& Moira Bianchi: Empreendedorismo feminino no século XIX

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Empreendedorismo feminino no século XIX

Olá,
hoje é o dia, *lançamento* de 
'ECLIPSE DO CORAÇÃO'

e o cuore, você pergunta?
Ih, a mil!
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historik uk
Essa é Lady Hamilton, não é a jovem Pauline Hopkin que você conhecerá em seus 30+ em 'Eclipse do coração',
mas para mim ela personaliza a beleza clássica da
pobre-menina-bonita-demais-para-seu-próprio-bem no início do século XIX.
Entenderá quando ler. Um dia blogo sobre Emma Hamilton, ela merece.
Estou convivendo com os Hopkin-Devon há mais de um ano, toda hora invento, salvo, refaço intrigas e roubadas para eles. Agora mesmo estou levando a trupe para além-mar em uma tramoia larger than life para a qual estou me preparando faz tempo... Quem me espiona no Twitter sabe das agruras.
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Mas calma com o andor!
Estamos aqui no livro 1, 'ECLIPSE DO CORAÇÃO' e por enquanto, tudo são flores na Inglaterra. 
Bem, quase tudo. 
BTW, sim, a série está bem adiantada, toda alinhavada, plotted, livros farão todo sentido. Prometo.


Então, CADA LIVRO DA SÉRIE, focará em 3 pontos básicos:
1- a influência desses CUPIDOS na família Devon e seus agregados (e são muitos);
2- um (ao menos) romance principal;
3- evoluções e ambientações históricas do período.

Sempre muito delicadamente, a narrativa conduz o romance dos protagonistas em um delicioso boy-meets-girl ou girl-meets-boy ou ainda, girl-has-to-marry-boy. Tem muita treta vindo aí. 
Escolhi o período da primeira metade do reino de Victoria porque acho muito fascinante como as instituições evoluíram rapidamente. Depois de séculos no mimimi de sucessão por ideologias religiosas, o casamento maritalmente feliz de Victoria e Albert e a paz no continente pós Guerras Napoleônicas trouxeram ambiente favorável para a avalanche de modernidades da revolução industrial.
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E neste cenários, temos
Os Hopkins são classe média, herdeiros de pequena propriedade, precisam trabalhar.
Os Devons são ricos, herdeiros de vastas propriedades rurais e investimentos altos.
Quando as duas famílias se juntam, abrem um leque de grandes possibilidades, pois, de mentes abertas, cosmopolitas, pretendem expandir negócios visando atender a nova Inglaterra que se auto-constrói.


E tem tanta coisa...

Logo de início encontramos a protagonista, Pauline Hopkin, solteira acima de seus 35 anos de vida, o que para a sociedade era perdição total. Hoje já é um poço de chateação, imagina em 1835 quando se passa 'Eclipse do Coração'...  E ela guarda muitos segredos em sua serenidade, é como um mar calmo escondendo um maremoto que um cavalheiro garboso vem singrar com seu veleiro... Coitadinho, mira no que vê, acerta em algo muito maior do que poderia lidar... 
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pinterest
Mas ela, Pauline, tem um grande accomplishment na vida: uma profissão digna. Sim, isso é uma licença poética para mulheres no início do século XIX, explicamos isso no livro - há um trechinho fofo de 'Moira de anáguas' - mas me conhecem, como conseguiria engolir o lugar submisso da mulher sem tentar imaginar quem lutava e conseguia sucesso naqueles tempos? 


Haveria de haver, né?
E havia!

Pauline conduzia o negócio de exclusivos leilões de arte de seu irmão Wellesley Hopkin, Kin para os íntimos. 



Mas na realidade houve a Eleonor Coade (1733-1821) que tinha uma fábrica de estátuas e bustos para jardim, foi nela que me inspirei. 


'Revolucionária na indústria da Arquitetura'
'Coisa muito rara, tanto uma artista quanto uma mulher industrial bem-sucedida'

Coadestone 1
culture concept
Não só ela tocou seu negócio, como desenvolveu processos e produtos, criou demanda e mercado. Mulherão virada no jirayia!
Lion Better
culture concept
leão de Westminster bridge feito de Coadstone perfeito e lindo e majestoso até hoje
Leia sobre ela aqui. Mas Pauline não é Eleanor, ela foi a inspiração porque eu acredito que o que nós, mulheres, somos hoje uma evolução do que elas construíram. 
Na Rússia, década de 1810, cerca de 15% das fábricas de papel, tecidos, utensílios de metal, vidro e refinarias eram de propriedade feminina. fonte
Com a expansão do mercado têxtil, nas fábricas o trabalho feminino era cada vez mais requisitado (infantil também, infelizmente) como vimos em North&South, e dentre as trabalhadoras haviam as líderes sindicais (proto) e as chefes.
As escritoras e poetisas que fizeram carreira assinando seus nomes depois de Austen (que por muito tempo usou 'a lady') como as Bronte, Shelley, etc.
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1st art gallery
O papel feminino mudava tanto no dia-a-dia Vitoriano quanto o social, eram tempos difíceis, havia fome e pobreza, necessidade de procurar emprego e bons serviços à disposição não só de homens. Da mulher cuidadora do lar e filhos para a auxiliar na manutenção do básico para sobrevivência, lutadora. Era um recambiamento familiar que por vezes, tornava-se conflitante. Na série, como tenho pessoas de todo tipo e origem, veremos amostras de como essas revoluções afetavam ricos e pobres. Por vezes eram evoluções e por vezes, involuções.
Andamos para frente e para trás no mundo, é um círculo vicioso.
Nas palavras de Lucy Stone, famosa feminista e abolicionista do século XIX (olha o spoiler de para onde estou levando os Devon...):


'Eu era uma mulher antes de ser abolicionista. 
Eu devo falar pelas mulheres.'

Lucy Stone, 1860s
thought co.
Assim falo quando começo a série de Romances HISTÓRICOS (ou seriam ROMANCES históricos ?) com certa ênfase no papel da mulher relativamente independente. Pauline tem vida própria, não depende do irmão solteiro como Jane e Cassandra Austen dependeram décadas antes uma vez que ficaram órfãs, mas aos olhos da sociedade, Srta. Pauline Hopkin é somente uma solteirona. Linda, educada, casta. Nada mais. Uma coisa digna de admiração e pena.
Ainda de Lucy Stone, que mesmo depois de casada, manteve seu sobrenome de solteira:


'Eu não sei o que você acredita de Deus, mas eu acredito que Ele deu anseios a serem preenchidos, e que Ele não quis dizer que todo o nosso tempo deveria ser dedicado a alimentar e vestir o corpo.'

Ao abrir o livro 2, as escolhas de Pauline ainda são questionadas por parentes - e muito. E um personagem principal muito calmamente diz: 'Como sabe que ela não quis seguir novos caminhos na vida?'

Bem, deixemos que ela fale por si mesma, certo?


 

Leia mais sobre a série aqui
e sobre o nome Devon aqui.
bj



aviso: todas as imagens achadas no google sob procura: 'victorian lady' e 'victorian painting'

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