olá, feliz 2023!
Eu começo o ano cheia de planos e muita força de vontade para vencer a procrastinação.
Lady Susan ainda merece uns 3 posts, e depois dela, vou partir para mares nunca dantes navegados - ao menos aqui no blog!
Bem, vamos então aprofundar o estudo das tramoias da viúva mais coquete da Inglaterra:
❤️ 6 TEMAS ❤️
1️⃣ A NATUREZA DA VERDADE
Independente da verdadeira razão de Jane Austen em brincar conosco contando várias versões da mesma circunstância – ou deixando de nos contar detalhes importantes – Lady Susan alimenta a discussão da natureza da verdade.
Nem vamos entrar na filosofia da verdade, muito menos na esquizofrenia de ‘minha verdade’ x ‘sua verdade’, mas acho importante mencionar os usos de "verdadeiro" porque várias análises de Lady Susan dizem que há um luta central na trama:
Cada personagem lutam pelo poder de ser dono da verdade.
Em LS, Jane Austen menciona ‘true’ (verdade e verdadeiro) 12 vezes. Tanto protagonista (Susan) quanto antagonista (Catherine) usam 5 vezes. Essa tola estatística serve para reforçar a relatividade dessa ‘posse’.
Wikipedia fala de teorias da verdade e dois usos de "verdadeiro".
Uso objetual
Algumas vezes atribuímos verdade a objetos materiais, como quando dizemos "isso é ouro verdadeiro".
“... Na ausência dele (meu marido) nós podermos decidir com quem sair e ter alegria verdadeira.” Carta 26 de Alicia para Susan.
Mas há uma distinção essencial entre esse uso do predicado "é verdadeiro" e o uso em que atribuímos a verdade a coisas que dizemos. Ouro falso não é um ‘tipo de ouro’. Ouro verdadeiro é um metal que não apenas parece ouro, mas é ouro. Nesse uso, "verdadeiro" é sinônimo de "genuíno".
Uso semântico
Uma frase falsa não deixa de ser uma frase por ser falsa. Nesse uso "verdadeiro" não é sinônimo de "genuíno". Há relações sistemáticas entre o uso objetual e o semântico de "verdadeiro". Eles podem aparecer na mesma frase. Por exemplo: "A frase 'Esse pedaço de metal é ouro verdadeiro' é verdadeira".
‘Eu estava errada, é verdade, mas eu acreditei que estava certa.’ Carta 24 de Catherine para a mãe.
Lembre que Jane faria essa brincadeira com a verdade verdadeira e quem tem o poder de ser dono dela várias vezes na sua obra, como em O&P (Darcy x Wickham, R&S (Lucy Steele x Elinor), NA (Isabella x John).
2️⃣ OS PERIGOS DO PRECONCEITO
Todos estão no processo de decodificar rumores e mentiras para alcançar seus próprios fins.
A Sra. Vernon procura expor Lady Susan provando que as alegações contra ela são verdadeiras;
Reginald De Courcy está dividido entre seu amor por Lady Susan e a verdade sobre seu caráter;
Lady Susan procura ofuscar a verdade tanto quanto possível para que ela possa conquistar o coração de Reginald para seu próprio prazer egoísta e para que ela possa casar Frederica para garantir um futuro financeiro.
A verdade está mergulhada na complexa dinâmica vitoriana de interação social e nas várias letras que formam a estrutura do romance. As letras são então codificadas em níveis de subtexto e mentiras.
3️⃣ IMPORTÂNCIA DO CASAMENTO
Ao longo da novela, Austen demonstra o quão importante é o casamento no que diz respeito à posição social de alguém, um aspecto de seu caráter que é de extrema importância para a baixa nobreza do século XVIII.
As mulheres da classe rica dependiam do casamento para garantir sua posição social, bem como sua segurança econômica. Quando Susan escreve para Alicia sobre a possibilidade de se casar com Reginald, ela menciona essa dependência.
Mais do que tudo, Susan constrói o casamento como um evento quase transacional, no qual a mulher ganharia segurança financeira e aumentaria sua posição social em troca de sua parceria. Susan acredita que o casamento deve servir apenas para beneficiá-la materialmente e, portanto, não é um convênio no qual ela possa entrar levianamente. Susan retrata uma visão cínica do casamento, pois reconhece sua importância e, ao mesmo tempo, considera suas muitas desvantagens.
Uma dessas desvantagens é a liberdade que as mulheres abrem mão em troca de estabilidade. Susan gosta muito da liberdade de fazer o que quiser depois que o marido morre, já que não tem mais um homem a quem deva responder. Pena não ter ficado com renda suficiente para garantir seu sustento confortável.
Repare que Susan nunca considera casamento por amor, Alicia (amiga de Susan) casou por dinheiro.
Mas do outro lado dos personagens, todas as uniões são felizes: Os DeCourcy, Catherine e Charles, Frederica e Reginald.
O tempo todo ficamos entre dois times de personagens.
leia sobre idade que as moças casavam aqui
leia sobre o casamento ideal aqui
4️⃣ GÊNERO, PODER E MANIPULAÇÃO
A personagem titular de Lady Susan é uma mulher de 30+ anos, atraente, inteligente e cruel. O enredo começa com a necessidade de Susan de sair da casa dos Mainwaring por ter seduzido o dono da casa (homem casado) e por isso, ela se convida para passar uma temporada com os Vernon, parentes de seu marido falecido (que ela despreza).
Ao chegar na casa dos Vernons, Lady Susan continua a criar esquemas de manipulação de poder sobre outras pessoas, ao mesmo tempo em que tornam essas pessoas miseráveis. Mas sua crueldade é aparentemente sem motivo, somente tédio, mas tem raízes mais profundas na frustração e sua verve vingativa. Como uma mulher na Grã-Bretanha do século 18 com menos direitos e oportunidades do que os homens, seu aparente poder sobre os outros é amplamente ilusório - na realidade, ela depende das próprias pessoas que manipula e tira vantagem.
Ao apresentar Lady Susan como uma personagem feminina monstruosa que ainda é impotente, Jane diz que, na verdade, ela é vítima das limitações sociais impostas às mulheres na época.
Embora Lady Susan diga à sua amiga Alicia Johnson que ela é “independente”, ela realmente é acorrentada devido ao seu gênero e situação financeira – o pouco poder que ela tem vem do bullying que faz em outras pessoas. Como Susan revela em carta a Alicia, ela decide visitar o cunhado, Charles, porque é seu “último recurso”: quando o marido era vivo, eles venderam a propriedade e sobrou pouco dinheiro. Ao menos Charles (o cunhado) seja bonzinho, ele tem todo o poder nessa dinâmica, então ele pode forçá-la a sair a qualquer momento. No fundo, Charles é um cavalheiro à moda antiga cuja honra o faz reconhecer ter responsabilidade sobre a viúva no irmão.
Por exemplo, sua filha Frederica, é submissa e teme o casamento forçado com o "desprezivelmente fraco" e rico Sir James - plano que Lady Susan já tem em curso. Isso significa que o poder de Lady Susan sobre Frederica depende de sua manipulação de Sir James e bullying na própria filha. Lady Susan tem “certeza” que os dois são idiotas úteis, mas ela ainda assim precisa de cooperação deles para garantir sua sobrevivência.
Em alguns casos, Susan não é capaz de manipular as situações diretamente, o que mostra que ela carece de qualquer poder real. Para manter seu caso com o Sr. Mainwaring, ela precisa de Alicia para garantir que seu marido, o Sr. Johnson, não esteja por perto para interferir. Alicia já se ressente do marido, mas Susan alimenta esse ressentimento para obter o lucro que deseja - novamente, ela depende de outras pessoas para atingir seus objetivos e se sentir poderosa.
Seu caso com o Sr. Mainwaring é um exemplo perfeito da explosiva mistura de tédio, frustração e desejo de provar ter poder: no início, o irmão de Catherine, Reginald, descreve o caso como dando a Susan a “gratificação de tornar toda uma família miserável”. Ele provavelmente está certo - Lady Susan não teria lucro além de hedonismo já que o Sr. Mainwaring não pode se casar com ela porque já tem uma esposa. Mais tarde quando ela decide se casar com Reginald, novamente sem nenhum motivo óbvio; embora o casamento a ajudasse financeiramente, ela dependia do pai de Reginald para obter aprovação/dinheiro, o que significa que esse arranjo não lhe daria nenhuma liberdade – ou pouquíssima. Ela persiste no esquema porque está com raiva de Reginald por ser gentil com Frederica e quer passar o casamento punindo-o. Acima de tudo, ela aparentemente só quer convencer Reginald (e outras pessoas) de que ela tem poder sobre ele. Mas isso é amplamente ilusório, já que, como homem, Reginald sempre terá mais direitos legais e influência social do que Lady Susan - independentemente da capacidade de Lady Susan de manipulá-lo na intimidade.
Embora o status social inferior de Lady Susan como mulher seja a razão pela qual ela tenha apenas tem a ilusão de poder, ela utiliza e se beneficia das limitações impostas a outras mulheres - na verdade, sua capacidade de manipular aumenta por sua capacidade de usar suas próprias faltas de maneira mais engenhosa que suas pares. Ironicamente, as expectativas estereotipadas das mulheres na Grã-Bretanha do século 18 - que elas são conversadoras naturais e que devem ser atraentes para os homens - são o que dá a Lady Susan o poder de controlar os outros. Reginald é seduzido por sua beleza, e até mesmo sua cunhada, Catherine, admite que Lady Susan é excepcionalmente bonita e mais tarde adivinha que o "domínio da linguagem" de Lady Susan é o que lhe permite mentir de forma convincente. Lady Susan finalmente confirma a Alicia que ela é boa em manipular a linguagem porque seu papel prescrito como mulher na sociedade significa que a maior parte de seu tempo é gasta conversando.
Catherine é a pessoa que melhor entende a falsidade de Lady Susan, talvez por ser do seu nível de feminilidade: mulheres adultas & educadas, classe alta, casadas, com filhos. No entanto, a "decência comum" determina que Catherine não pode avisar Reginald sobre Lady Susan diretamente. Em vez disso, ela fala com a mãe, que fala com o marido, Sir Reginald, que escreve ao filho Reginald que está hospedado na casa de Catherine! Porém, as palavras de desaprovação aberta do pai à mera ideia de casamento com Susan tem peso. Essa desaprovação significaria pouco ou nada vindo de Catherine diretamente porque ela é uma mulher, no entanto, não cabe a ela dizer nada, e suas limitações e a demora da troca de cartas deixam Reginald vulnerável à manipulação de Lady Susan.
Embora Lady Susan seja inegavelmente cruel, ela não é severamente punida por sua crueldade. No final da história, o noivado de Lady Susan com Reginald termina, o Sr. Johnson força Alicia a cortar a amizade e ela decide se casar com Sir James, o bobo rico. Embora nada disso tenha sido planejado inicialmente, ela não está perdendo nada particularmente significativo: ela nunca amou Reginald de verdade e sua amizade com Alicia era superficial. Fica implícito que os leitores deveriam ter mais pena do novo marido do que de Susan, já que ele é facilmente manipulado.
O resultado bastante favorável de Lady Susan sugere que Austen não a condena - embora obviamente não aprove suas tramoias, ela parece simpatizar com a raiz de sua frustração por ser financeira e socialmente dependente de outras pessoas. E embora os esquemas de Lady Susan provavelmente continuem, parece que ela nunca terá nenhum poder próprio.
5️⃣ VIDA PÚBLICA x VIDA PRIVADA
Lady Susan é um romance epistolar, o que significa que – fora a conclusão - a história é contada na primeira pessoa com grande intimidade de suas correspondências. Aqui você acha um artigo explicando a importância das cartas nos séculos 18/19.
Os personagens revelam seus verdadeiros sentimentos e intenções ao destinatário; o que faz os leitores entenderem e alimentarem emoções muito fortes sobre os esquemas de Susan.
No entanto, os personagens escondem esses sentimentos uns dos outros e agem aparentemente educados porque a etiqueta social na Grã-Bretanha do século 18 exigia isso. Fica muito clara a diferença entre as comunicações no papel de carta e no cara-a-cara.
Austen foi brilhante nisso!
A separação entre vida pública e privada torna-se mais problemática à medida que a novela avança, dando a Susan facilidade incrível para avançar em suas manipulações. Ao demonstrar essa falha de comunicação e suas repercussões, a novela sugere que o rígido código social da sociedade educada tem consequências terríveis - muitas vezes, o abismo entre a vida pública e privada das pessoas é o que permite que as mentiras ganhem força.
Por exemplo:
- Catherine não queira hospedar Susan na sua casa, mas ela e seu marido, Charles, são obrigados a fazê-lo;
- Susan se esforça para ser externamente educada com eles, embora uma vez tenha tentado impedir Charles de se casar com Catherine e os considere enfadonhos e insuportáveis;
- Catherine escreve para sua mãe revelando sua antipatia contínua, mas recebe Susan calorosamente;
- Catherine entra em pânico quando Reginald se apaixona por Susan, e quer forçá-lo a deixar sua propriedade para que ele não possa propor casamento, mas a "decência comum" a impede de dizer isso - em vez disso, ela pede à mãe por carta que ajude a enganar Reginald para que saia usando "qualquer pretensão plausível"
Mesmo quando os personagens entendem os sentimentos uns dos outros, eles são obrigados a falar em código por causa das regras de "decência comum" da sociedade.
A certa altura, Catherine fala com a filha de Lady Susan, Frederica, sobre Reginald - embora ambos os personagens tenham motivos para não gostar de Susan, Catherine deve "se recompor" antes de dizer qualquer coisa negativa sobre ela na frente de Frederica. Há poucos motivos para isso - Frederica é impotente e provavelmente não delataria Catherine - mas a polidez de Catherine parece instintiva, sugerindo que a sociedade da novela exige decoro mesmo quando não faz sentido lógico.
É neste ponto que Susan se aproveita e por baixo dos panos, avança em seus planos de crueldade por diversão.
Como os personagens precisam ser aparentemente educados, os desenvolvimentos mais significativos da história acontecem por meio de cartas e provavelmente não poderiam ter acontecido pessoalmente.
Frederica, em seu desespero juvenil, age para impedir seu casamento forçado com Sir James entregando uma carta a Reginald sem se atrever a falar com ele pessoalmente – ela precisa da folha de papel entre eles. (mesmo que esta troca de correspondências entre solteiros seja escandalosa por si só.)
No final da novela, Reginald termina com Lady Susan, ao saber de seu caso com o Sr. Mainwaring. Essa separação também acontece por carta, embora Reginald e Susan estejam em Londres quando ele escreve para ela. Se Reginald não tivesse confiado nas cartas, a separação poderia nunca ter acontecido – anteriormente ele tinha falado com ela pessoalmente sobre sua crueldade para com Frederica, mas pessoalmente ele sabia que seria vítima de suas qualidades femininas.
Pessoalmente, Lady Susan é capaz de distorcer a verdade ao defender uma personalidade pública muito diferente de quem ela realmente é; em uma carta, no entanto, Reginald pode se defender.
No entanto, as cartas nem sempre revelam a verdade – voltamos aqui à discussão da natureza da verdade absoluta ou relativa. Elas são um veículo de manipulação, o que sugere que as mentiras podem e irão apodrecer sem a necessidade de comprovar a honestidade.
Quando Lady Susan parte para Londres, ela planeja enrolar Reginald até que seu pai morra e os dois possam ser financeiramente independentes. Para que isso aconteça, ela escreve uma carta que revela a verdade ao leitor, mas esconde a verdade de Reginald. Os leitores descobrem pela primeira vez que Susan e Reginald estão oficialmente noivos - algo que Catherine, e os leitores por meio dela, apenas suspeita.
Mas os leitores também descobrem que Susan está mentindo para Reginald: seu motivo para o casamento adiado é falsa – ela quer tempo com seu amante casado. Por escrito, Susan não consegue convencer Reginald a ficar longe de Londres, o que precipita o desastre do desmonte de suas mentiras.
Susan é uma manipuladora habilidosa pessoalmente, suas mentiras chegam até mesmo nas cartas verdadeiras de outras pessoas - Reginald escreve para seu pai repetindo as falsidades dela como verdades.
Assim, enquanto as cartas parecem ser um espaço para a honestidade, esta pode ser distorcida desde que a sociedade exija polidez em detrimento da verdade.
6️⃣ AMOR E NEGÓCIOS
Os personagens de Lady Susan experimentam e agem em vários tipos de amor, tanto romântico quanto familiar. As relações entre os personagens são o que impulsiona a história, que gira em torno do potencial noivado de Lady Susan com Reginald De Courcy e seus esquemas envolvendo sua filha, Frederica.
Mas em cada relacionamento significativo - entre amantes, pais e filhos ou irmãos - pelo menos um personagem sempre espera lucro. Ao apresentar vários relacionamentos diferentes entre pessoas que deveriam se amar incondicionalmente e, em vez disso, demonstrar que motivos ocultos estão por trás desses relacionamentos, a novela sugere que na sociedade educada da Grã-Bretanha do século XVIII, o amor é sempre transacional.
Fiel à sua natureza egoísta, Susan sempre busca se beneficiar do amor. Ela se relaciona com três homens ao longo da história:
- Reginald;
- Sr. Mainwaring;
- Sir James.
Seu interesse por eles sempre depende de sua devoção a ela, o que pode ser considerado lucro:
- Reginald – fonte de prazer na forma de subjugação, poder feminino;
- Mainwaring – paixão carnal, ciúmes e possessividade;
- Sir James – segurança financeira.
O interesse de Lady Susan por Reginald desaparece imediatamente depois que ele tenta deixá-la, preocupado com o tratamento que ela deu a Frederica. Ela rapidamente muda de ideia e o força a voltar à devoção, mas ela "não pode perdoá-lo" e debate se deve puni-lo terminando com ele ou casando-se com ele e "provocando-o para sempre". Como Reginald não é incondicionalmente devotado a ela já que demonstra alguma (pouca) firmeza de caráter, Lady Susan rejeita seu amor - ainda assim, ela pretende se beneficiar disso ao se vingar dele, provando assim que pode controlá-lo.
Todos os relacionamentos supostamente amorosos de Lady Susan são transacionais - nem mesmo sua filha está isenta.
A incapacidade de Lady Susan de amar sem segundas intenções também se aplica ao seu relacionamento com sua filha Frederica. É óbvio que Lady Susan não se importa com a “garota estúpida”, ela constantemente tenta limitar sua liberdade. Mas ela ainda tenta se beneficiar dela na tentativa de forçar Frederica a se casar com o rico Sir James e garantir a segurança financeira das duas.
Infelizmente, a visão transacional do amor de Lady Susan não é única - mesmo os melhores exemplos de amor na novela têm um custo. Catherine Vernon, cunhada de Lady Susan, parece sentir uma afeição genuína por seu irmão, Reginald - assim como os pais de Reginald e Catherine. As tentativas da família de impedir Reginald de se casar com Lady Susan aparentemente devem ser motivadas por esse amor - mas, na realidade, as tentativas indiretas de Catherine de impedir o noivado, bem como as tentativas mais diretas de seu pai, têm tanto a ver com a desaprovação de Lady Susan como com a felicidade de Reginald. Embora Catherine esteja genuinamente preocupada com Reginald, seu pai, Sir Reginald, diz a seu filho que tudo estaria “em jogo” em um casamento com Lady Susan: “[sua] felicidade, a de [seus] pais e o crédito de [ o nome dele." Em outras palavras, embora a família possa se preocupar com Reginald, eles também estão preocupados com o impacto de Lady Susan em seu status financeiro e social, já que Lady Susan é uma viúva sem dinheiro e com má reputação.
À primeira vista, Frederica parece amar Reginald sem segundas intenções, já que a paixão não a beneficia - na verdade, na verdade a machuca, porque Lady Susan quer que ela se case com Sir James, e ela mesma está romanticamente envolvida com Reginald. Mas mesmo que Frederica não tenha segundas intenções, outros adotam segundas intenções em seu nome. Por exemplo, Catherine aprova a paixão da garota por Reginald não porque o casamento deixaria Frederica ou Reginald felizes, mas porque separaria o irmão de Susan. Isso significa que, embora o casamento não beneficie Frederica diretamente, certamente beneficiaria outras pessoas. Mais importante ainda, como Reginald pouco se interessa pela garota, ela precisaria da ajuda de Catherine para protegê-lo - então Frederica se beneficiaria (e mais tarde se beneficiará) do motivo oculto de Catherine.
Como o amor na novela é sempre transacional, todos os seus personagens veem os sentimentos dos outros como maleáveis. Isso é o que permite que Lady Susan mude rapidamente as atenções de Sir James de Frederica para si mesma - permitindo que ela se case com ele no final da novela - e é o que permite que a família de Reginald eventualmente "fale", "lisonjeie" e "finesse".
Este final decididamente não romântico implica que, no mundo de Lady Susan, não há exemplo de amor puro e constante - todos sempre esperam se beneficiar egoisticamente de alguma forma.
Ufa!
Você já tinha notado que cabia esse tanto de detalhes em um romance tão enxuto?!
e olha que Jane tinha só 18 anos quando escreveu...
talvez por isso sua pena tenha estado tão solta e afiada!
mais sobre Lady Susan, veja aqui
fontes: original de Austen, litcharts, bookrags, supersummary, austenprose, jasna e meus arquivos pessoais
Bjs, e até mais!
M.
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