& Moira Bianchi: Persuasão é o melhor romance de Jane Austen

terça-feira, 5 de julho de 2022

Persuasão é o melhor romance de Jane Austen

 olá,

hoje eu venho cheia das polêmicas!


Dentre todas as obras de Jane,
existe uma melhor do que a outra?

se existe para você, é seu GOSTO ou é um fato universalmente conhecido?

Nesta jornada por Persuasionverso, eu achei vários artigos interessantes, esse é um deles. O autor defende porque Persuasão é melhor, mais denso e emocional.
Vamos lá!
Persuasão é o melhor romance de Jane Austen

Versão traduzida por Franciele Souza e adaptada por Moira Bianchi do artigo publicado no ‘The Conversation’ em novembro de 2017 por Robert Morrison da Queen’s University de Ontario – Canada. Leia a versão original aqui.

Apesar da popularidade de Orgulho e Preconceito, Persuasão é a história de amor mais comovente que Jane Austen contou pois fala dos patinhos feios – uma segunda filha de um membro da baixa nobreza que ama um homem trabalhador. Pense o que isso significava na época (1818, Inglaterra): dependendo da família, uma segunda filha não teria a mesma educação da primeira visto que os esforços de assegurar um bom casamento seriam concentrados na mais velha. E um homem que precisava ganhar seu sustento com trabalho duro tinha muito menos prestígio que um herdeiro.

Assim são Anne e Frederick. 

Anne Elliot é a segunda filha do absurdamente vaidoso baronete Sir Walter Elliot de Kellynch Hall. Frederick Wentworth é um oficial na marinha britânica durante as guerras Napoleônicas. Oito anos antes do início do romance, Wentworth pede Anne em casamento e ela o aceita após um breve e intenso namoro, apenas para ser persuadida por seu pai e sua amiga mais velha Lady Russell, a romper o noivado. Wentworth, irritado e intensamente ferido, volta ao mar, onde realiza uma série bem-sucedidos ataques a navios inimigos, e acumula uma fortuna de prêmio em dinheiro.

Quando Napoleão abdica pela vez em abril de 1814, Wentworth retorna à Inglaterra e logo faz uma visita à sua irmã, que agora vive próximo a Anne. No período em que Wentworth esteve fora, Anne não encontrou ninguém que se comparasse a ele, e definhou ao ponto de que agora, aos 27 anos, é uma solteirona de juventude em declínio.

Muitos críticos argumentam que, como resultado do sofrimento e arrependimento, Anne já está “madura” quando o romance começa, enquanto isso o rico e despreocupado Wentworth tem muito a crescer antes de reconhecer – ou melhor voltar a reconhecer – o valor dela.

Pelo contrário, apesar de tudo o que os divide quando ele retorna, Anne tem tanto a aprender sobre o amor quanto Wentworth, e sua jornada rumo à reconciliação deles contém tanta confusão quanto a dele. 

De fato, parte do enorme apelo de Persuasão é a capacidade de Austen em transmitir as maneiras pelas quais Wentworth e Anne movem-se em direção um ao outro, mesmo quando seus vários erros, flertes e suposições parecem afastá-los ainda mais.

A reconciliação deles é a melhor cena de Austen, e ela sequer nos conta em diálogos diretos – assim como em Razão e Sensibilidade.  Seria esta uma carga muito maior do que declarações explícitas?

Tudo acontece no penúltimo capítulo, (cap 23), e começa quando Anne e Wentworth estão ambos em uma recinto em White Hart, uma  pousada em Bath. Em uma mesa ele está escrevendo uma carta enquanto ela convensa com um amigo em comum, Capitão Harville, sobre homens, mulheres e constância.

Harville acredita que os homens amam mais profundamente do que as mulheres. Anne tem uma visão oposta, e mesmo não mencionando Wentworth ou sua própria circunstância, tudo o que ela diz é com ele em mente.

Ela não dividiu com ninguém sua dor dos últimos oito anos e sem querer, deixa a angústia extravasar.  “Nós certamente não nos esquecemos de vocês, como vocês nos esquecem”, diz ela a Harville mencionando os perigos e aventuras da vida de um marinheiro. “Talvez seja o nosso destino e não o nosso mérito. Não podemos evitar. Nós vivemos em casa, quietas, confinadas, e nossos sentimentos nos sobrepõem.”

Wentworth, ainda escrevendo sua carta, ouve os comentários de Anne e sabe imediatamente que ela está falando sobre o relacionamento deles e sobre tudo o que foi perdido.

Sem que nós leitores percebamos, ele pega outra folha de papel e começa uma segunda carta na qual registra seus sentimentos em relação a ela enquanto ela pronuncia os dela em relação a ele – ambos falam ao mesmo tempo sem se direcionar um ao outro diretamente. 

As palavras dela morrem no vento em uma conversa fiada, as dele são deixadas sobre a mesa na carta quase escondida, na esperança que ela ache e as leia.

Ralph Waldo Emerson, ensaísta e crítico americano do século 19, se opôs aos romances de Austen porque os achou "presos na malditas convenções da sociedade inglesa, sem genialidade, sagacidade ou conhecimento de mundo."

Mas Austen sabia que o amor é a maior preocupação da vida, naquela época como agora, e em Persuasão, 

ela faz o mundo inteiro de Anne depender de uma única carta. 

É um momento que demonstra tanto o peso quanto o apelo duradouro de sua arte.

Se Wentworth ama Anne, ela tem um futuro que se estende até os mares. Se não, ela tem apenas um passado que a consumirá cada vez mais. Ela lê a carta. Ele a ama. A alegria dela é inexprimível. A nossa também.

Além disso, Austen conseguiu contar tanto a Anne quanto ao leitor de forma simultânea!

“Você trespassa minha alma", diz a carta de Wentworth. “Eu sou metade agonia, metade esperança. Diga-me que não é tarde demais, e que tais sentimentos preciosos desapareceram para sempre.  Ofereço-me novamente com um coração ainda mais seu, do que quando você quase o partiu oito anos e meio atrás.” Anne está exultante.

Durante o romance, ela foi transformada, de desbotada para florescida, de ninguém para alguém, de "só Anne" de sua família para "Anne" de Wentworth.

Persuasão é o último trabalho publicado de Austen. Ela o começou quando tinha quase 40 anos de idade, e quando o finalizou ela estava a um ano de sua morte.  Talvez por isso não seja surpreendente que ele seja o seu romance mais curto, mais sutil e apaixonado.  "Depois de uma longa imersão na obra de Austen" o novelista Martin Amis escreve , 

“descobri que o ritmo de pensamento dela invadem inteiramente os meus." 

É, Austen faz isso conosco.

Em sua mistura do público e do pessoal, nas ruminações de Anne e pirraças de Wentworth, Persuasão explora tanto o tormento do silêncio quanto o valor da esperança.


fonte: meus arquivos pessoais, study.com, schmoop, reddit, saprk notes

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