Olá!
Comemorando o lançamento da coletânea 'Era uma vez no Natal' da editora Pitangus onde eu assino o conto Vitoriano 'Conspiração Natalina', quero falar um pouco sobre os costumes de Natal da era Vitoriana. Repito, como já falei em outros posts, que a esquisitice Vitoriana é o que me encanta. O exagero, os valores, os costumes são muito legais.
engraving mid victorian - V&A museum |
Para escrever o conto, até me perdi em tantas referências, tentei organizar algumas dicas das maluquices mais bacanas na narrativa, mas é impossível incluir tudo. Tinha até manual para comemorar o Natal de maneira correta!
Desta forma, quero falar aqui de algumas tradições e curiosidades
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árvore de Natal
As árvores decoradas vêm da Alemanha na Idade Média, mas há muitos detalhes nessa história.
No livrinho especializado em Natal 'The holidays: Christmas, Easter, and Whitsuntide: their social festivities, customs, and carols' de Nathan B. Warren em 1868, é dito que 'O costume de decorar a árvore de Natal, embora de origem alemã e de grande antiguidade, foi recentemente introduzido com sucesso na Inglaterra e neste país (EUA). Na verdade, parece que foi naturalizado conosco antes mesmo da Inglaterra. Pois na Pensilvânia, onde muitos dos colonos são descendentes de alemães, a véspera de Natal é observada com muitas das cerimônias praticadas na antiga pátria. A árvore de Natal se ramifica em todo o seu esplendor, e o Menino Jesus - de acordo com a lenda alemã - vem voando pelo ar com asas douradas e faz com que o ramo produza à noite todos os tipos de frutas, doces dourados, maçãs, nozes, etc., para os bons filhos.- "Diz-se que Lutero em sua família celebrava a véspera de Natal de acordo com o costume alemão. Em uma gravura publicada em Leipsic, do grande reformador, que gostava de crianças e a música, contribuiu para cristianizar um costume perverso derivado dos tempos pagãos, ao colocar uma imagem da Madonna della Seggiola entre as velas para iluminar a mais bela representação infantil dAquele que trouxe bons presentes até homens e, assim, para santificar o antigo costume alemão de pendurar presentes em uma árvore, que data da época da vida pagã em uma floresta.'
Bem, árvores são ligadas ao divino desde muito cedo, os Egípcios, Romanos, Celtas e Vikings já a tinham como símbolo da renovação, saúde e alegria. Especificamente ligada à árvore de Natal como conhecemos, se acredita que vem de Martinho Lutero, o reformador protestante do século 16, a invenção de primeiro adicionar velas acesas a uma árvore. Caminhando em direção a sua casa em uma noite de inverno de 1536, escrevendo um sermão, ergueu os olhos para ver as estrelas brilhando através das árvores como ornamentos adornando seus galhos. O espetáculo o inspirou, ele ficou tão maravilhado que para recapturar a cena para sua família, ele ergueu uma árvore na sala principal de sua casa em Eisleben e prendeu seus galhos com velas acesas.
Pelo que estudei, o costume das árvores de Natal chegou na Inglaterra com a rainha Charlotte, esposa do Rei George III, aquela que era meio Portuguesa, meio mulata, meio branca. Falei dela aqui e parece que ela será a sensação da série Bridgertons na Netflix. Enfim, foi ela quem instalou a primeira árvore indoor para marcar a época festiva em Queen's Lodge, Windsor, em dezembro de 1800. Ela havia deixado o ducado de Mecklenburg-Strelitz em 1761 para se casar com George, trazendo consigo a lenda do reformador protestante Martinho Lutero.
A aristocracia adorou, todos copiaram e as árvores ficaram fechadas nos lares endinheirados.
independent |
A Wiki diz que 'a devastação da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) e as guerras entre os principados alemães e a França causaram parte da imigração de alemães da área do Reno para a América. Membros desse grupo fundaram o bairro de Germantown, no noroeste do condado de Filadélfia, Pensilvânia, em 1683.' Mas só há registro de árvores em lares de descendentes alemães na Pensilvânia a partir de 1830.
No entanto, quem ficou famosa por 'inventar' a árvore de Natal foi o Príncipe Albert, marido da rainha Victoria. Em 1848, o jovem casal já tinha vários filhos e eles criavam a imagem da família estável, fértil e conservadora. Assim, quando ele importou uma árvore de sua terra natal, Coburg, foi uma inovação. Antes disso, as árvores eram puxadas com raiz e tudo e arrastadas para dentro de casa. A divulgação de uma ilustração deles em volta da árvore decorada solidificou a tradição da classe alta para o povão da classe média.
essa é a ilustração famosa que causou o furor das árvores |
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cartões de Natal
O costume era escrever uma cartinha para cada amigo. Imagina quem era popular como Sir Henry Cole que em 1843 recebeu pilhas de correspondência?
Esse foi o primeiro cartão de Naral, ainda sobram uns 100 no mundo. V&A museum |
Era época do início do Penny Post - correio com preços módicos, e todos podiam mandar correspondência. Ele, preocupado em como responder todas as cartas de congratulações de final de ano, pediu a um amigo ilustrador para montar uma ilustração bacana, de gente feliz e gente ajudando ao próximo e todas as outras boas práticas da estação. Com a imagem, ele mandou imprimir 1000 cópias com um espaço de pois do 'Para:____'.
A ideia de uma saudação enviada pelo correio gradualmente se popularizou na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Em 1875, Louis Prang, um imigrante prussiano com uma gráfica perto de Boston, criou o primeiro cartão de Natal dos Estados Unidos. Era muito diferente do de Cole , por não conter uma imagem de Natal ou feriado. O cartão tinha uma flor com o “Feliz Natal”. Em 1915 com Hall Brothers (Hallmark), com sede em Kansas City, criando um cartão dobrado vendido com um envelope em 1915.
Daí eles começaram a mostrar cada cena prá lá de esquisitas. Olha algumas:
várias fontes. Pinterest, V&A museum, etc |
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São Nicolau
Papai Noel, também conhecido como Pai Natal, São Nicolau, São Nicolau, Kris Kringle é originário da cultura cristã ocidental baseado em São Nicolau, um bispo grego do século IV e presenteador de Myra, daí a entrega de presentes para crianças bem comportadas. Alguns afirmam que o Papai Noel também absorveu elementos da divindade germânica Wodan, que estava associada ao evento pagão do inverno de Yule e liderou a Caçada Selvagem, uma procissão fantasmagórica pelo céu.
A imagem tradicional do homem corpulento, alegre, de barba branca - às vezes com óculos - vestindo roupa vermelha com gola e punhos de pele branca, calças vermelhas com punhos de pele branca se tornou popular nos Estados Unidos e Canadá no século 19 devido à influência significativa do poema de 1823 "Uma visita de São Nicolau" e do caricaturista e cartunista político Thomas Nast.
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O poema de autor anônimo (possivelmente o professor Clement Moore) conta que, na noite da véspera de Natal, uma família está se preparando para dormir quando o pai ouve barulho do lado de fora. Olhando pela janela, ele vê São Nicolau em um trenó no ar puxado por 8 renas. Depois de pousar no telhado, São Nicolau entra na casa pela chaminé, carregando um saco de brinquedos. O pai observa o visitante encher as meias penduradas perto da lareira. Ao partir, ele deseja um "Feliz Natal e uma boa noite a todos.
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De acordo com a Biblioteca do Congresso dos EUA, Clement, um professor do Seminário Teológico Geral de Manhattan, ficou "envergonhado com o trabalho, que foi tornado público sem seu conhecimento em dezembro de 1823. Moore não o publicou em seu nome até 1844."
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Krampus
É uma lenda popular da Europa Central, um monstro meio bode e meio demônio que pune crianças que se comportam mal na época do Natal, companheiro diabólico de São Nicolau. Acredita-se que Krampus se originou na Alemanha, e seu nome deriva da palavra alemã Krampen, que significa "garra".
Acreditava-se que Krampus fazia parte dos rituais pagãos do solstício de inverno. Segundo a lenda, ele é filho de Hel, o deus nórdico do submundo. Com a expansão do cristianismo, Krampus tornou-se associado ao Natal - apesar dos esforços da Igreja Católica para bani-lo.
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A criatura e São Nicolau chegaram na noite de 5 de dezembro (Krampusnacht; “Noite de Krampus”). Enquanto São Nicolau recompensa as crianças simpáticas com presentes, Krampus bate naquelas que são travessas com galhos e gravetos. Em alguns casos, ele os come ou os leva para o inferno. Em 6 de dezembro, Dia de São Nicolau, as crianças acordam para encontrar seus presentes ou cuidar de seus ferimentos.
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As imagens do Krampus vão de cartunizadas a hots. Eu prefiro as históricas.
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No meu conto Vitoriano de Natal, cito essas tradições e algumas outras, também a origem alemã das celebrações de Natal da era Vitoriana que nos acompanham até hoje. Além, claro, de muito amorzinho regado a magia natalina!
Para ler a coletânea, clique aqui.
Para mais de Natal Vitoriano, falo de Dickens (Christmas Carol) aqui
Para mais pesquisas históricas, aqui
até mais, M.
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