& Moira Bianchi: junho 2022

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Persuasão em 6 curiosidades

Olá!

Jane Austen é uma autora atual que não precisa se modernizar, mas nós não damos sossego e queremos é mais.

Persuasão saiu e foi tiro, porr$da e bomba!!

Agora te conto umas curiosidades, porque a gente gosta mesmo é das fofocas, não é?


6 curiosidades de Persuasão

* Persuasão foi o primeiro livro de Jane que a revelou ser a autora

Após a morte de Austen, seu irmão e irmã lançaram Northanger Abbey e Persuasão como publicações póstumas. Eles incluíam uma nota afirmando que sua irmã era a autora, a primeira vez que ela foi creditada diretamente por seu trabalho. Seus trabalhos anteriores foram publicados com o crédito "By a Lady".

* Persuasão é o único romance de Austen que apresenta uma heroína mais velha.

Em seus romances anteriores, os protagonistas de Austen eram mulheres jovens elegíveis no final da adolescência ou início dos 20 anos. Persuasão, no entanto, apresenta um protagonista de 27 anos que, em contraste com os outros personagens de Austen, se sente sem esperança e sem inspiração sobre o futuro e as perspectivas do casamento.

Aqui você vê estas informações todas em JANE AUSTEN EM NÚMEROS.

*  A persuasão desafiou as normas estabelecidas do casamento.

Embora o casamento durante o tempo de Jane fosse fortemente definido como melhor e única forma honrada de sobrevivência para as moças e a noção de "esferas separadas" para homens e mulheres, Persuasão combate essa noção. Os personagens dos Crofts representam um casal que compartilha deveres e encargos, e ambos os parceiros desfrutam genuinamente da companhia um do outro. 

Ela já tinha feito isso com os Gardiner em Orgulho e Preconceito, os Morland em Northanger Abbey e talvez planejasse fazer isso com os Parker de Sanditon.


* Alguns críticos acreditam que Persuasão foi escrito como um presente para mulheres solteiras.

Alguns críticos acreditam que, como uma mulher solteira, Jane escreveu Persuasão para outras mulheres em sua posição. Claire Tomalin disse assim em Jane Austen: a life:

 De certa forma, (Persuasão) pode ser vista como um presente para ela mesma, para a Srta. Sharp, para Cassandra, para Martha Lloyd, até mesmo para a memória da pobre Srta. Benn; a todas as mulheres que perderam sua chance na vida e nunca desfrutariam de uma segunda primavera.

Cassandra era a única irmã irmã mulher de Jane que ficou viúva de noivo antes de casar.

Martha Lloyd era amiga de Jane e Cassandra e segunda esposa de Francis, irmão delas

Srta. Sharp amiga de Jane e preceptora de Fanny Knight, sobrinha de Jane

Srta. Benn amiga de Jane

* Austen escreveu sobre a Marinha Real a partir de experiências familiares.

Apesar das piadinhas sujas de Mansfield Park, em Persuasão, a Marinha Real é apresentada sob uma luz extremamente lisonjeira e admirável provavelmente porque dois dos irmãos de Austen serviram na marinha por anos. Austen claramente achou essa profissão mais honrosa do que a de um cavalheiro que simplesmente herda riqueza, título e prestígio. Ela já tinha feito seus heróis pastores (Mansfield Park, Razão e Sensibilidade e Northanger Abbey).


* Jane Austen e John F. Kennedy podem ter tido a mesma doença.

O presidente dos EUA, John F. Kennedy, recebeu apenas alguns meses de vida quando foi diagnosticado com a doença de Addison, mas sobreviveu e alcançou a presidência com o que parecia ser uma saúde razoavelmente boa. A ilusão de saúde pode, de fato, ter sido um efeito colateral da doença. Austen sofreu um declínio lento do que se acredita ser a doença de Addison, com suas últimas palavras sendo "Nada além da morte", em resposta a sua irmã perguntando se ela queria alguma coisa.

fonte: meus arquivos pessoais, study.com, schmoop, reddit, saprk notes


Está gostando desta maratona de Persuasão?

Tenho um monte mais para te contar!

Me fala aqui nos comentários o que você está achando.

Aqui você acha minhas PESQUISAS SOBRE JANE AUSTEN , 

inclusive os outros posts de Persuasão

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leia agora mesmo Querida Jane Austen

coletânea de contos e homenagens pelos 200 anos de falecimento


 

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Minhas pesquisas sobre Jane Austen - obras, fofocas & tudo mais

 Olá,

vamos conversar sobre ela,
JANE AUSTEN!

Desde a primeira vez que li Orgulho e Preconceito, fiquei viciada na narrativa de Jane. Por muito tempo acho que fui mais fã do romance do que da Autora. Mas aí eu entendi que pesquisando, eu ia apreciar ainda mais a joia que ela nos deixou...

Príncipes beberrões, moças inconformadas, noivados desfeitos, saias e anáguas com cartola e bengala. Você me entende.

Aqui eu já tinha listado minhas PESQUISAS HISTÓRICAS que, geralmente, nascem na construção de romances históricos (ou de época). Mas quero separar os de Jane Austen, porque são muitos!  Aproveite!









domingo, 19 de junho de 2022

Persuasão é o titulo certo para o romance de Jane Austen?

 Olá!

Seguimos no mergulho por Persuasionverso!


O novo filme da Netflix está cada vez mais próximo e com isso, nosso hype vai aumentando.

Trago agora uma discussão muito recorrente em Austen Nation: o título!

Sabia que isso era um assunto?

Te conto com a ajuda da minha amiga Janeite FRANCIELLE do Adaptações de Jane Austen.


“PERSUASÃO” É O TÍTULO CERTO?

Com base em um artigo de MONICA FAIRVIEW para a Jane Austen Literacy Foundation.

A escolha de um título para livro é muito complicada, podemos apenas imaginar a responsabilidade que Henry Austen sentiu quando decidiu mudar o título da publicação póstuma de Jane Austen de “The Elliots” [Os Elliots] (título deixado por Jane no manuscrito) para “Persuasão”

Contando superficialmente quantas vezes as palavras “persuasão/persuadir” são mencionadas (aproximadamente 225 vezes) no romance revela que Henry Austen – que não teve acesso a textos eletrônicos pesquisáveis – fez uma escolha justificável. Ele deve ter lido com atenção e notado a relevância do tema na trama.

Entretanto, toda Janeite não consegue se livrar da especulAUSTEN em torno da saga de Anne. Você também já deve ter achado que Jane romanceou seu ‘caso’ com o Lefroy. Ou pensado se alguém persuadiu Jane a desistir de algo e ela se arrependeu depois. É intrigante especular, dada a sensação do pesar que permeia o romance.

Para leitores do século XX, a ‘persuasão’ do título parece escolha óbvia, 

carrega conotações de discussões perdidas e vencidas, de submeter-se à influência de alguém. 

O título, em nosso entendimento moderno, coloca Anne Elliot como vítima das circunstâncias, quase a eximindo de culpa por seu erro no passado. Como uma jovem de dezenove anos, Anne deixou-se convencer a não se casar com o homem que amava e a partir da negativa, teve que lidar com as consequências. Com o passar dos anos, o peso dessa (culpa? arrependimento?) a fez resignar-se ao rótulo de solteirona e a conhecemos aos vinte e sete vivendo à margem da vida dos outros, reduzida a ser “ninguém…  Sua palavra não tinha nenhum peso; sua conveniência era sempre ceder— era somente Anne” (cap 1) 

Um preço alto a pagar por muito tempo. 

Estar aberta à Persuasão é uma falha tão grande da personagem Anne, 

que ela merece uma vida tão trágica?

Num primeiro olhar, pode parecer que Jane está usando Anne para criticar a posição infeliz das mulheres solteiras da Inglaterra Regencial. No entanto, ela introduz deliberadamente uma personagem que não se encaixa no estereótipo. A irmã mais velha de Anne, Elizabeth, não sofre o destino de uma “solteirona”. A sua posição no círculo familiar está assegurada. Não se espera que ela esteja à disposição de qualquer pessoa de sua família que precise de assistência.  Não só isso, mas ela está na posição de escolher a Sra. Clay como sua companhia. (nem vamos falar desta Falsiane...)

Na comparação, Anne fica ainda mais em desvantagem. É desagradável vê-la indefesa e servil é como observar uma vida de escravidão auto-inflingida, penitência por seu erro juvenil – uma espécie de justiça poética. Ela parece ter se convencido de que é isso que merece.

Neste caso o título seria CASTIGO ao invés de PERSUASÃO. 

Ou quem sabe, ARREPENDIMENTO.

Há outra maneira de olhar para a “persuasão”, como um reflexo da 'firmeza' do caráter de Anne, em vez de uma fraqueza. Anne estava convencida – da persuasão – de que o casamento com Wentworth não era uma boa escolha e seus sentimentos de arrependimento não vieram daquele momento de ‘persuasão‘ externa, mas porque ela não tinha fé suficiente na sua escolha dele como marido. Assim, ela precisava só de um empurrãozinho para se decidir. 

Temos que olhar a trama de Jane pelo olhar que ela tinha no início do século XIX enfrentando os problemas daquela época sem nos deixar contaminar pela visão moderna que temos hoje no século XXI, por mais difícil que seja. 

Na verdade, essa é a CHAVE para ENTENDER & APRECIAR a obra de Jane Austen.

Casamento hoje em dia não é primordial para a subsistência feminina como naquela época. Sensatez na escolha foi um assunto que Jane usou e abusou (os casais Bennet e Wickham de Orgulho & Preconceito e todos os Bertram de Mansfield Park, por exemplo, gritam o peso de más escolhas). Em Persuasão vemos o caso da  mãe de Anne, que sacrificou sua felicidade a uma ‘paixão juvenil’ e sofreu com a falta as bobeiras e gastanças de Sir Walter. Imagine ser uma jovenzinha de dezenove anos apaixonada pelo bonitão pobretão e vendo no que dá agir pelo coração!... Não foi preciso muito da parte de Lady Russell para convencer Anne de que era uma má ideia ser “arrastada por ele [Wentworth] a um estado de dependência desgastante, ansiosa e destruidora de juventude” (cap 4). Aquele tinha sido o destino da sua mãe, um destino que a levou precocemente à sepultura. Como curiosidade, vale marcar que Jane só usou a expressão ‘sunk by’ nesta frase de Persuasão, dentre toda sua obra e cartas.

Sunk, passado de sink, afundar. Passar por sérios problemas ou ser incapaz de resolvê-los.

Sunk by: ato involuntário. Ser afundada, ser arrastada, ser envolvida em problemas.

Poucas falas podem ser mais persuasivas que esta.

O retrato que Austen nos dá do jovem Wentworth é muito claro. Em algumas sentenças, ela desenha as razões pelas quais Anne não poderia ter se casado com ele naquela época. Quando se conheceram, ele estava desempregado e “não tinha nada para fazer” (cap 4. Ele estava de folga depois de ter sido feito comandante em ação). Para piorar as coisas, o “Capitão Wentworth não tinha fortuna. Ele tivera sorte em sua profissão; mas gastando livremente o que veio sem esforço, não realizou nada.” (também Cap 4) O descuido com que ele gastou sua renda não era um bom presságio e não interessou a ninguém imaginar que ele não guardava porque não tinha que sustentar ninguém a não ser a si mesmo, fica subentendido que ele era perdulário. Na época, com Sir Walter se recusando a apoiar o jovem casal, a situação de Wentworth não inspirou fé. O narrador continua: ele “não tinha nada além de si mesmo para recomendá-lo, e nenhuma esperança de alcançar riqueza, além das chances de uma profissão mais incerta, e nenhuma conexão para garantir até mesmo sua ascensão futura nessa profissão” (ainda cap 4. No artigo anterior foram mencionados o perigo da vida na Marinha). A repetição da palavra “nada” aqui indica o desamparo do jovem casal. Apesar de seu amor por Wentworth, Anne era muito “sensata” para não perceber que não ter “nada” não era uma receita para a felicidade.

Sensatez feminina era tema recorrente na obra de Jane. 

Veja Elizabeth x Lydia em O&P, 

Jane x Emma em Emma, 

Elinor x Marianne em R&S.


Ironicamente, a rejeição de Anne foi, na verdade, a força motriz construção de Wentworth, seja por mágoa ou necessidade de ser digno do amor dela, como ele próprio admite no jantar em Uppercross. “Foi um grande objetivo naquela época, estar no mar: um objetivo muito grande; eu queria estar ocupado.” (cap 8) 

Em retrospectiva, é claro, é fácil para Anne lamentar não ter acreditado nele, agora que ele retornou um homem rico, mas ele teria sido tão bem-sucedido se eles tivessem se casado? Sobrecarregado com esposa e filhos, ele seria capaz de suportar a distância por tempo suficiente para ganhar recompensa em dinheiro e ser capaz de sustentá-la?

A reflexão para nós fica no fato de que, no momento que conhecemos Anne e Wentworth

 (oito anos depois do coração partido) 

a situação toda pode ser reexaminada com a perspectiva de quem já conhece o futuro. 

O romance, em grande parte, é sobre eles entendendo que o fardo da culpa não é só dela. Um momento particularmente revelador acontece no fim, quando Wentworth percebe que a responsabilidade por sua infelicidade também recai sobre ele.

“Injusto eu posso ter sido, fraco e ressentido eu fui, mas nunca inconstante. Só por você eu vim a Bath. Somente por você eu penso e faço planos.” (cap 23, parte da maravilhosa carta)

“... pode ter havido uma pessoa mais minha inimiga do que aquela senhora [Lady Russell]? Eu mesmo. Diga-me se, quando voltei para a Inglaterra, no ano oito, com alguns milhares de libras, e fui enviado para o (navio) Laconia, se eu tivesse então escrito a você, você teria respondido à minha carta? Você teria renovado o noivado comigo?... Eu fui orgulhoso, orgulhoso demais para perguntar novamente. Não compreendi você.” (também cap 23)

Neste momento de introspecção, o próprio Wentworth assume parte da culpa de sua infelicidade reconhecendo que poderia tê-la compreendido melhor e até entrado em contato antes.

Olhando uma cena central no romance - a cena no Cobb (cap 12), onde Louisa cai pelos degraus - podemos ver as desvantagens de ser jovem e inexperiente.  Simbolicamente, Louisa aos vinte anos é Anne aos dezenove – impetuosa, obstinada e flertando com Wentworth.  Eis que o desastre vem na forma da queda de Louisa representando o que  poderia ter acontecido a Anne se ela não tivesse firmeza de caráter para pôr fim ao relacionamento e perceber que casar com Wentworth não era financeiramente viável. Naquele momento, ele está sendo terrivelmente imprudente ao dar corda a Louisa apesar de não ter intenção de forjar relacionamento com a garota (coisa que ele admite no cap 23).

Em conclusão, ao chamar o romance de “Persuasão”, Henry Austen colocou muita ênfase no início do romance — no “erro” esquecendo o arco monumental que Anne e Wentworth fazem de  compreensão e aceitação, na prudência de avaliações mais cuidadosas do amor juvenil. 

Há outras palavras que aparecem com mais frequência do que “persuasão” no romance, palavras como “felicidade/feliz”, “certo”, “esperança”, bem como o tema abrangente de vaidade e orgulho. Talvez o título escolhido por Jane Austen, “The Elliots”, embora mais simples, teria sido mais representativo e teria nos fornecido uma visão mais complexa do que o título “Persuasão” jamais pôde.

--



Monica Fairview é autora de diversas reimaginações de Orgulho e Preconceito como A Longbourn entanglement, The other Mr. Darcy e Mysterious Mr. Darcy. Para ela, Persuasão deveria ser ‘Only Anne’ ou ‘Somente Anne’.

Este artigo foi traduzido por Francielle Souza do Adaptações de Jane Austen e adaptado por Moira Bianchi do Jane Austen para Iniciantes e autora de diversas versões de Orgulho e Preconceito – mais do que pode ser considerado saudável

E para você, tem título mais apropriado que ‘Persuasão’?

Me conta nos comentários!


Leia o artigo original aqui.


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Tem muita coisa de Persuasão!


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sexta-feira, 17 de junho de 2022

Persuasão de Jane Austen explicada

 olá!

Quanto tempo, não é mesmo? Ando sumida daqui, reconheço e assumo a culpa. Mas a vida anda corrida e apesar de ter um monte de coisas para comentar, falta tempo de organizar a cabeça. Mas esta semana tivemos uma GRANDE NOVIDADE em AUSTENATION: o primeiro trailer do filme Persuasão da Netflix.

Ah, eu amei!

Achei que tem a vibe de Gentleman Jack quebrando a quarta parede e deixando Anne sofrer pelo ex abertamente! Ah, minha filha, solta essa franga! Fez a maior burrada, agora resolve seu B.O.!

Então, como gostei muito, entrei em PERSUASION MODE!

Separei um monte de guardados sobre o último romance inteiro que Jane nos deixou. São estudos, análises, resumos, fofocas. Que delícia! O plano é postar tudinho, uma maratona até o lançamento da Netflix em julho.

Começo te dando uma FICHA COMPLETA do romance.

Título 

Persuasão

Estudiosos especulam que Jane Austen originalmente quis chamar o romance de ‘Os Elliots’. Como foi publicado depois de seu falecimento, o irmão de Jane Austen, Henry, que sempre apoiou o talento da irmã e ajudou na publicação de suas obras inacabadas após sua morte optou por ‘Persuasão’ por achar o título mais significativo.

Enredo 

O romance conta a história de Anne Elliot, uma mulher de família nobre que é persuadida a romper um noivado com um oficial da marinha que ela adorava. 

Anne é de personalidade mansa e tem quase uma vontade de deixar os outros ditarem sua vida. Por isso ela sofre com as consequências.

A meu ver, Persuasão é sobre o difícil aprendizado de NEGAR ALGO A ALGUÉM.

Formas do verbo “persuadir” aparecem em todo o texto, e formas de persuasão – que podem significar tanto “convencer alguém de algo” quanto “acreditar que algo é verdade” – moldam repetidamente o desenvolvimento da história.

Desde o início, o romance se baseia nas consequências de um grande ato de persuasão. Quando Lady Russell convence Anne a não se casar com o Capitão Wentworth oito anos antes do início do romance, ela acha que está fazendo a coisa certa ao convencer Anne de que é seu dever moral não se tornar dependente de um homem que não pode sustentá-la. Vale deixar claro que não há malícia em Lady Russel.

Quando uma Anne mais velha, triste e sábia relembra o momento que a assombra desde então, ela não culpa Lady Russell por ser persuasiva, nem a si mesma por ceder à persuasão, mas ainda pensa que se o poder de decidir estivesse em suas mãos naquele momento, ela e Wentworth já teriam vários bebês gordos a seu crédito. Anne realmente acredita que não cabia a ela decidir seu futuro, o que é um contraste enorme com Elizabeth Bennet de Orgulho e Preconceito e Emma de Emma.

Durante o romance, Jane nos mostra outras tantas formas de lidar com conselhos e ordens. Louisa Musgrove, por exemplo, se recusa ouvir seus amigos e acaba sofrendo um acidente que incrivelmente aproxima Anne e Wentworth. No capítulo 12, logo depois dessa hecatombe, Anne pensa que o Capitão Guapo deveria ter entendido que um temperamento manso nem sempre era ruim.

“Anne se perguntou se agora ocorrera a Wentworth questionar sua própria opinião quanto às vantagens e felicidade universal da firmeza de caráter; e se não lhe ocorreu que, como todas as outras qualidades da mente, ela deve ter suas proporções e limites. Ela pensou que dificilmente ele poderia escapar de pensar que um temperamento persuasivo às vezes poderia ser tanto a favor da felicidade quanto um caráter muito resoluto.” 

Jane nos mostra que persuasão é algo abíguo, nem sempre é boa nem sempre ruim: depende de como você a recebe ou exerce.

Autor

Jane Austen, aos 40 anos

Tipo 

Romance

Gênero

Novela de costumes, por ser centrada em como alguns personagens centrais interagem dentro da sociedade, navegando pelas regras e estruturas que governam suas vidas.

Comédia romântica, pois além dos amantes separados e depois reunidos, há melancolia, sentimentos profundos e graça nas maluquices dos Elliots.

Apesar dos acidentes de percurso, ninguém e vários casais são formados – até os secretos... 

Língua

Originalmente em Inglês

Tamanho

83.400 palavras 

24 capítulos

(orginalmente em 2 volumes de 12 capítulos cada)

Data de criação

Entre 1815  – 16, enquanto Jane já estava bem doente. Ela viria a falecer alguns meses depois em 1817.

Ela começou em 8 de agosto de 1815 e completou o primeiro manuscrito em 18 de julho de 1816, mas ficou infeliz com o final. Revisou adicionando dois capítulos em Agosto (do mesmo ano, 1816). 

Data da primeira publicação

1818post morten em uma edição conjunta com Northanger Abbey. A obra teve 4 volumes.



Editor

John Murray

Data da trama

1814-1815 

No primeiro capítulo, Jane nos conta que é verão de 1814 e que Sir Walter, pai de Anne, usa faixa negra de luto por sua esposa no braço, mas as filhas não usam mais negro, o que nos diz que faz tempo que a mãe de Anne faleceu.

Essa época é logo após Napoleão ser derrotado e exilado na ilha de Elba, encerrando uma década de guerra entre a Grã-Bretanha e a França. Começava uma nova era de paz, os membros da marinha finalmente podiam desembarcar e reiniciar suas vidas em casa. Mas no início da primavera de 1815, quase na época em que o romance termina, Napoleão escapa de sua prisão na ilha e encena um breve retorno, que termina definitivamente alguns meses depois com a Batalha de Waterloo. 

Essa ameaça de guerra futura que paira sobre o final do romance.

Local da trama

Kellynch Hall, Uppercross Manor, Lyme e Bath. 

O cenário segue os movimentos de Anne Elliot pelas propriedades da família Elliot e Musgrove no interior para Lyme até finalmente ir a Bath.

Persuasão tem três cenários principais: as casas de campo em Sommersetshire, onde o romance começa, a vila de Lyme Regis, onde os personagens fazem uma viagem no meio da história, e, finalmente, a elegante cidade de Bath, onde todos acabam. 

O romance estabelece um forte contraste entre o campo e Bath: o cenário social movimentado da cidade dá aos esnobes Elliots mais oportunidades de se exibir.

Bath também revela a complexidade do sistema de classes com mais detalhes. 

No campo, a atividade se divide entre mansões e casas modestas. Todos, exceto Lady Russell, estão relacionados uns com os outros por família ou casamento. 

  • Kellynch Hall – mansão dos Elliots arrendada para os Crofts; 
  • Uppercross – mansão dos Musgrove Seniors;
  • Uppercross Cottage – moradia dos Musgrove Juniors; 
  • Kellynch Lodge – moradia de Lady Russell; 
  • Winthrop – moradia dos infelizes Hayters. 

Em contraste, Bath oferece uma ampla variedade de residências cuidadosamente classificadas, desde as luxuosas dos Dalrymples em Laura Place até o quarto alugado da Sra. Smith em Westgate Buildings, cobrindo vários círculos sociais separados, mas interligados.

Vemos essa geografia social em ação quando Sir Walter, pai de Anne, confrontado com a teimosa recusa de Anne em esnobar a Sra. Smith em favor de Lady Dalrymple, fala de maneira pouco lisonjeira: ― Westgate Buildings! […] e quem é a Srta. de Westgate?

Sir Walter não precisa saber muito mais sobre a Sra. Smith do que seu endereço para pensar que sabe tudo sobre ela: que ela é "velha e doente", e que uma visita a ela significa "companhia ruim, moradia insignificante, associações repugnantes" 

O que é interessante é que a ideia de Sir Walter de Westgate Buildings é provavelmente bastante precisa – e passamos então a discutir aparências x caráter x posição social.

Narrador

Terceira Pessoa na voz de um narrador desconhecido e onisciente, que faz julgamentos semelhantes aos que Anne Elliot poderia fazer pois tem acesso à história da família Elliot.

Às vezes, o narrador inclui conversas que a protagonista não está presente e usa o discurso indireto livre para oferecer informações sobre outros personagens.

Apesar de Anne não narrar a história diretamente, nós entendemos que a história é contada principalmente através de seus olhos e sofremos com pontos cegos. Um bom exemplo disso é quando, no capítulo 19, depois de ver o capitão Wentworth pela janela da confeitaria de Molland, Anne sente "uma grande inclinação para ir até a porta externa; ela queria ver se choveu" e pensa: "Por que ela deveria suspeitar ela mesma de outro motivo?". O narrador não intervém e deixa a versão de Anne sem comentários adicionais. 

Embora tenhamos algumas cenas quando Anne não está por perto (como quando o capitão Wentworth está conversando com sua irmã), na maioria das vezes descobrimos sobre os eventos apenas quando Anne ouve sobre eles.

Embora a narrativa seja principalmente na terceira pessoa, um "eu" não identificado aparece no final: depois de dizer que os jovens que decidem se casar vão encontrar uma maneira de fazê-lo, o narrador diz: "Isso pode ser má moralidade para concluir, mas acredito que seja verdade" (Capítulo 24). 

O aparecimento de um “eu” aqui também levanta a questão da perspectiva no resto do romance – se o narrador é um “eu” individual e não uma voz impessoal, qual é a sua relação com o resto dos personagens? Pode ser tentador supor que esse "eu" seja a própria Jane, mas é perfeitamente possível que ela esteja apenas brincando conosco usando a primeira pessoa. 

Protagonista

Anne Elliot

Antagonista

Não há antagonista que esteja em oposição direta a Anne Elliot; em vez disso, Anne lida com a família cheia de parente-serpente.

Ela também deve navegar pelas regras de propriedade e boas maneiras, o que significa que pode apenas sugerir seus sentimentos enquanto o capitão Wentworth deve ser o primeiro a declarar amor.

Ponto de vista

Discurso indireto livre

Tempo verbal

Passado imediato, narração em tempo real

Promessas escondidas

De certa forma, o relacionamento do Almirante e da Sra. Croft prenuncia a relação mais justa que Anne e o Capitão Wentworth terão. 

O encontro da Sra. Clay e do Sr. Elliot prenunciou a descoberta de seu relacionamento secreto.

Tom

Ligeiramente satírico e sutilmente subversivo. O narrador segue com seriedade a situação de Anne Elliot, mas zomba das pretensões e vaidade de sua família de classe alta.

O humor de Persuasão está me deixar os personagens simplesmente mostrarem seus absurdos ao leitor. Ao mesmo tempo, há uma corrente de tristeza no riso: 

Sir Walter, pai de Anne, pode ser ridículo, mas ele causou muitos danos na vida de Anne; 

Capitão Benwick pode ser um pouco dramático, mas sua dor por perder sua noiva é real. 

O romance pode zombar de seus personagens, mas quase nunca os trata como meros alvos de piadas. Além disso, há a sátira aos absurdos do sistema de classes britânico e como ele separa pessoas por razões econômicas e sociais.

Persuasão foi um dos dois últimos romances de Austen, mostrando uma mudança de perspectiva na mentalidade de Anne, que é menos otimista do que as dos protagonistas anteriores de Austen. Especula-se que Jane pode ter se desiludido com os costumes de sua classe e cultura. 

Embora muitas de suas obras sejam consideradas sátira social, Persuasão apresenta um caso particularmente claro de uma mulher cujas opiniões, desejos e felicidade geral são frequentemente desconsiderados.

Estilo de escrita

Claro, sarcástico, sutil

Jane Austen foi uma grande mestra da devastadora presença de espírito. Seu cartão de visita é a sutileza, suas piadas aparecem quando menos esperamos.

Temas

  • Rigidez de classe e mobilidade social; 
  • conselhos e convencimentos; 
  • esnobismo; 
  • o ideal mutável do cavalheiro honrado.

Motivos

Andanças; casamento

Ações marcantes

  • A família Elliot e Lady Russell e suas objeções ao casamento de Anne e Wentworth; 
  • O Sr. Elliot e a Sra. Clay revelam seus planos para a fortuna de Sir Walter; 
  • O capitão Wentworth ajuda a Sra. Smith a recuperar parte do dinheiro de seu falecido marido.

Clímax

O grande clímax ocorre quando o capitão Wentworth finalmente revela seus sentimentos a Anne em uma carta. Ela o encontra e imediatamente responde que seu amor é correspondido; o clímax menor é a recepção fria, mas favorável do capitão Wentworth pela família de Anne.

Esta carta é a mais famosa da obra de Jane Austen, uma obra prima de delicadeza & sentimento. Começa assim:

“Não posso mais ouvir te em silêncio. Devo falar contigo pelos meios que estão ao meu alcance. Você atinge minha alma. Sou metade agonia, metade esperança. Não me diga que estou muito atrasado, que esses sentimentos preciosos se foram para sempre. Eu me ofereço a você novamente com um coração ainda mais seu do que quando você quase o quebrou, oito anos e meio atrás.”

esse é o CADERNO que eu fiz para vender na Amazon,

tem a CARTA INTEIRA na primeira página! <3

Final

À primeira vista, o fim da Persuasão pode parecer sol brilhante em céu de verão. 

Anne e o Capitão Wentworth finalmente se encontram! Sr. Elliot é despachado! Até a Sra. Smith fica rica! 

Mas embora o final sugira que ter oito anos para crescer e se entender tornou o casal ainda mais propenso a ser feliz, a última frase do romance é estranhamente ambivalente. Na verdade, soa quase como um aviso: "[Anne] se orgulhava em ser a esposa de um marinheiro, mas devia pagar a taxa o prelo de pertencer a essa profissão que é, se possível, mais distinta em suas virtudes domésticas do que em suas importância nacional." A marinha é, afinal, parte das forças armadas, o que significa que, se a guerra vier, eles estarão entre os primeiros a serem afetados. E Napoleão ainda era uma ameaça.

Enquanto a guerra é o que trouxe fortuna para Wentworth e tornou possível seu reencontro com Anne, também é uma ameaça contínua à sua felicidade. 


Que tal? Curtiu?

Deixa seu comentário!


Me fala o que você quer saber de Persuasão.

Compartilha e fala bem da pesquisa, amiga Janeite!


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Tem muita coisa de Persuasão!


Já, já posto mais!

bjs, M.


aproveita e lê meu livro que tem um MASHUP de Persuasão + O&P

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