& Moira Bianchi: A força das fanfics

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A força das fanfics

Olá!

Como prometi, posto agora a minha apresentação no Encontro da JASBRA do fim de Janeiro.

Foi uma honra fazer parte do encontro, conhecer várias/os amigos Darcy, conversar sobre um dos meus livros favoritos e defender minha mania - as fanfics.

Especialmente para Orgulho e Preconceito, as fanfics são muito importantes. Veja se concorda:

A força das fanfics


Como todos já sabem, eu sou Moira e viciada em Orgulho e Preconceito.

Arquiteta, Urbanista, Ergonomista e amante do Sr Darcy.


E um bom início para essa conversa é definir 'fanfic'. Sem preconceitos (nem orgulho).

As fanfics preenchem uma lacuna deixada (intencionalmente ou não) pelo autor da obra original (canon).

Uma verdade universalmente conhecida que eu descobri? Orgulho e Preconceito tem vários pontos preciosos como opostos que se completam, romance, suspense, crítica social, injustiças... tem de tudo.



Para uma pessoa normal (que não é viciada em O&P) após ver e gostar a mini-série da BBC de 1995 se depara com fotos dos atores em outros cenários e épocas e pensa... E se? Daí começam as fanfics.

Um estudo de caso: o meu caso. Preparando esta apresentação meu filho assistia o Disney Channel e acidentalmente começou o episódio de 'Zack e Cody' que tinha como assunto: É isso ai: Orgulho e Preconceito. A personagem asiática corta o dedo no livro e diz:
 
Realmente, ler O&P é muito perigoso... Agora vejo O&P em tudo!

Na escola, no curso de Inglês, nas tardes de inverno ou na praia: como muita gente eu lia de tudo e me apixonei por várias coisas. Tive minha fase Agatha Christie, Brumas de Avalon, fiquei intrigada pela dissimulada Capitu. Após gostar de um livro eu pesquisava sobre ele e sobre o autor, quando apareceu o Google (como fazíamos antes dele?) eu pesquisava.

Depois de ler Brumas de Avalon eu vi a mini-série (com o gatérrimo Michael Vartan) e fiquei satisfeita. Depois de ver o filme 'As horas' eu li o livro, vi o filme novamente, li Virginia Wolf e fiquei satisfeita. Mas depois de ler Orgulho e Preconceito eu vi a mini-série, o filme, o filme antigo e ainda não foi suficiente. Acabei autora de fanfics inspiradas na obra de Jane Austen.

Daí fui para o Google e achei um mundo de posibilidades. Mrs Darcy tem estórias lindas, An unexpected song da Rika é apaixonante, 50 miles of good road é muito bacana e A happy assembly tem de tudo e mais um pouco.

São tantas possibilidades que eu pirei! Encontrei continuações, variações, estórias inspiradas, re-encenações, de tudo! Das estórinhas rasas para rir e relaxar até as detalhadas e profundas que fazem pensar. E a possiblidade de conversar sobre as estórias com as autoras, com outros leitores...

Não há limites para as fanfics: mash ups, universos alternativos, época atual, belle epoque, futuro, erotismo...

Quem nunca imaginou o que poderia ter acontecido se as coisas tivessem tomado outro rumo quando essas passagens aconteceram?

Uma boa estória faz o leitor sonhar e montar na sua cabeça uma 'versão'. Mas o que vai para o cinema é a versão de alguém - o diretor, o roteirista, os produtores...

'Ligações perigosas' é uma obra excelente que já foi adaptada para o cinema mais de 11 vezes, fora versões para o teatro. Algumas ambientadas na época original do livro, outras nos tempos atuais com as personagens adolescentes ricos de Nova York, ou em Shangai nos anos 30. Quais são adaptações e quais são fanfics?


Definindo...

Por falar em ética: Cinquenta tons não paga nada de royalties para a autora de Crepúsculo mesmo sendo conhecido que a estória é uma fanfic.

Sempre Sr Darcy.




Fãs especialistas e ardorosos de Tolkien não gostaram do filme 'O Hobbit' por considerar todas as mudanças feitas na estória original como personagens que só aparecem nos livros seguintes e personagens criados.

E ainda mais, as fanfics não são novidade. A novidade é a democratização da internet e a facilidade de espalhar conhecimento. Qualquer pessoa pode escrever o que quiser, postar e comentar, da mesma maneira que pode comentar o que foi postado por outras pessoas.
 

Várias pessoas me falaram que voltaram a ler Austen depois de assistir ao filme 'O clube de leitura de Jane Austen', eu mesma entendi melhor algumas passagens de O&P depois de ler These Three Shall Remain da Pamela Aidan. Fanfics oferecem intimidade com a obra.


Mas será que Srta Jane pensou só por um instante que sua obra mais querida seria uma 'boneca de papel' que poderíamos trocar de roupa a nosso gosto?

Orgulho e Preconceito é um 'fetiche cultural'... tem de tudo e queremos consumir de tudo. É a manifestação do individual no coletivo.


No meu livro Friendship of a special kind eu inseri - devidamente identificados - trechos da obra original e nem as betas perceberam ter mais de 200 anos desde que foram escritos.

Cada uma em seu ponto de vista, adaptações, continuações e fanfics querem inserir um pouco a mais, erotismo, novas perspectivas, etc.

Mas os limites são tênues.

Identificando as várias versões de Orgulho e Preconceito para ilustrar a conclusão...

A cultura dos consumidores da obra que assumem o novo papel de podutores, de passivos para ativos. Vários autores proibem fanfics como GRR Martin de Guerra dos tronos enquanto outros incentivam como JK Rowling de Harry Potter que deixou propositalmente um gap no livro 7 para ser preenchidos pelos fans. Com as fanfics, a relação do leitor com a obra muda e enriquece.

Obrigada por ler isso. Mesmo.

 De onde tirei tudo isso -além da minha caixola, claro.

Caso queira baixar o pps desta apresentação, clique aqui.

Para assistir ao video da apresentação gravado pelas fofas Tatiana Felix e Priscila Caetano, basta clicar.

parte 1

parte 2
 

abs.


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