& Moira Bianchi: Preconceito, orgulho e CAFÉ - Capítulo 2

domingo, 12 de junho de 2016

Preconceito, orgulho e CAFÉ - Capítulo 2

olá,
Feliz dia dos namorados!
Para comemorar, mais um capítulo de 



DISPONÍVEL EM EBOOK E BROCHURA

Esse capítulo é aquele momento em que a flecha do cupido acerta no alvo, bem no lugarzinho certo. Aqui, o cupido é pretinho, cheiroso e quente: eles se apaixonam por causa do café!
Na verdade, ele se apaixona, ela... Leia!

Vá na página do livro para mais detalhes.


Preconceito, Orgulho & CAFÉ
até o google uniu café e namorados!

Livremente inspirado em O&P, fluff, comédia romântica, 18+
Capítulo 2 na íntegra


O ‘Café do Pátio’ era um sonho antigo de Gisele, amiga de escola das irmãs Marisguia. Cansada das cobranças de sua família para fazer alguma coisa da sua vida e recém-casada com um homem empreendedor resolveu começar sua própria cadeia de cafeterias e essa era a primeira unidade. Tinha treinado um primo para ser barista, pagou cursos e escolheu os melhores e mais caros cafés da importadora da amiga. Essa primeira unidade de café de qualidade e valor majorado tinha que dar certo, sabia que ia dar certo, tinha a supervisão próxima de Antonia.

Business Field era o retrofit do momento no Centro da cidade, um enorme edifício reformado no coração da rua Primeiro de Março que recebeu ambientes modernos, tecnologia verde, dez andares a mais, um heliponto e os melhores escritórios e empresas da cidade. Haveria restaurantes na cobertura, mas somente uma cafeteria localizada no jardim interno e não era para funcionários. A decoração e a tabela de preços direcionavam o café aos donos dos escritórios e empresas com seus clientes.

Era uma ótima vitrine para o café Colômbia da Importadora Merry Town, por isso a gerente de importações estava pessoalmente envolvida no estabelecimento do lugar. E havia muito a ser estabelecido, burocracia infernal que Bernadete fazia questão, manuais de procedimentos, blends de grãos, máquinas novas em teste.

Segunda semana aberto e Antonia batia ponto diariamente no café da amiga e esposa do seu primo mala. De tão íntima, já lhe davam afazeres por isso procurava passar a menor quantidade de tempo no local, ficava de pé no balcão resolvendo sua infinita burocracia ansiando estar de volta ao seu escritório.

‘Olá, boa tarde.’

Antonia ouviu um cliente chegar no balcão, mas não perdeu o foco do seu trabalho.

‘Boa tarde.’

‘Preciso de um café, mas meu estômago...’

‘Descafeinado?’ Lucas, o barista que se achava dono por ser primo da dona, sorriu. ‘Posso sugerir um blend-’

‘Não, pingado.’ O cliente interrompeu. ‘Pode ser?’

Pingado? Foi isso mesmo que ouviu a voz tão grave e sedosa dizer? Pingado? Antonia suspirou para si mesma e desviou os olhos para ver o perfil de um homem alto de terno, atlético, charmoso. Se um homem assim preferia um café de botequim o mundo estava perdido mesmo...

‘Sei exatamente o que precisa!’

Maurício perdeu alguns segundos olhando de soslaio para o corpo atraente dentro de um vestido de seda verde ao lado do balcão onde a mulher charmosa preenchia fichas trocando o peso de um pé em salto alto para o outro. Por um segundo lhe pareceu que o rosto bonito estava retorcido em uma expressão de nojo e por mais um segundo considerou se era de alguma forma relacionado a ele.

‘Aqui, senhor. Um cinnamon dolce macchiatto.’ O barista sorriu orgulhoso.

Antonia sentiu estremecer. ‘Não, Lucas. Não foi isso que ele pediu.’

‘Ele pediu um 'pingado', Toni.’ Lucas disse incapaz de disfarçar seu desprezo.

‘O que ele não pediu foi uma desculpa desprezível para uma vital dose de cafeína.’ Antonia levantou uma sobrancelha desenhada em uma expressão de superioridade e olhou do barista para Maurício.

Surpreso e encantado, Maurício balançou a cabeça e prendeu um sorriso de lado a bebendo com os olhos. Bonita, refinada, gostosa, mandona. Tentado, definitivamente ele estava tentado.

‘Deixa, vou te mostrar.’ Ela disse dando a volta no balcão iluminado recheado de delícias rebuscadas. Com delicada destreza manejou a grande besta de inox que soltava vapor pelas narinas e perfumou todo o jardim de inverno com o aroma reconfortante de cafeína pura e forte. Deu poucos segundos para Maurício admirar suas costas enquanto trabalhava e logo se virou para servir uma dose pequena em uma xícara dupla colocando em frente a ele.

Apertou um sorriso apologético. ‘Obrigado, mas meu estômago-’

Ela levantou o indicador com unha bem pintada de rosa avermelhado, virou-se e pegou um potinho com bastante espuma de leite para colocar ao lado da xícara de café. ‘Cheira.’ Ordenou com um sorriso nos lábios que chegava aos olhos cor de mel.

Cheirou.

‘Deixe a cafeína entrar na sua corrente sanguínea.’

‘Perfeita!’ Murmurou encantado, mal conseguia piscar.

‘Agora junte a espuma de leite o quanto seu estômago mandar.’ Complementou.

Maurício sorriu feliz, era isso que precisava. Exatamente aquilo.

Ela sorriu de volta e deu um decisivo aceno de cabeça.

‘Como isso não é um macchiatto, Toni?’ O barista Lucas perguntou aborrecido, rosto fechado em uma carranca.

Prendeu sua falta de paciência dentro de si. ‘Um macchiatto já vem pronto e uma pessoa de bom senso não pode controlar a quantidade de leite, muito menos apreciar a cafeína pura.’ Explicou calmamente enquanto o barista competente indignava-se ainda mais.

‘Você é implicante-’

‘Olá de novo!’ Henrique chegou com um sorriso grande e, por sobre o balcão, pediu a mão dela para um beijo. ‘Precisa de resgate novamente?’

Esticou a mão constrangida em negar, mas teve um calafrio secreto com a barba tocando sua pele. ‘Não, segura hoje!’ Antonia levantou o pé para trás para ele ver que seu salto era menor.

Ele se esticou para olhar as pernas dela por sobre o balcão. ‘Adoraria um café.’ Ele apertou os olhos mantendo o sorriso. ‘Daqueles bem trabalhados.’

Com o sorriso profissional ainda nos lábios, ela lhe passou o cinnamon dolce macchiatto. Henrique levantou as sobrancelhas feliz por ser prontamente atendido pela bela moça, provou e gostou. ‘Muito bom.’

Maurício, que se divertia às custas do sócio e amigo há mais de vinte anos, a princípio teve um relampejo de dor de cotovelo temendo confirmar que a sensual instrução na degustação de café seria repetida, mas ficou feliz com o que Henrique recebeu. E sentiu um raio lhe cruzar o corpo quando a mulher bonita desviou os belos olhos âmbar para ele em uma deliciosa expressão conspiratória. Para ele, o sorrisinho de lado nem seria necessário, ele já estava perdido com o olhar.

‘Vou indo, Lucas.’ Disse contornando o balcão novamente, passando atrás dos homens bebericando seus cafés e pegou a caneta e a bolsa. ‘Seus formulários já estão ok. Até mais.’ Acenou com a cabeça para os dois homens e apertou a mão do barista por cima do balcão antes de sair do pátio em direção à escada que ia à recepção.

‘Excelente barista.’ Henrique balançou a cabeça ainda olhando na direção que ela tinha tomado.

‘A melhor.’ Maurício respondeu.

‘Ela não é barista.’ Lucas disse ofendido.

‘Quem, Toni?’ Uma das garçonetes perguntou ao chegar perto, Maurício e Henrique trocaram olhares quando ouviram o apelido incomum. ‘Tem cursos de barista.’

‘Vários.’ Lucas se empertigou. ‘Mas é a Gerente da Importadora que nos fornece o Café Colômbia.’

‘Uau.’ Maurício resmungou.

‘Excelente café.’ Henrique elogiou e indicou uma das mesas com a cabeça. ‘É ela!’ Disse quando se sentaram à mesa do canto.

‘Notei pela piadinha.’

‘Linda, não disse?’

O rosto de Maurício não traiu seu interesse. ‘O salto não é tão alto. Tem certeza que ela precisava de salvamento?’ Prendeu os lábios em uma expressão incrédula. ‘Acho que você atacou a mulher...’


O sócio sacudiu a cabeça engolindo com pressa o café que bebia. ‘Era! E o vestido era mais longo e fechado. Não ia me esquecer daqueles joelhos nem daquele decote.’ Sorriu com malícia. ‘Garanto.’


bestanimarions/beverages/coffee
Ai, que flechada no peito!
Pingado: fisgado!

Sabe o que passa na cabeça de Mau ?...




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