& Moira Bianchi: Crianças Vitorianas e outras gracinhas

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Crianças Vitorianas e outras gracinhas

olá,
como vai sua auto-quarentena? Saudável espero.
Aqui tô quase subindo pelas paredes... Nesses momentos, escrevo ou assisto algo bacana. Na TV tenho Grace & Frankie, e nas escritas tenho uma outra pesquisa enorme que começou sem querer.
Na desgraça, C Barber, 1885

Estava procurando fontes bibliográficas para compor o próximo livro da série CUPIDOS EM DEVON, mas me distraí estudando o talento de artistas do passado.
Vou listar só alguns, mas acredite, estou há dois dias nisso.
Um lugar secreto - C Barber, 1892


O assunto é a infância, na verdade, a diferença de como as crianças eram vistas e tratadas na era Vitoriana comparado com atualmente. Na pesquisa, tentei não me ater às miseráveis, à população das favelas e cortiços porque esse assunto já foi coberto em outro volume da série, mas tem obra de arte que pega a gente pelo pé. 
Mesmo.

1- As meninas de Diego Velásquez, 1656
Um clássico. E que clássico!
Primeiro, gosto de me perder nele porque a infanta é peça central e são tantos detalhes de roupa e expressão facial, cabelo, roupa, animais... quando estou pesquisando, gosto de caçar respostas no detalhes. Esse Velásquez, porém, é coisa de profissional. 
Olha esse resumo (resuminho. Já passei 2hs aprendendo sobre ele!): Provavelmente é a representação do estudo de Velázquez no Alcazar Real de Madri durante o reinado do rei Filipe IV da Espanha, e apresenta várias figuras como se em uma foto. que interagem entre ou olham para a câmera. A jovem infanta Margaret Theresa está cercada por sua comitiva e Velázquez se retrata trabalhando em uma tela grande. No fundo, há um espelho que reflete o rei e da rainha em uma posição semelhante à do espectador - especula-se se eles estejam posando para o artista ou já estejam pintados. 
wiki
- No centro do primeiro plano, fica a Infanta Margaret Theresa aos cinco anos
- Aos lados ela tem duas damas de companhia: dona Isabel de Velasco, fazendo uma reverência à princesa, e Dona María Agustina Sarmiento de Sotomayor, ajoelhada oferecendo uma bebida de um copo vermelho, ou búcaro, que ela segura em uma bandeja de ouro. 
- À direita da Infanta existem dois anões: a alemã Mari Barbola e a italiana Nicolas Pertusato, cutucando um mastim sonolento. 
- Atrás deles está a dona Marcela de Ulloa, acompanhante da princesa, vestida de luto e conversando com um guarda-costas não identificado
- Na retaguarda e à direita, Don José Nieto Velázquez - o camareiro da rainha, "indo ou vindo" segurando aberta uma cortina - ele é visto somente pela câmera ou rei e rainha que posam para o artista. Está avisando algo à rainha? Veio investigar? Vai sair de fininho?
- No espelho, estão o rei Filipe IV e a rainha Mariana. Já pintados no quadro ou de pé olhando a cena. Será possível que todos estejam olhando eles e não o contrário?
- O próprio Velázquez está quase atrás da tela como se olhando o que vai pintar. Ou nos dando alô?

2- Escola de uma senhora de Thomas Weber, 1848
Essa é tão rica que leva tempo admirando. Uma senhora aparentemente humilde pelas roupas e casa, cercada de crianças (28?) ouvindo o mais alto ler. A casa é mal cuidada, a pintura está amarelada, há rachaduras, o piso é desigual, o tapete é velho. Mas ela tem toalha na mesa, touca de matrona, todas as crianças têm sapatos (parece), há bancos para quase todos.
Alguns parecem chorar, ou limpar os olhos, outros fofocam, três estão ainda na porta (fogem ou chegam atrasados?), a senhora acompanha o que é lido em um papel na mesa.
Seria uma escola comunitária?
Seria um orfanato?
tate

3- O varredor de cruzamentos de William Powel Frith, 1858
Depois que conseguir respirar depois de admirar as fachadas das casas geminadas altas, cheias de janelas, provavelmente ricas como de Belgravia e Mayfair, e os detalhes todos da roupa da dama e da carruagem atrás dela, aposto que parou no menino descalço. Eu fico horas, foi ele quem me distraiu da minha pesquisa inicial.
A pintura mostra um menino oferecendo o serviço de "varredor de rua" para a jovem mulher que procura uma chance de atravessar no meio do trânsito. Ok, vi isso logo de cara. Tipo. Porque ela tem as saias levantadas sem se preocupar se mostra os tornozelos como se olhando para ver de onde vem perigo e sei que cavalo se alivia onde quer que seja, nem liga para escolher o lugar certo. então aprendo que varredores eram comuns, trabalhavam na esperança de ganhar uma moedinha, como os lavadores de janelas ou malabaristas de sinal de trânsito hoje em dia. Ela não queria sujar a roupa, nem ser importunada pelo menino. Ou só desviava o olhar por segurança.

Os varredores eram frequentemente considerados incômodos, que eram pouco mais que mendigos. A mulher na pintura pode estar tentando ignorar o garoto. Esse era um tema comum nos comentários sobre os varredoros. Um cartoon de Punch de 1853, intitulado "o incômodo da vassoura de rua", retratava um infeliz homem de classe média cercado por garotos importunos estendendo as mãos por dinheiro. Em uma edição de 1858 do Building News, sentimentos igualmente negativos foram expressos "daqueles jovens ladrõezinhos de rua que, com as vassouras nas mãos, tomam posse de nossas travessias e constrangem a o público em geral, mulheres tímidas em particular". (wiki)
tate

4- Alimentando novos amigos de Émile Munier, 1882 
Olha essa gracinha! Me acompanha sempre, fonte de tanta inspiração. Na cama, com carinha de 'ui, fui pega no flagra!', dando seu café da manhã para três gatinhos. Note que ela e dois gatinhos têm laçarotes, a chamise de dormir é bordada, ela segura uma colher de prata, usa louças finas e decoradas, a cortina é de tecido brocado listrado, a colcha parece veludo e ela têm vários travesseiros. Ah, amo essa foto pintura!
wiki

5- As filhas de Edward Darley Boit de John Singer Sargent, 1882
É dito que Sargent pintou essa obra inspirado em 'As meninas' de Velázquez devido ao incomum posicionamento das garotas, dando mais ênfase a umas do que a outras. Esse era outro craque, um mestre da pintura com seus escuros e claros, quase contando que quanto menores, mais angelicais são as meninas - ou quanto mais próximas da idade de debutar, mais complexas, mais amigas das sombras.
Para mim, gosto das roupas, cabelos, modos um tanto acanhados nas maiores como se estivessem contrariadas (Vem cumprimentar a tia velha, Aninha!), a boneca da menorzinha, os vasos enormes da casa rica de quatro filhas (ou duas filhas e duas sobrinhas, preto e rosa)... Adoro!
wiki

6- Preparação para o ensaio de Seymur Joseph Guy, circa 1890
Essa é... uau.
A sombra.
O corpo nu.
A criada (ou mãe de luto?)
A expressão no rosto da menina
Uau!
wiki 


Mas essa não falo nada, essa mexe comigo... 
Que tal? 
Inspiração demais para uma quarentena só? 
até,
M


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