente acelerado
Mudou tudo aqui dentro de mim
Logo no dia seguinte ao que seguiram caminhos diferentes, Lizzy e Darcy
já estavam com saudades de seus idílicos momentos juntos. O prazer de encantar
e se deixar encantar, descobrir-se no outro enquanto viajando num delicioso
flerte os havia viciado.
Nem mesmo a distância geográfica conseguiu mantê-los separados. Eles se
telefonaram todos os dias, várias vezes por dia. Qualquer assunto era assunto.
Darcy convidou Lizzy para passar uma semana – pelo menos – em Pemberley, mas de
Meryton onde passava uns dias de férias com a família ela tinha que voltar para
Yale e continuar sua bolsa de pesquisa.
Ele conseguiu uma folga antes do ano letivo começar e passou alguns dias
em New Haven perto dela. Inicialmente, quando Darcy lhe telefonou para avisar
que iria encontrá-la, Lizzy não sabia como lidar com os sentimentos confusos
dentro do seu coração. Claro que ele era lindinho e fofo, mas deixá-lo ir ao
seu encontro no campus era oficialmente aceitar que eles tinham um rolo.
“Você está vindo para cá?” Lizzy perguntou ao telefone sentindo um gelo
na espinha. Ela levantou da mesa onde separava documentos e fazendo sinal para
o colega de tarefa saiu para falar do corredor.
“Pois é... Eu consigo uns quatro dias essa semana antes das aulas
começarem na terça. Então pensei em ir visitar o campus de Yale de quinta a
domingo.” Darcy disse com um sorriso no rosto antecipando o momento de tê-la
nos seus braços novamente.
“Visitar o campus?” Ela perguntou levantando uma sobrancelha.
“E ver a minha deusa.” Ele disse num meio sorriso de lado que ela não
viu mas ouviu.
“Essa semana?” Lizzy perguntou denovo para ganhar tempo.
“Sim, Liz. Hoje é terça, então depois de amanhã.” Darcy respondeu.
“Depois de amanhã! Cacildis,
tá em cima!” Lizzy exclamou.
Darcy começou a duvidar da sua certeza que ela ia adorar revê-lo. Fazia
quase um mês desde que eles haviam se despedido na porta do hostel onde ela
estava hospedada em Boston e ele estava louco para encontrá-la novamente. Mas
Lizzy parecia estar reticente.
Como ele não respondeu, Lizzy se sentiu obrigada a achar sua voz.
“Eu tenho que terminar umas tarefas na pesquisa... acho que vou ficar
meio ocupada até a hora do almoço de sexta...”
“Se você prefere que eu não vá, me fala.” Darcy disse temendo a resposta
que ela lhe daria.
Lizzy sentiu sua nuca quente nos intermináveis instantes que levou para
decidir. “Vem sim. Gostaria de te ver de novo...” Ela disse em voz baixa,
olhando para os próprios tênis.
“Você não parece estar muito feliz com a minha visita, Lizzy.” Ele disse
pensando que seria melhor comprovar de uma vez por todas se o seu pai tinha
razão quando lhe garantiu que ela só tinha tirado
sarro com a cara dele. “Fala logo,
Lizzy. Rápido como tirar um band-aid.” Ele pensou.
“Will...” Ela suspirou. “Vou ser sincera. Eu adorei te conhecer... e os
dias que passamos juntos em Boston. De verdade. Mas não tenho certeza se devo querer te ver denovo. Sabe, eu estou
terminando a faculdade e meu horário para o ano que vai começar já está uma
loucura, a pesquisa agora está ainda mais puxada por causa do prêmio que
ganhamos e tem o estágio da H&S...”
Darcy ficou mudo enquanto controlava sua irritação e decepção.
“Isso tudo é desculpa, não é?” Ele perguntou depois de uns segundos.
Ela suspirou de novo. “Não exatamente.”
“Mas?” Darcy perguntou impostando a voz e fechando a mão livre em punho
para manter sua voz num tom baixo.
“Mas tem o óbvio, né Will?” Lizzy falou irritada com o moleque.
“Óbvio.” Ele repetiu franzindo o rosto.
“É! Você é um menino e eu-“
“Pára.” Ele a interrompeu levantando um pouco a voz. Lizzy bufou do outro
lado da linha. “Sua razão para não saber se pode
querer me ver é a minha idade?”
“Eu posso ser presa, sabia?”
Ela falou como se o acusando de um crime.
“Eu já fiz dezoito. Lembra?”
Como ela poderia esquecer os beijos que trocaram naquela noite? O
frisson da lembrança suavizou sua voz. “Mesmo assim. Eu sou seis anos mais
velha que você-“
Percebendo sua chance, Darcy foi direto e acertivo.
“Vou chegar a New Haven na hora do almoço de quinta. Você com certeza
tem direito de parar para comer quando está cumprindo horário na pesquisa. Onde
te pego para almoçarmos juntos?”
E assim estava decidido que ele iria ao seu encontro para passarem mais
alguns dias juntos antes que suas obrigações acadêmicas os mantivessem
separados.
Lizzy arrumou tempo para ficarem juntos o máximo possível e entre outros
inúmeros programas levou-o a exposições de fotografia, um de seus hobbies.
Ávidos um pelo outro, eles combinaram de fazer alguns cursos juntos.
Com o início das aulas, Darcy ficou ainda mais taciturno, se concentrando
em suas notas. Assim ele podia ter todo tempo livre nos finais de semana para
dirigir até New Haven sempre que possível. Graças a Deus ele estava no último
ano e tinha regalias como finais de semana livres, carro e carteira de
motorista.
Os cursos de fotografia que fizeram em New Haven e Nova York foram
curtidos ao máximo e Lizzy descobriu que seu hobby favorito tinha mudado, agora
era fotografar o perfil de Darcy. Nada mais tinha a mesma graça. Ele a
convenceu a fazer natação para dividir o hobby dele e ela teve que treinar
durante a semana para tentar acompanhar a força de suas braçadas largas.
Parecia impossível, mas Darcy cresceu ainda mais durante os meses
seguintes. Lizzy achou ainda mais engraçado a sua situação de corruptora de
menores e Darcy teve ainda mais raiva da sua pouca idade. No final do ano,
Darcy passava de 1,90m e Lizzy estava firme nos seus 1,68m.
Para os amigos dele, Darcy era um super-herói. Além de ser o líder
natural do grupo devido à sua disposição taciturna e sisuda, ele sempre era a
voz da razão apesar de não ser o mais velho de todos. Ainda mais agora que ele
estava namorando uma gata maravilhosa que estava na faculdade! Seis anos mais
velha! Caidinha na dele!
Ele sacudia a cabeça, reprimindo um sorriso quando os amigos falavam na
Lizzy, sempre deixando claro que não iria tolerar nada desrespeitoso com
relação a ela, mas no fundo nem ele acreditava na sua boa sorte. Lizzy era uma
deusa. E era dele.
Para os amigos dela, Lizzy estava enlouquecendo. Com tantos gatos na
faculdade, um monte deles dando em cima dela, ela estava perdendo tempo com um
garotinho que mal tinha saído das fraldas.
‘Você sempre quis chocar todo mundo, Lizzy. É quase previsível isso. ’
Elinor a acusou entre copos de chope um dia após as aulas.
‘O que isso quer dizer mesmo?’ Lizzy torceu o nariz. Ela estava sentada entre
suas amigas em uma das mesas do agradável Botequim da Austen.
‘Que você está curtindo com cara desse garotinho rico!’ Mary King, sua
amiga de várias matérias traduziu num risinho.
‘Ah, qual é? Por quê? Não posso estar mesmo interessada no Will? Só
porque ele é mais novo? Que antiquado!’ Ela respondeu rindo e gesticulando.
‘Papa anjo!’ Elinor acusou.
‘Mary Poppins do mal!’ Mary debochou para o riso das três.
‘Elizabeth, isso não tem mais graça. Nunca teve na verdade. Está na hora
de você parar com essa brincadeira. ’ Uma voz séria deu a ordem.
As três amigas pararam o riso e olharam para cima. Bill Collins estava
de pé atrás da Lizzy e olhava seriamente para ela, uma expressão que ao mesmo
tempo misturava mágoa e superioridade nos seus olhos. Lizzy torceu os lábios,
mas não respondeu.
‘Vem, vamos para o meu apartamento. Temos que conversar e resolver logo
essa perda de tempo. Somos namorados desde o colégio. Vamos ficar juntos sempre,
sabemos disso. ’ Ele disse.
‘Bill... ’ Lizzy suspirou, arrumando uma mecha de cabelo atrás da
orelha.
‘Vem Lizzy. Estou pedindo. ’ Collins tentou mudar de tática.
‘Não, Bill. A gente era.
Passado. ’ Lizzy disse olhando para ele com paciência.
‘Não. A gente é e vai continuar sendo. Você precisava de um
tempo para se divertir e tudo bem, eu entendi. Agora chega. Vem?’ Ele estendeu
a mão, certo de que ela a alcançaria.
Uma das coisas que mais irritavam Lizzy em Bill Collins – à parte da sua
mãe superprotetora, megera e enxerida – era seu ar de superioridade, de dono da
verdade. ‘Eu sei o que é melhor para você, menina bobinha quatro meses mais
nova que eu. ’ Ai, que falta de saco.
‘Bill, olha pra mim. ’ Lizzy falou, tocando no braço dele. Ele piscou
bem devagar, como se apreciando o contato físico dela. Ela tirou a mão
imediatamente. ‘Bill, já era. Estou em outra.’
‘Em outra? Fala sério, Elizabeth. Um pirralho rico. É isso? Dinheiro?’
Ele acusou se inclinado para a frente.
‘Bill, caramba! Entende logo: eu não quero você!’ Enlouquecida pela
acusação de ser interesseira Lizzy levantou a voz e as pessoas nas mesas mais
próximas se viraram para eles. Ela corou. ‘Qualquer outro relacionamento que eu
tenha não lhe diz respeito. A única coisa que pode te interessar com relação a
mim é a distância. Entendeu?’ Ela
completou controlando a voz.
Foram necessárias ainda algumas semanas de total desprezo para que Bill
Collins entendesse seu recado. Essas semanas também foram necessárias para
dissuadir Darcy da necessidade de proteger Lizzy de seu ex namorado, que para
seu desepero via Lizzy mais do que ele próprio. Lembrar que Bill poderia
apreciar o delicioso sorriso de sua namorada ou encurralá-la a qualquer momento
destruía o humor de Darcy cotidianamente.
Para os demais amigos, Lizzy teve que explicar e engolir muitas
brincadeiras até que o fato de ela sair com um cara mais novo não fosse mais
novidade.
Apesar da curtição dos seus amigos, Darcy e Lizzy continuaram juntos.
Trocando beijos cada vez mais ardentes toda vez que se encontravam e carícias
que beiravam o perigo, mas que Lizzy ainda conseguia controlar.
---
Ele passou o Dia de Ação de Graças com os Bennetts em Meryton e Darcy se
encantou ainda mais com ela quando foi apresentado à adorável tradição de
trocar cookies que a família tinha desde que Lizzy era uma menininha mimada que
exigia chocolates de presente. Para acalmar um de seus ataques quando ela tinha
quatro anos, a avó lhe deu umas palmadas e depois a levou para fazer cookies
durante a festa. Depois disso, todo ano a família trocava cookies dando graças
que Lizzy não estava dando piti.
Darcy achou delicioso ver que Lizzy também tinha um infantil.
De início, foi difícil explicar para Fran e Tom Bennett que o
namoradinho de sua filha mais velha e gênio promissor das finanças tinha tão
pouca idade. Fran só se convenceu quando Lizzy contou do pedigree que Darcy fazia parte.
‘Momla, não tem nada a ver com grana.’
Lizzy disse olhando a mãe ansiosamente enquanto Fran apertava os olhos vendo
Darcy ajudar Kitty a dar banho no cachorrinho dela.
‘Elizabeth, nunca pensei que você ia me dar trabalho nisso. Nos estudos você sempre foi ótima, graças a Deus. Mas você sempre foi selvagem, corria
pela vizinhança, subia em árvores, me desafiava...’ Fran disse e tomou um gole do seu café. ‘E quem diria que você
também ia me dar trabalho com namorados...’
Lizzie bufou.
‘Menina, primeiro o paspalho
filho da megera. Agora um garotinho
rico.’ Fran sacudiu a cabeça e estalou a lingua. ‘Você dorme com esse menino?
Eu e seu pai vamos ter que te tirar da cadeia um dia desses?’ Mãe perguntou
sarcástica, mas realmente preocupada, e a filha corou.
‘Não!’ Lizzie disse um pouco alto demais e Darcy se virou da pia da
varanda para olhar para ela franzindo a testa. Ela sacudiu a cabeça e sorriu de
lábios fechados para ele. Ele concordou com a cabeça e perdido nos olhos de
Lizzy só se virou quando Kitty deu um gritinho feliz vendo o cachorrinho tentar
fugir das mãos de Darcy.
Fran suspirou infeliz olhando de um para o outro vendo a troca de
olhares e percebendo que a coisa era mais séria do que ela tinha imaginado
quando Elizabeth avisou que traria o namoradinho novinho para o fim de semana.
‘Pelo menos é rico.’ Ela grunhiu.
‘Mãe!’ Lizzy a repreendeu.
‘Ah Lizzy, pelo menos eu sei que você não está sustentando um garotão!’
Fran debochou da filha, mas podia ver que Darcy realmente gostava dela e que
Lizzy correspondia.
Tom precisou passar tempo com o moleque
para se convencer que ele não era um maconheiro
doido. Ele trancou Darcy na sua biblioteca na intenção de humilhá-lo com
sua coleção e conhecimento de literatura, mas teve uma surpresa ao ver que o menino era muito culto para sua idade.
Ele citou autores e contou da biblioteca de sua fazenda que seu avô tinha
orgulho de ter dado continuidade. Pemberley tinha um vasto estoque de livros -
alguns em primeira edição - que os ancestrais vinham colecionando por gerações.
Tom teve certeza que Lizzie não estava enlouquecendo quando Darcy contou que
leu Julio Verne antes dos dez anos de idade.
Kitty ficou encantada com Darcy. Quatroze anos mais velha do que ela,
tudo que Lizzy fazia e falava era perfeito aos olhos de Kitty, ainda mais
quando ela arrumou um namorado bonito e atencioso que a ajudou a dar banho no
cachorrinho rebelde ao invés de ignorá-la como Bill fazia.
O Natal, Lizzy foi passar com os Darcys em Pemberley. O lugar era lindo,
ainda mais todo branco com a neve de dezembro. Mas ela ficou um pouco
intimidada com a família, a imensidão e riqueza das instalações.
Logo que a conheceu Darcy Sr foi muito atencioso, mas não conseguia
esconder sua desconfiança com a óbvia adoração de seu filho mais velho pela
linda Elizabeth. Ele podia ver pela agonia do filho que Lizzy o vinha mantendo
em rédea curta, apesar dos hormônios do jovem de dezoito anos. Ela era mulher
feita e senhora de si, enquanto ele bebia reverencialmente tudo que ela falava
ou fazia.
Helen, irmã de sua falecida esposa, madrinha de Darcy e mãe postiça ficou
ainda mais desconfiada.
Darcy manteve os ‘pais’ sob supervisão, preocupado se eles falariam
alguma coisa que desagradasse Lizzy. Ele os avisou pelo telefone antes que
chegasse com Lizzy que ele não toleraria nenhuma alfinetada desnecessária, que ela
era muito importante para ele e que ele estava dando um duro danado para
convencê-la a ficar ao seu lado.
Assim que Darcy e Lizzy chegaram a Pemberley, Darcy chamou os ‘pais’ no
escritório e explicou a situação.
‘Eu gosto dela, e a diferença de idade não é problema para mim. ’ Ele
disse muito seriamente andando pelo escritório com as mãos entrelaçadas atrás
das costas.
‘Mas ela é muito velha para você, Willy. Você pode ter qualquer
namorada que quiser entre as meninas do clube. ’ Helen, com um sorriso condescendente
no rosto, disse do sofá onde estava confortavelmente instalada. ‘Tantas estão
atrás de você... ’
‘Tia Elly, você fala como se eu pudesse abrir um armário de namoradas e tirar a que eu quiser.’ Darcy
sacudiu a cabeça.
‘Quase isso! As meninas ficam ligando lá para casa perguntando quando
você chega de férias!’ Helen riu.
‘Eu gosto da Lizzy e é com ela que vou ficar. ’ Darcy disse resoluto.
‘Meu filho, ela não me parece muito à vontade... ’ Darcy Sr disse. Ele
sabia que a melhor maneira de argumentar com o filho era racionalmente.
‘Não está. Mas vai ficar. Eu gosto dela e ela gosta de mim. ’ Darcy
disse.
‘Menino, isso não é como escolher um brinquedo na loja!’ Helen levantou
a voz.
‘Quem te disse que eu penso assim, Tia Elly? Eu tenho muito respeito
pela minha namorada e exijo que você tenha também. ’ Darcy franziu a testa.
‘Pai, acho melhor conversarmos a sós. ’ Ele disse ao pai, obviamente
dispensando a opinião da tia.
Helen protestou e reclamou, mas deixou pai e filho a sós. Darcy então
explicou ao pai como se sentia em relação à Lizzy e como ela se sentia. Argumentou
que o pai teria a chance de conhecê-la pessoalmente e ver que ela realmente
gostava dele. Contou da dificuldade de se controlar quando a sós com ela e que Lizzy
tinha mais autocontrole que ele. Darcy Sr riu e deu alguns conselhos para o
filho, mas teve que admitir que tinha gostado da moça.
Vendo a interação apaixonada – mesmo que contida – entre eles, Darcy Sr
aprovou o namoro e apelidou Lizzy de ‘Boneca’
porque ela se encantou com a coleção de antigas bonecas de louça que estava em
exposição no salão de baile. Pemberley era uma grande fazenda e tinha
importância histórica para a região, então alguns cômodos ficavam abertos para
visitas em datas especiais.
Para Darcy, tê-la em Pemberley era simplesmente maravilhoso.
Durante o feriado, Darcy e Lizzy passaram todo o tempo juntos. À parte
das noites, quando cada um dormiu no seu próprio quarto apesar das insistentes
tentativas de Darcy. Eles viram filmes abraçados na sala de cinema, cavalgaram
quando o tempo permitiu, fizeram passeios nos campos brancos. Qualquer assunto
era importante e interessante o suficiente para eles.
Na enorme biblioteca, eles passaram algumas tardes lendo e roubando
beijos ou simplesmente sentados na bay window apreciando a linda vista
dos campos cobertos de neve. Como o
banco da janela era estreito apesar de muito confortável, Darcy sentava e abria
os braços para que Lizzy se acomodasse no colo dele.
‘Você é levinha!’ Ele brincou, sacudindo as pernas e fazendo-a pular.
‘Ei! Pára com isso, gigante!’
Lizzy protestou, segurando o braço dele para não ser jogada no chão. ‘Suas
pernas é que são muito fortes. ’
‘Gosta?’ Ele perguntou chacoalhando as sobrancelhas.
‘Claro! Mas pára de me sacudir!’ Ela implorou.
‘Gosta, mas não quer ser minha cheerleader...’ Darcy reclamou num
sorriso maroto. Era uma discussão recorrente entre eles, que ela torcia muito
discretamente durante as competições de natação dele. Quando ela ia, porque
muitas aconteciam em dias de semana.
Lizzy se virou para comentar e Darcy aproveitou para lhe roubar um beijo.
Essa discussão acabou trazendo à tona a diferença de idade e de situação
financeira entre eles. Darcy acabou lhe explicando que Pemberley seria dele
quando completasse vinte e um anos.
‘Will... Toda a propriedade?’ Ela falou surpresa, se virando no colo
dele para olhá-lo nos olhos.
‘É uma tradição de família.
Pemberley é passada de primeiro filho a primeiro filho.’ Ele disse arrumando uma
mecha de cabelo dela atrás da orelha. ‘Richard vai herdar os investimentos da
minha mãe, eu herdo Pemberley. Da parte dela. Do meu pai, a gente divide tudo.
’ Ele deu de ombros e chamegou o pescoço da Lizzy
‘Meu querido...’ Ela suspirou. ‘A gente é tão diferente. ’ Lizzy falou,
fugindo da sua boca no pescoço dela.
‘Ih, Liz. Nem começa. ’ Ele balançou a cabeça e apertou os lábios numa
linha de desaprovação.
‘Mas somos. Semana que vem eu tenho trabalho.
Você está de férias da escola!’ Lizzy
gesticulou com as mãos para enfatizar a situação ridícula.
‘E daí? Assunto velho, gostosa.
Pára com isso. ’ Darcy sacudiu a cabeça.
‘E ainda mais você é milionário.
Ou vai ser.’ Lizzy torceu os lábios.
‘Também tenho que trabalhar.’ Ele argumentou.
‘Estagiando na presidência da
sua própria empresa, meu querido...’ Lizzy fez uma expressão pesarosa.
‘Meu amor, você sempre acha algum problema para a gente. Pára. Chega.
Não vou deixar você escapar de mim. Eu te amo. Sou louco por você. ’ Darcy
disse se inclinando para frente na intenção de colar suas bocas.
‘Will!’ Lizzy se inclinou para trás e levantou as sobrancelhas. Ela
apertou os braços dele onde segurava, reagindo à surpresa da revelação.
‘Ah, você já sabia... ’ Ele falou todo sexy no ouvido dela.
Mais uma vez Lizzy teve que lutar contra o tesão dos dois e parar antes
que eles ultrapassassem a linha imaginária na cabeça dela. Pela lei não seria
proibido, mas ele era tão novinho... Estava cada vez mais difícil controlar a
libido dele. E a dela, se ela tivesse que ser sincera.
Apesar de estarem alocados em quartos separados, toda noite Darcy dava
um jeito de ir até o quarto da Lizzy. Na primeira noite ele foi levá-la leite
morno e biscoitos, para garantir que ela dormisse tranquila. Ganhou uns
selinhos por isso.
Na segunda noite ele lembrou que ela tinha comentado sobre um livro de Julio
Verne e então ele procurou o livro na biblioteca e foi levar para que ela lesse
antes de dormir. Roubou algumas bitocas e uns amassos por isso.
Na terceira noite ele bateu na porta dela sem motivo, só porque sabendo
que ela dormia no quarto do final do corredor, não conseguia ficar longe. Nessa
noite Lizzy não conseguiu se segurar e eles acabaram na cama, (praticamente)
totalmente vestidos, mas ardentemente entrelaçados.
Quando ele soltou sua boca tempo suficiente para ela falar, Lizzy
perguntou olhando diretamento nos olhos dele pela luz fraca que vinha do
abajur.
‘Will, você é virgem?’ Ela prendeu a respiração esperando pela resposta.
‘Quê?’ Ele perguntou horrorizado e humilhado. Ele sentia suas bochechas
em chamas e odiava que ainda por cima, mesmo no quarto escuro, ela pudesse ver
que ele estava corando.
‘É, não é?’ Ela mordeu o lábio inferior.
Darcy queria morrer de vergonha. E raiva. Ele estava finalmente na cama
com sua deusa sensual, em Pemberley seu lugar favorito no mundo, e ela estava
preocupada – não, ela estava certa que
ele era virgem.
‘Não!’ Ele respondeu ofendido.
‘Mmmmm...’ Lizzy torceu os lábios desconfiada.
Deitados de lado e de frente um para o outro, ele se inclinou para longe
dela e passou a mão no cabelo, nervoso. Darcy imediatamente ficou preocupado
com seus atos amorosos com ela. Ele parecia assim tão inexperiente? Tão bobo?
Tão inadequado para ela? “Droga!”
‘Não sou virgem, Elizabeth. Verdade. ’ Ele disse sério.
‘Will, não tem problema. Não é hoje nem agora que você vai ter que mostrar
serviço. Fica tranquilo, não precisa me convencer de nada. ’ Lizzy disse e
fechou os olhos. “Tudo errado, Lizzy toda
errada.” Ela pensou consigo mesma. Lizzy ainda tinha dúvidas se queria isso
para ela, essa função de educadora.
Darcy sentiu um choque no peito. O que isso queria dizer? Que ela não o
queria? Não era o que parecia. Dois minutos atrás ela estava adorando tudo que
eles estavam fazendo na cama. Não estava?
‘Elizabeth, não sou virgem. Há mais de um ano. Antes de te conhecer já
tinha saído com duas garotas diferentes. Para transar.’ Ele tentou de novo, se
explicando.
‘Verdade?’ Ela levantou as sobrancelhas.
‘Juro. ’ Ele falou, traindo sua idade.
Lizzy sorriu. Garotinho fofo e gostosinho. Ela suspirou mais uma vez. E
como era gostosinho... Darcy se inclinou para frente e capturou os lábios dela
novamente.
‘Se você está achando que eu não sei nada, me ensina. Sou ótimo aluno. ’
Ele sussurrou.
Lizzy soltou um misto de gargalhada e grunhido que virou suspiro quando
ele atacou seu pescoço e acariciou suas costas por dentro da sua blusa.
Darcy só foi para o seu quarto às cinco da manhã, antes que a casa
acordasse.
Depois disso, sempre que possível, eles dormiam juntos vestidos no
clássico pijama dividido e estavam ainda mais unidos.
---
O aniversário da Lizzy coincidiu com uma semana de férias e Darcy lhe
convenceu a aceitar passagens para Europa. Deu muito trabalho e levou quase
dois meses, mas ela concordou e munidos de uma mega mochila cada um, eles
embarcaram para aproveitar dez dias visitando Itália, França e Áustria.
Apesar dos protestos de Darcy eles ficaram em albergues em Veneza e Paris.
Lizzy deixou claro que ela não era uma rica mimadinha e que só poderia arcar
com a viagem se fosse no esquema de mochileiro, então sim: eles iriam se
hospedar pelo menor valor possível. Eles tinham reservado vagas em dormitórios unisex,
e tiveram que dormir separados em Veneza.
Lizzy não quis assumir, mas ficou um pouco intimidada com a falta de
segurança. Dormir nos braços fortes do seu namorado novinho já estava marcado
nela. Para compensar eles andaram abraçados pela romântica Veneza e ela teve
que aturar Darcy de pé ao lado do gondoleiro cantando em Italiano no passeio
pelos canais. Lizzy pressionou até ele confessar que tinha ensaiado por semanas
a música italiana que cantou, pensando só em fazê-la rir.
Quando chegaram ao albergue de Paris, conseguiram um quarto misto com
duas camas de solteiro. Na primeira noite Darcy estava destruído de cansaço. Desacostumado
da vida de mochileiro, ele deitou e quase imediatamente pegou no sono. Da sua
cama Lizzy ficou um tempo observando seu perfil enquanto ele dormia.
Dava para ver como seu rosto já tinha mudado nesses últimos nove meses.
Ele estava mais alto, mais forte por causa das competições de natação, mais
maduro. Um pouquinho mais maduro. Ainda era novo, muito novo para ela. Mas tão
irresistível. Ainda por cima era rico. Nossa, em que confusão ela tinha se
metido.
Na segunda noite, Darcy deitou antes dela e ficou esperando Lizzy voltar
do banheiro coletivo. Dormir a noite toda juntos em uma cama de solteiro era
mais desconfortável que romântico para um gigante desconjuntado como Darcy, mas
ela era irresistível para ele. Quando ela chegou ao quarto e trancou a porta,
ele levantou o lençol para que ela deitasse com ele. Ela sorriu e sacudiu a
cabeça, mas aceitou.
Durante a noite, com medo de jogá-la no chão, ele a levantou e passou-a
para o canto de modo que ela ficou entre ele e a parede. Ela resmungou, mas
muito cansada não acordou. O desafio de dividir a cama com Lizzy foi recompensado
quando Darcy acordou de conchinha com ela, sua bunda redonda e gostosa aninhada
na virilha dele.
Lizzy tinha um grande amigo na Áustria e Darcy teve que lidar com um
ciúme tão visceral que mal lhe permitia respirar.
‘Will, não seja bobo. Gardy é
meu amigo. ’ Lizzy disse ajustando a
enorme mochila nas costas enquanto eles saíam da estação de trem que os havia trazido
de Paris a Viena. Lizzy tinha conversado excitadamente com Hans Gardiner
pelo celular antes mesmo de entrar na cidade.
‘Amigo o caralho. Eu não quero saber desse cara perto de você. ’ Darcy
fechou a cara e parou na frente dela como uma muralha, pés afastados e fincados
no chão, sua mochila abandonada ao seu lado.
‘Ih... Que bobeira.’ Lizzy virou os olhos e livrou seu cabelo longo do
peso das alças da mochila.
‘Bobeira? Você chama esse cara de ‘amor’ na minha cara, planeja
nos hospedar na casa dele...’ Darcy foi contando as ofensas nos dedos.
‘Dos pais dele.’ Lizzy levantou um dedo em riste.
‘Lizzy, não!’ Darcy sacudiu a cabeça de um lado para outro e cruzou os
braços sobre o peito.
‘Will, essa discussão é tão deprê... ’ Ela apertou os olhos e a boca. ‘Qual
é o problema? Gardy é meu amigo desde... ’ Lizzy mordeu os lábios. ‘Desde
sempre. ’
‘Fala.’ Darcy ordenou. Ela já a conhecia o suficiente para saber que ela
estava medindo palavras.
‘O quê?’ Ela perguntou inocente.
‘Fala, Lizzy. ’ Ele insistiu.
‘Nada. Esquece.’ Ela abanou a mão no meio deles.
‘Droga. Eu odeio quando você faz isso. Fala logo. Esse babaca é seu
amigo desde... ’ Darcy olhou para ela com raiva, fazendo força para não a
deixar quebrar contato visual com ele. A melhor chance que ele tinha para
ganhar essa parada era mantê-la sob pressão. ‘Desde que você dormiu com ele. É
isso, não é?’
‘Não!’ Lizzy franziu a testa. ‘Claro que não. ’
‘Fala logo. ’ Darcy se preparou para ouvir o pior. O pior para ele era
saber que sua namorada o tinha trazido para rever um ex.
‘Tá bem.’ Lizzy perdeu a paciência e engrenou no sarcasmo. Olhando para
cima com raiva ela disse: ‘Hans Gardiner é meu amigão desde que ele
visitou um amigo que fez intercâmbio na minha escola enquanto você ainda estava
no jardim de infância brincando de massinha!’ Ela terminou quase aos gritos,
irritada com o ciúme bobo de Darcy, os braços presos ao lado do corpo e mãos em
punho. Entre ela e Gardy havia somente amizade. Nos últimos anos, pelos menos.
‘Puta merda, Lizzy! Assim não dá para conversar com você. Toda vez que
você sabe que eu tenho razão você vem com essa da nossa diferença de idade.
Caralho!’ Darcy levantou a voz traindo seu autocontrole.
Lizzy grunhiu e abraçou o peito na defensiva. Mas antes que ela tomasse
ar suficiente para retrucar ele continuou.
‘Quer saber? Não vou cair nessa. Nem eu nem você vamos ficar hospedados
na casa do seu amiguinho. Essa viagem é para comemorar o seu aniversário
comigo.’ Ele apontou para o próprio peito. ‘Comigo. Eu sou seu namorado. Eu aceitei essa história de mochileiro porque
você ficou tão incomodada em aceitar as passagens que eu te dei. Agora chega.
Pelo menos nos últimos dias nós vamos ficar em um hotel. ’ Darcy ordenou.
‘Quê isso? Pirou? Vai me dar ordens agora?’ Lizzy o desafiou com as mãos
na cintura fina.
‘Vou. Tá resolvido.’ Ele passou a mão pelo cabelo, frustrado e puto da
vida mas fazendo força para segurar a onda. Era a sua Lizzy, ele estava na Europa com sua Lizzy. ‘Você tem o poder de me tirar do sério o tempo todo. ’
Lizzy levantou as sobrancelhas para ele com cara de deboche.
‘Liz...’ Darcy chegou perto e a abraçou contra a sua vontade apesar da
mochila. Ela tentou inutilmente sair do abraço grande e forte dele por alguns
instantes até que se deu por vencida e aceitou. Mas não retribuiu o abraço.
‘Liz, eu te amo. Detesto brigar com você, mas você é muito cabeça dura. ’
‘Ah, não! Por favor... ’ Ela reclamou.
‘Pára... Shhh... ’ Darcy beijou a testa dela.
‘Você é muito folgado, sabia moleque?’
Ela tentou se livrar do abraço novamente. Ele resistiu. Não tinha jeito, ele
era muito maior e mais forte que ela.
‘Sabia. E vou te beijar agora até você acalmar esse seu fricote de tia
velha. ’ Ele baixou a cabeça em direção aos lábios dela.
Ela virou o rosto para cá e para lá e ele acompanhou, sem soltar o
abraço apertado em que a mantinha. A briga acabou em risos e Darcy acabou
conseguindo o que queria. Suas duas últimas noites na Europa foram desfrutadas
em um ótimo hotel três estrelas em Viena – Lizzy não quis nem ouvir falar em alguma
opção mais luxuosa - dormindo em uma confortável cama de casal com sua namorada
gostosa de recém-completados vinte e cinco anos.
Apesar de dormirem dividindo um pijama, suas consciências venciam toda
noite. Mesmo que à duras penas. Darcy estava cada vez mais fissurado em Lizzy e
ela por sua vez mal se aguentava. Ele tinha crescido e estava ainda mais bonito,
mais forte e mais carinhoso. Ele aprendia rápido o pouco que ela ensinava e
ainda por cima, de vez em quando fazia uso de táticas escusas.
Uns meses atrás, ele tinha precisado argumentar muito para que ela
aceitasse o pijama dividido. Agora, vê-la andando de calcinha pelo quarto de
hotel era uma tortura deliciosa. Para convencê-la a chegar a uns amassos mais
quentes em Viena, ele teve que jogar sujo. Muito sujo.
Primeiro, logo que fizeram check in, e tinham que se arrumar para
encontrar o tal amigo, ele se despiu no quarto e desfilou nu até o
banheiro. Lá, ele ‘esqueceu’ a porta aberta enquanto tomava banho.
Lizzy se remoeu e suspirou e contou até vinte. Mas resistiu.
Depois do jantar com o amigo, que para surpresa de Darcy era um cara
muito legal e também namorava uma mulher mais velha, ele escondeu a camisa de
pijama que ela usava para dormir no fundo da sua própria mochila. Ela se lamentou,
mas estava tão cansada que pegou com uma camiseta branca simples qualquer e foi
para cama.
Na manhã seguinte Darcy a acordou aos beijos e os amassos foram
inevitáveis. A camiseta branca foi logo descartada, mas Lizzy não aceitou que a
calcinha ou a cueca saíssem. Darcy ficou satisfeito com o que conseguiu, foi um
avanço e tanto. Ele tirou proveito desse passo como se fosse o grande prêmio da
competição de natação.
Eles beijaram, mordiscaram, lamberam. As mãos tiveram liberdade para
acariciar e explorar. As pernas estavam livres para se entrelaçarem e
prenderem. Darcy escorregou pela cama com um sorriso maroto nos lábios e beijou
seu caminho pelo ombro da Lizzy, clavícula, peito, seio direito depois o
esquerdo. Ele parou e apreciou a beleza dupla que até então só tinha visto por
acidente, agora ele podia contemplá-los. Não só com os olhos, já que atendendo
a pedidos dela ele provou e imediatamente ficou viciado nos seus mamilos cor de
vinho. Continuando seu caminho de beijinhos ele chegou ao seu estômago,
barriguinha seca, quadril até que a ouviu prender a respiração.
Darcy esperou o protesto que não veio, então ele beijou o elástico da
calcinha preta, abaixo do umbigo dela, bem no meio. Ela estremeceu, ele riu
baixinho. E continuou beijando, um centímetro mais baixo a cada vez. Quando ela
abriu as pernas para que ele beijasse seu clitóris, Darcy achou que o tão
esperado dia tinha finalmente chegado.
Ele controlou sua excitação, passou um dedo sob o elástico lateral da
calcinha e acariciou o que estava beijando. Lizzy se contorceu e gemeu. Ele foi
à loucura e tocou-a com a língua. Mas quando ele se arrumou na cama para puxar
a calcinha dos quadris dela, ela sentou e sacudiu a cabeça.
‘Não, meu amor.’ Ela sussurrou, o rosto vermelho de tesão e susto. Por
um segundo, quase havia perdido o controle.
‘Liz...’ Darcy tentou, ainda acariciando-a com o dedo e o rosto colado
na sua calcinha.
‘Não.’ Ele sussurrou de novo e chegou para trás na cama, se livrando da
tentação dos seus dedos compridos e inacreditavelmente hábeis.
No resto do dia, os dois até tiveram dor de cabeça. De susto, de
frustração, de desejo reprimido.
---
Por Lizzy, Darcy aprendeu a beber sem fazer papel de bobo, já que tinha
que frequentar lugares com ela. Muitas vezes ele teve que usar sua altura avantajada
para se fazer respeitar. Mas mesmo com sua aparência carrancuda os amigos dela
ainda tinham suspeitas sobre eles. Com o tempo, os amigos dela o conheceram
melhor e o ‘pinto de um dia sério demais
para sua idade’ acabou fazendo amigos entre os amigos dela.
Com a aprovação dele em Harvard, a vida deles ficou muito mais fácil,
mesmo que por alguns meses. Só 190 km distantes um do outro, muito mais perto
que Nova York, eles podiam se ver quase todo dia. Alguns dias eles jantavam
juntos e até dormiam no dormitório da Lizzy que tinha horários e
responsabilidades acadêmicas bem mais puxadas que as dele.
Lizzy se formou quatro meses depois que ele entrou na faculdade. O
escritório H&S lhe ofereceu uma ótima colocação como trainee e
ela se mudou para Boston. Ainda mais perto um do outro, Darcy e Lizzy eram
inseparáveis.
No mesmo mês, Darcy finalmente completou dezenove anos. Como presente,
Lizzy comprou ingressos para assistirem a um show antológico do Dire Straits
em Nova York. Assim eles poderiam comemorar o aniversário dele e de namoro em
grande estilo. Darcy adorou o presente, e sorriu de orelha a orelha com a
satisfação dela em comprar um presente assim caro com seu salário no seu primeiro
emprego desde que se formou.
Com algum trabalho ele a convenceu a aceitar que ele pagasse pela
hospedagem – ‘Desde que em hotel normal e não uma loucura como o Waldorf
Astoria’ - e assim eles chegaram à Nova York para comemorar que o ‘moleque’
estava ficando mais velho.
Darcy mal conseguia conter sua excitação, pensando em ficar hospedado com sua
deusa sensual em um hotel novamente.
Fazia um ano que ela era o centro do universo dele e ainda assim eles
não transavam. Aos poucos ele foi conseguindo ficar mais íntimo dela, beijos
mais intensos, carícias mais quentes, dormir juntos e com menos roupas, ele
ficava nu perto dela mas ela só lhe permitia ver seus seios. Darcy sempre
tentava ganhar mais liberdade com ela e comemorava quando conseguia avançar mais
um sinal vermelho.
Lizzy estava inegavelmente apaixonada e cada vez mais atraída
sexualmente por ele. Darcy era lindo e charmoso, forte e carinhoso. Mas ela
ainda se sentia travada quando ele tentava convencê-la a fazer amor. Um rala e
rola mais quente era inevitável e absolutamente delicioso, mas sexo?...
Naquele fim de semana como combinado, ele foi pegá-la na porta do seu
escritório pontualmente às sete da noite de sexta feira, orgulhosamente
dirigindo o presente que seu pai havia lhe dado: um majestoso Porsche Boxster cinza metálico. Lizzy ainda não tinha visto, o carro tinha
acabado de ser entregue no campus da faculdade há alguns dias e ele tinha feito
questão de mudar os planos de ir à Nova York de avião em prol de estrear a ‘máquina’.
Lizzy teria preferido ir de avião. Ela ainda estava se
adaptando à nova realidade como funcionária, apartamento recém-alugado,
responsabilidades. Cansada e tensa ela chegava a casa tão tarde que durante
essa semana nem tinha conseguido encontrar com Darcy. De carro, ela não poderia
cochilar e teria que ficar atenta à estrada mesmo que ele estivesse ao volante.
Ele dirigia bem, mas mesmo assim ela não conseguiria relaxar.
Quando ela chegou ao lobby do prédio do seu escritório
quase uma hora atrasada, Darcy estava encostado no carro esperando
impacientemente, apesar de manter a pose de homem mais velho que não demonstra
as emoções. Mas logo desfez a irritação vendo o sorriso nos lábios dela.
‘Will! É lindo!’ Lizzy exclamou com as mãos no pescoço.
‘Oi, meu amor. Gosta?’ Ele sorriu orgulhoso tanto do carro
quanto da namorada. Como ela era gata vestida para trabalhar.
‘Nossa!...’ Ela exclamou e cobriu a boca com as mãos.
Darcy sacou logo que lá vinha problema pela expressão nos
seus lindos olhos escuros. ‘Olha lá. Não me vem com o papo de pirralho rico e
mulher de classe média de novo. ’ Darcy cruzou os braços sobre o peito e fechou
a cara.
‘Mas é isso...’ Lizzy apertou os lábios.
‘Entra no carro e vamos embora.’ Ele sacudiu a cabeça, se
recusando a entrar na mesma discussão mais uma vez. Muito galante, ele se virou
e abriu a porta do carona para ela. ‘Mas primeiro, me dá um beijo... faz cinco
dias que não te vejo.’ Ele abraçou sua cintura e puxou-a contra seu peito.
Algumas horas depois, no lobby do hotel bacana na Sétima avenida,
ignorando o bico de desaprovação de Lizzy, ele apresentou seu cartão de crédito
e pediu as reservas em nome de ‘William Darcy e namorada’ impostando a voz e
enchendo o peito de orgulho com sua definitiva maioridade que seria alcançada
em vinte e uma horas.
O porte de Darcy lhe dava ares de mais idade e como todo homem que ama
uma mulher mais velha ele começou a fazer questão de parecer mais velho. Ele
tinha mudado o corte de cabelo para agradá-la e para parecer que tinha uns vinte
e dois, vinte e três anos. Agora com mechas mais longas, ele mantinha o cabelo penteado
para trás durante a semana, mas Lizzy podia arrumar num ‘bed hair’
usando suas mousses e pomadas de cabelo. E como ela tinha vidros e vidros
dessas coisas! Era uma ótima desculpa para ter acesso desobstruído ao corpo
dela. Após o banho ele sentava e ela tomava lugar no meio das pernas dele para
lhe arrumar os cabelos. Enquanto ela trabalhava, ele tinha liberdade para
abraçar, apertar, beijar e devorá-la com os olhos.
Uma vez no quarto de hotel, ele pediu que ela arrumasse seu cabelo para
ver se ela aprovava o corte que ele tinha feito durante a semana. Era um
pretexto para prendê-la entre suas pernas.
‘Will!’ Lizzy riu e se remexeu tentando sair.
‘Meu amor, quero meu presente de aniversário hoje. ’ Ele ordenou como
uma criança mimada, olhando para cima e prendendo o olhar dela.
‘Ué, tá na minha bolsa. Você não quis guardar com você... Vou pegar os
ingressos. ’ Ela falou com uma mão de cada lado do rosto dele e se virou para
alcançar a bolsa.
‘Não, Liz.’ Ele continuou a segurar o olhar dela. Como ele adorava
aqueles olhos negros e expressivos. ‘Quero meu presente de verdade. ’
‘Hã?...’ Lizzy franziu a testa.
‘Dezenove, Lizzy. Não sou mais seu moleque. ’ Ele falou sério.
Lizzy corou.
‘Faço dezenove anos em vinte horas e trinta minutos.’ Ele checou o
relógio. ‘Definitivamente maior de idade. Ninguém pode te acusar de agir contra
a lei.’ Ele falou, já acariciando o bumbum dela, o queixo colado na sua
barriga. ‘E eu não pretendo deixar você sair do quarto até lá.’
‘Mas nós temos ingressos para o show em... ’ Lizzy teve que fazer força
para conseguir contar as horas até o show da noite seguinte enquanto tentava
resistir às mãos tão inexplicavelmente habilidosas de Darcy. ‘Dezessete horas.
’ Ela mordeu os lábios para não deixar um gemido lhe escapar.
‘A gente só vai sair para o show então.’ Ele decretou beijando um de
seus seios por cima da blusa.
Lizzy sorriu e não havia mais como resistir. Eles estavam muito
próximos, muito apaixonados, a maior parte das pirações com relação à diferença
de idade resolvidas.
Ela relaxou nos braços dele e ele aproveitou para abraçá-la com mais
força. Lizzy que já estava acariciando a cabeça dele se remexeu entre as pernas
de Darcy dando a ele desculpa para puxá-la até encostar na virilha dele.
Ele já estava em ponto de bala, sempre estava quando perto dela. Assim, sem
camisa, descalço e sentado na cama enquanto ela estava toda gata de saia justa
preta e camisa branca acinturada; Darcy estava quase indo à loucura. Quase
sempre ele não via nela uma mulher mais velha, a tia que ele a acusava
de ser quando eles discutiam; mas desde que ela começou a trabalhar ele estava
ficando cada vez mais seduzido pela sua maturidade. Incrível como uma mulher
tão sensual, tão maravilhosa aceitava sair com ele. E ele nem transava com ela!
Foi aí que ele teve uma revelação: ela era tão doida por ele quanto ele
era por ela! Lizzy estava esperando ele ficar mais velho! Essa revelação lhe
encheu de coragem e os hormônios de adolescente tomaram conta de Darcy.
Ele esticou a coluna e capturou os lábios da Lizzy num beijo
interminável enquanto alcançava atrás dela o zíper da saia que abriu,
deixando-a cair no chão. Mas ele só viu a calcinha de renda branca quando abriu
o último botão da blusa e a empurrou para trás dos ombros dela, e o maravilhoso
sutiã de renda apareceu. Era um conjunto novo. Ela tinha planejado isso.
Darcy não conhecia esse conjunto. Ele conhecia a maior parte das
lingeries dela. Apesar de nunca ter ficado totalmente nua na frente dele (para
não brincar com fogo), Lizzy andava de calcinha e sutiã pela casa enquanto se
vestia. Como ela levava horas para escolher a roupa que usaria, Darcy
frequentemente a via assim, e adorava. Na Europa eles dividiram quartos de
albergue e hotel. Na casa e dormitório dela, quando dava, ele discretamente
fuçava a gaveta de lingerie dela para dar munição à sua imaginação. Esse
conjunto branco de renda definitivamente era novo. Por dentro, ele urrou de
felicidade.
Ele chegou para trás e puxou-a até que ela ajoelhou na cama na frente
dele. Com os rostos nivelados, Lizzy olhou bem nos olhos profundos do garotinho
por quem ela tinha se deixado apaixonar. ‘Eu te amo, Will’.
‘Eu sou louco por você, Liz. Vem.’ Ele respondeu e deitou, levando-a
sobre ele.
Lizzy montou sobre a cintura dele, apoiou as mãos aos lados da sua
cabeça e se inclinou para beijá-lo. Dessa forma ela estava dando a ele
liberdade total para acariciar seu corpo; e ele fez isso. Seus ombros que ele
beijava sempre que ela os deixava nus numa camiseta, seus seios que tiravam-lhe
o fôlego sempre que os via, sua cintura que ele segurou firme e puxou até que
suas virilhas se encontraram.
Os dois gemeram e Lizzy imediatamente começou a se mover, incendiada
pela sensação do bunchage de Darcy. Como ele ultimamente não fazia
questão de facilitar as coisas para ela e andava nu sempre que tinha chance,
ela já tinha visto que ele era bem dotado, mas agora ela estava se dando a
chance de aproveitar. E como era perfeito.
Nesse momento eles não tinham seis anos de diferença, ela não era
experiente (com dois namorados somente) e ele não era um garoto rico mimado.
Eles eram Darcy e Lizzy fazendo amor pela primeira vez.
Ela guiou a mão dele dentro da sua calcinha e mostrou como gostava de
ser acariciada, ele aprendeu a lição e experimentou um pouco mais até que ela
tirou a mão dele e levantou para tirar o sutiã e calcinha. Darcy arrancou a
calça jeans e a cueca em um único movimento desesperado.
‘Você tem camisinha?’ Lizzy perguntou levantando as sobrancelhas. ‘Eu
pensei em comprar amanhã. ’
Darcy sorriu. ‘Tenho, minha deusa. ’ Darcy se contorceu e alcançou a
mochila na cadeira ao lado da cama. “Ela pensou em comprar camisinha para
mim! Uau!”
‘Mas não aquelas que vêm rolando desde o Dia de Ação de Graças, né?’ Ela
perguntou contendo o riso.
Darcy corou.
‘Você deixou a mochila aberta no meu quarto em Meryton, lembra? Na
Europa também.’ Ela sorriu. ‘Era para que eu visse, não era?’
Darcy riu.
‘Tarado por você, minha deusa. ’ Ele respondeu nos lábios dela.
Eles realmente só saíram do quarto para ir jantar e assistir ao show na
noite seguinte.
Para os dois, sua realidade utópica, sua quimera virou mitologia
concreta. Agora eles eram um casal de
verdade.
---
Para apaziguar as neuras da Lizzy com relação à grana e para surpresa do
pai, Darcy começou a trabalhar na faculdade. Ele entrou para a incubadora de
empresas e logo deslanchou um projeto audacioso no mercado futuro de ações. Durante
os anos de Harvard ele trabalhou duro fazendo seu negócio funcionar e properar,
apesar das limitações do programa estudantil de negócios.
Lizzy fazia carreira exemplar na H&S. Era a protegée do
seu chefe e sócio fundador do escritório, Coronel Forster que cada vez
lhe dava mais responsabilidade na empresa. Em três anos, quando Darcy começou
seu último ano de faculdade, ela foi promovida a chefe de setor e com o bônus teve
dinheiro para comprar um apartamento em Boston.
‘Um apartamento meu, Will! Só meu!’ Descalça, Lizzy saltitava na frente
do sofá quando chegou ao apartamento dele perto da faculdade. No dormitório,
ele não poderia receber Lizzy quando quisesse, então Darcy optou por um flat
nas proximidades. Isso significava algum trânsito pela manhã e à noite, mas
para ele não era nada comparado com a possibilidade de poder ficar junto à sua
deusa quando quisesse.
‘Parabéns, meu amor!’ Darcy sorriu encantado com a alegria dela. Mesmo
depois de quatro anos juntos, para ele ela era o que havia de melhor no mundo. A
mais bonita, mais sexy, mais inteligente. E aceitava ser dele, só dele.
‘Olha, já até sei o que vou procurar. Um quarto, sala grande, muito sol.
Você vai poder guardar seu camelo na
cozinha, naqueles ganchos bacanas, sabe?’ Ela foi falando enquanto perambulava
pela sala do flat, contando as qualidades do apartamento fantasma nos dedos.
‘Chega desse sofrimento de deixá-lo no depósito e encontrar um pneu furado que
nem na semana passada. Também tem que ter garagem para a Duke.’
Darcy apertou os olhos, mas não comentou. Ele concordava com a mãe dela
que andar de moto, mesmo que na curta distância entre Boston e seu flat em Cambridge,
era perigoso. Ele preferiria que ela aceitasse trocar a Duke por um
carro.
‘Parece perfeito. Em qual bairro? Eu gosto de onde escolhemos para você alugar.’
Darcy falou, se espreguiçando no sofá. Tinha sido uma sexta-feira dura, com
provas e seminários para apresentar. Além da incubadora. Ele estava exausto. Só
pensava em contar com a ajuda da sua linda namorada para relaxar.
‘Pode ser. Gosto de lá também. ’ Lizzy concordou. Quando ela se mudou
para Boston, Darcy tinha ajudado a escolher um apartamento que ela pudesse
pagar com seu salário e que fosse bom o suficiente para ela morar sozinha. Pelo
menos durante a semana, por que ele chegava na sexta à noite para ficar até
segunda pela manhã. ´Mas talvez um lugar mais charmoso... South End?’
‘Concordo. Juntando com a minha metade, dá pra gente comprar um de dois
quartos, meu amor. Um escritório em casa seria ótimo para nós dois. ’ ele falou
cruzando os braços atrás da cabeça e se esticando no sofá. Para Darcy estava
claro que ele dobraria o bônus dela e assim teriam valor suficiente para
comprar um apartamento descente.
‘O quê?’ Ela parou no meio da sala, seu sorriso congelado dos lábios.
‘Pensa. Daqui a alguns meses eu termino minhas matérias, só vou ter que
prestar algumas provas e vou precisar trabalhar mais em casa. ’ Ele deu de
ombros.
‘E?...’ Lizzy perguntou.
‘E?...’ Darcy perguntou de volta. “Lá vem.” Ele pensou.
Ela torceu os lábios e inclinou a cabeça, olhando para ele.
‘E a gente podia morar junto. ’ Ele continuou. ‘Não teremos mais
necessidade de morar longe um do outro por que eu não virei à faculdade toda
hora.’ Ele deu de ombros de novo, como se convidá-la para morar junto fosse a
coisa mais natural do mundo. Não, não um convite: uma conclusão óbvia.
‘Não, não, garotinho. Meu apartamento. Meu. Minha grana. ’ Lizzy
balançou o dedo na frente dele.
‘Garotinho! Você nunca vai esquecer isso.’ Ele grunhiu e passou
as mãos no rosto. Darcy estava tão cansado que não ia conseguir levar uma
guerra de inteligência com a língua afiada da Lizzy. Ele fechou os olhos e
apoiou a cabeça no encosto do sofá. ‘Juntando grana dos dois daria para comprar
um apartamento maior. Mas se você preferir me excluir... ’
‘Nada disso, Will. Sem chantagem. Meu primeiro imóvel. Só meu. ’ Lizzy
explicou, gesticulando mesmo que ele não visse porque estava de olhos fechados.
Darcy levantou a cabeça e olhou para ela. ‘Tá. Mas seu primeiro
imóvel pode ser o nosso primeiro imóvel. ’ Ele falou olhando-a
atentamente, já preparado para brigar.
Lizzy abraçou o peito e virou de costas para ele. Virou-se de volta e
tomou ar para falar, mas mudou de ideia. Ele levantou as sobrancelhas e abanou
a mão indicando para ela continuar. Ela suspirou fundo e decidiu ir tomar água
para esfriar a cabeça.
Como explicar ao herdeiro de milhões a importância de se ter dinheiro
suficiente para comprar o próprio apartamento aos vinte e nove anos? Ele já havia
nascido com uma propriedade de dezenas de milhões de dólares que rendia quase dois
milhões por ano presa à sua chupeta. Lizzy vinha de classe média, seus pais
pagaram sua faculdade com poupança guardada por anos, ela sempre trabalhou
durante a escola e a faculdade.
Darcy era garotinho rico, berço de ouro. Ela tinha a suspeita que ele só
trabalhava na incubadora para agradá-la. Ela gostava disso, que ele fazia
esforço para ser mais pé no chão, principalmente que ele fazia esforço para
agradá-la em qualquer coisa. Mas eles eram muito diferentes.
Também, ela vinha pensando muito nos próximos anos. Darcy sempre teve
planos de fazer seus MBAs na Inglaterra, ele nunca escondeu isso. Nem a família
dele. Da última vez que eles estiveram em Seattle, Darcy Sr inclusive começou
uma conversa sobre quais cursos ele deveria escolher e quais poderiam ser
interessantes para Lizzy.
Na ocasião ela concordou com a cabeça, sorriu e agradeceu a atenção, mas
não comentou. Quando chegou em casa, ela procurou informações e viu que até
seria possível financeiramente uma temporada de seis meses na Inglaterra e nada
mais. A não ser que ela quisesse perder seu ótimo emprego e abrir mão da
carreira que vinha construindo.
Sem falar no seu relógio biológico. Darcy estava chegando a vinte e três,
ela já estava próxima dos trinta...
‘Liz?’ Darcy chamou e só então ela percebeu que estava perdida em seus
pensamentos na cozinha por vários minutos. ‘Cadê você?’
Por um instante ela teve uma crise de pânico pensando na possibilidade
de perdê-lo. De que ele fosse em frente com seus planos traçados em seu berço
de ouro e ela ficasse para trás. Sem
pensar mais ela voltou para sala e montou no colo dele.
‘Will?’ Ela falou com urgência.
O sorriso preguiçoso que ela adorava sumiu do rosto dele quando ele
percebeu a urgência na voz dela.
Lizzy segurou seu rosto com as duas mãos e o beijou. ‘Will, esse
apartamento é meu. Só meu, entende? Eu preciso ter a certeza que eu posso andar
sozinha, que eu... ’ Ela piscou para conter lágrimas idiotas que teimavam em marejar
seus olhos. “Que eu vou conseguir viver sem você quando chegar a hora.” Ela
pensou, mas não achou força para falar alto. Seria como admitir para si mesma
que a possibilidade era latente.
‘Calma meu amor. ’ Darcy beijou seus olhos. ‘Calma. É só um apartamento.
Só o primeiro. ’ Ele sorriu gentilmente na intenção de acalmá-la.
Mas as palavras dele só fizeram com que ela tivesse mais certeza de que a
validade deles estava próxima do fim como ela tinha concluído na cozinha.
Ela sorriu e fez que sim com a cabeça, mas ficou triste.
---
Lizzy encontrou um apartamento da maneira que planejou, mas só fechou
negócio depois que Darcy viu e aprovou. Como presente para a casa dela – Darcy
era morador e não proprietário – ele lhe deu o mobiliário do
jeito que ela escolheu.
O ‘open house’ foi uma festa que reuniu os amigos dele e dela.
Tinha muita gente festejando, e gente tão diferente quanto o grupo de
mauricinhos herdeiros ricos, os colegas de escritório dela, os antenados, os motociclistas
vanilla e o pessoal do mercado financeiro. Tinha tanta gente que o pequeno
apartamento de um quarto, sala, banheiro grande e cozinha econômica teve que
ficar de porta aberta para que todos conseguissem respirar.
---
Música:
Quero toda noite - Fiuk e Jorge Ben Jor
---
No próximo capítulo (última parte):
leia na íntegra aqui.
---
E aí? Gostando?
Comentários? Adoro!
Música:
Quero toda noite - Fiuk e Jorge Ben Jor
---
No próximo capítulo (última parte):
'" 'William é tão engraçado! Ele acabou de me contar uma estória de viagem
hilária.’
‘Car, você poderia convidá-lo para ir passar uma temporada na Ásia com
você...’ Sua mãe disse trocando olhares de soslaio com Helen.
‘Claro, querida! Seria ótimo para ele aproveitar uns meses descansando,
fazendo programas de jovens. Ele é tão novinho e já trabalha tanto nessa
empresa que ele inventou na faculdade.’ Ela estalou a lingua e sacudiu a cabeça
desaprovando os esforços de Darcy. ‘Imagina se um garoto que vai herdar tanto
precisa trabalhar!’
Helen sabia que Darcy fazia questão de parecer mais velho e mais responsável
para agradar Lizzy, para que ela não o achasse infantil. Para Helen, qualquer
coisa que Darcy fizesse para Lizzy era ruim então ela não perdia oportunidade
de expressar sua opinião.
‘Eu ia adorar! Imagina um homem forte daqueles para me proteger!...’
Caroline disse e roubou um olhar na direção de Lizzy que voltou a ler seu livro
parecendo não ouvir a conversa que obviamente era direcionada a ela.
Desde que chegaram, essa Caroline estava se insinuando para Darcy - na
frente da Lizzy ou não. Se não fosse o desespero de mãe e filha em conseguir um
casamento para uma das duas ou ambas, Lizzy estaria mais incomodada. Mas elas
não poupavam seu charme para nenhum homem, nem Richard, nem Darcy Sr, nem para
Matlock o namorado da própria Helen.
‘Você deixa William me proteger dos selvagens asiáticos?’ Caroline
perguntou a Lizzy muito cinicamente e se inclinou para frente estendendo a mão
para tocar o seu braço."
leia na íntegra aqui.
---
E aí? Gostando?
Comentários? Adoro!
Para comprar meus livros Austenites e de inspiração livre,
vem aqui, ó!
A gente se vê!... bj
Olá Moira!
ResponderExcluirExiste alguma forma de ler as fanfics sem tds essas faixas brancas de censura?
Dá a dica....please!
Bjs, Anna Paula.
Querida, as faixas brancas são para amenizar as partes mais picantes da estória. Basta você iluminá-las (passar o cursor em cima) que as letras aparecem. Sempre que eu acho que o texto fica mais... sugestivo eu marco porquê o meu blog não é direcionado exclusivamente ao público adulto (+18).
Excluir'Censura' é fofo! haha.
Exatamente o contrário. É direito de escolha!
Obrigadíssima por ler, gostar e comentar!
bj grande
Moira....desculpa a minha ignorância(com relação a net elas são muitas!).Pode tirar "sarro"do meu ponto de vista, eu mereço!!!
ExcluirBjs. Anna.
haha! Sarro não, só achei engraçado.
ExcluirJá tinham tido essa dúvida em outro post.
Era isso que você queria saber? Não tinha lido nada que estava em branco nessa nem nas outras fics? Agora tuuudo vai ficar diferente...
Espero que goste também da 'pimentinha'... :)
Depois me fala?
bj
Agora que "aprendi" a respeito das faixas brancas, vou ter que reler o fim de semana de Darcy e Lizzy em Boston (que sacrifício hein?). Eu AMO esse dois, e acho que pimenta combina mto bem com eles!
ExcluirPor hoje chega de "gafes", boa noite prá você.
Aguardo o próximo capítulo...Anna